quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Insaneana Brasileira Número 104 - Gatos Sem Botas

Andar e muito... Juro que não fui eu... Não abri os olhos porque quis... Nem chorei porque deu vontade... As coisas andam como andam... E assim se vai adiante... Olhos adiante em pobres paisagens... Até os olhos não existirem mais... Ouvidos escutando canções em estrangeiros idiomas... Pois nem entendemos um suspiro sequer... É hoje e somente hoje a vil contagem do tempo... E os dias objetos estranhos que oprimem nosso peito... Nada queremos na verdade... Porque se assim fosse as guardaríamos em sete chaves na gaveta do coração... A gaveta sempre está vazia... Porque as mais caras se volatizam sem nenhuma explicação... Eu sou o peregrino sem objetivo... Não sei quantas vezes vou errar e ser crucificado novamente... Fique lá num canto bem quietinho... Não faça nada... Sobretudo não pense... Cada vez que acordamos o medo nos vêm olhar com ares de poucos amigos... Não me abrace de forma terna e carinhosa... Não beije minhas faces... Não afague os cabelos que estão quase como neve... Acostumar com boas coisas pode ser perigoso... Muito perigoso... As despedidas nunca deixam de chegar... Mesmo sem inglesa pontualidade... Não se embriague mais... Não ria mais de piadas óbvias... Nem sequer as faças... A solenidade de velhas fotografias ainda dá as cartas deste jogo... E a sala de estar tem estar arrumada mesmo que haja abandono do resto da casa... Cada ponto é um ponto... Cada lição para desaprender o que der... As forças se exaurem sem percebermos... E não há nada que nos fortifique nem corpo nem alma... As carpideiras fazem uma procissão e vão ao nosso encontro... São palhaços ao contrário... Ninguém sabe qual o seu rumo... Mas que há um isso há... Nada acontece ao acaso nem mesmo o acaso... Só a mente mente somente... Os gatos andam sem botas... E a história toda se contradiz...

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