Todo sono
Guardado para depois
Depois da chuva
Depois da curva
Quase final
E eu nem calcei as botas
De algumas sete léguas
Como na fábula
Que acabei me transformando...
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Caras e bocas
Tão poucas...
Corremos para o que será esquecido
Raciocinamos e tudo carece de sentido
Vivemos sem saber o temos vivido...
No final da estrada não há mais nada
A nossa vista estava apenas vedada
Enquanto nossa melodia era calada...
Caras e bocas
Tão loucas...
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Já acabou tudo
Em sorrisos forçados nos encontramos
Em poses inauditas conforme a bula
Andamos na contramão
Nossa sabedoria um deboche
Em filas pulamos no abismo
Alegria forçadas e frases artificiais
Tudo pela metade na escuridão
Tudo de goela abaixo
Já acabou tudo...
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Quando os pássaros caíram
era eu que caí...
Quando as folhas morreram
a morte era a minha...
Quando as rosas murcharam
foram as rugas em meu rosto...
Tudo vai e vai
a vida é um caminho sem volta...
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Quantos versos jogados fora!
Pobres poemas, órfãos
Dormindo sós nas calçadas...
Foram pedaços de sonhos
Arrancados de pobres carnes,
A carne da alma do poeta...
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Foi num dia desses, foi sim
Quando a inocência
Era uma muralha protetora
Contra a própria vida...
Foi num dia desses, foi sim
Quando em velhas gavetas
Guardava meus segredos
Com quem vai pra guerra...
Foi num dia desses, foi sim
Quando eu já sabia chorar
Mesmo desconhecendo
Que chorava pelos meus sonhos....
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Não tenho nome algum
mas tenho todos
Não tenho direção
vou em todas elas
Não estou mais vivo
mas respiro sempre
Não sou mais sonho
nem tampouco realidade
devo ser só um vento
ainda soprando por aí...
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