quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Enigma 6 Ou Em Outras Guerras

Em outros dias em que o sol era cinza
E o céu fechado por falta de uso
Os pássaros andavam à pé por opção
Águas em rostos que se diziam felizes
E um auto bem antigo em ruas de chuva
Com todos os tons possíveis de amarelo
Fatos são fatos queira ou não queira
Inevitáveis noites com canto de bacurau
E eu corria e era rindo com medo
Agora os espelhos estão estilhaçados
Mas insistimos em recolher caco por caco
Insistimos em gritar no coração das praças
Mesmo que os ouvintes sejam todos moucos
Mesmo que os versos não sejam entendidos
E a musa esteja com sono e esteja entediada
Nada é tão fácil - os sábios bem o sabem
E a felicidade é uma bomba quase explodindo
Eu abri meu peito aos quatro cantos do mundo
E não me arrependi de tal louco feito
Eu ri nos funerais e choquei as carpideiras
Eu repeti todas as palavras que achei bonitas
E acabei inventando o mais novo idioma
Um idioma sem palavras e com simples olhares
A ternura encheu minha alma e nada mais há
Todos morreremos um dia menos hoje
Ainda bem que nós somos de circo
Os soldados baixarão todas as suas armas
E terão medos bem outros medos
Porque lutam em outras guerras...

Enigma 7 ou Táticas de Guerra

Resultado de imagem para meninos brincando
Muitas e muitas e muitas mais.
Estádio de sítio e leis marciais.
Revistas dos cidadães pelas ruas.
Apenas normas nuas e cruas.
Caras fechadas dos generais.
Existem anúncios de temporais.
Muitas armas são invisíveis.
Muitas dores são insensíveis.
Oi pra guerra e tchau pra paz.
Não dá pra fazer nem haicais.
Super Homem está aposentado.
É proibido olhar pra qualquer lado.
Agora os crimes são oficiais.
Agora os crimes são ondas no cais.
Vamos comemorar a nossa derrota.
O alheio sofrimento ninguém nota.
Acabaram-se as corridas espaciais.
Agora só queremos os especiais.
Tapem os olhos e fechem os ouvidos.
Muitos são os valores e são esquecidos.
Não temos mais problemas existenciais.
Esquecemos quem foram nossos pais.
É bom ser nada e também nada ser.
O que há de mais fácil na vida é morrer.
Muitas e muitas e muitas mais.
Oi pra guerra e tchau pra paz.
Apenas paisagens mais nuas e cruas.
E os meninos brincando pelas ruas...

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Enigma 5 ou Onde Está Mary?

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Onde está Mary?
Deve estar por aí andando galopando nuvens
Num encontro multicolorido de gravuras antigas
Lembrando sempre que só as fotografias são eternas

Onde está Mary?
Deve estar andando no meio da noite mais escura
Dando aquele riso gostoso que só ela sabe dar
Bailando com seus pés nus no meio dos pirilampos

Onde está Mary?
Está na cozinha fazendo suas poções mágicas
Porque encantos nascem pelas pontas dos dedos
Assim como brilham tantas pedras de tantos anéis

Onde está Mary?
Sangrando como em todos os outros meses idos
Exceto naqueles meses em que a graça estava vindo
Na forma de mais um triste pra esse pequeno mundo

Onde está Mary?
Dentro das claras águas ou contando histórias
Ou fazendo parte de muitas outras delas
Como as que se contam em volta de amigas fogueiras

Onde está Mary?
Talvez tenha saído sem querer avisar pra ninguém
Porque tinha mais outros planos em sua mente
E ser feliz é como caçar sem ter qualquer uma presa

Onde está Mary?
Está brincando com as palavras mais bonitas que achou
E fazendo mais de mil caras e mais de mil bocas
Num desfile interminável que nunca que sai da moda

Onde está Mary?
Está cantando pra que todos os tristes se alegrem
Está rezando pra que todos os deuses a escutem
Está mandando que todos soldados voltem pra suas casas

Onde está Mary?
Mary anda por aí como sempre andou...

Enigma 4 ou Macacos Coloridos É O Que Somos (Quase plágio)

Macacos coloridos é o que somos
Repetindo os mesmos rituais nos espelhos
Sexo e comida enchem as nossas agendas
E aquele velho medo de sermos diferentes...

Macacos coloridos é o que somos
Enchendo nossos pescoços de balangandãs
Pesando nossos peitos de injustas medalhas
Numa velha guerra sem heróis nem vilões...

Macacos coloridos é o que somos
Dançando em círculos como em filmes antigos
As fogueiras são politicamente corretas
E o velho fogo na verdade nunca existiu...

Macacos coloridos é o que somos
Olhando os projéteis que zunem pelos ares
As mesmas manchetes da alheia desgraça
E as velhas novas novidades que nos mentem...

Macacos coloridos é o que somos
Numa fuga interminável contra os dias
Olhando pro outro lado sem poder evitar
Rindo sem motivo e chorando sem doer...

Macacos coloridos é o que somos
Nossos dentes vão caindo aos poucos
As pernas fraquejam até não poder mais
E os espelhos vão sem espatifando sem motivos...

Macacos coloridos é o que somos
Um plano celeste que acabou dando errado
Uma maneira torta de ver o que é certo
Um mistério que todos sabem sem saber...

Macacos coloridos é o que somos...

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Enigma 3 ou Ecce Homo

Não sinto mais frio sob meus pés
Pior que o frio é a minha solidão
Foram-se os dedos ficaram os anéis
A felicidade é uma outra estação

Condenado por crime que não cometi
Agora estão vazias e frias minhas veias
E essa luz que afinal eu nunca vi
Iluminaram minhas flores mais feias

Vamos lutar numa luta mais inglória
Onde há de tudo, menos a nossa paz
No meio de toda essa chamada história
Não sou Cristo nem também Barrabás...

Enigma 2 ou O Dilema de Marc


Só mais alguns segundos pra bomba explodir
Por ali há caminhos que são os mais perigosos
Eu vou fazer de tudo pra que o teto não vá cair
Mas alguns frutos são bons e outros venenosos

Isto é conto da Carochinha! Bem que eu falei...
Eu sou o Cão e nunca que eu escondi isto...
Há muito tempo foi que eu até me comportei
Mas nunca que eu quis ser o mais novo Cristo

Histórias! São os mais disperdiçados diamantes
Por favor, vamos, parem com isso,me deixe delas
Vamos viver os mais límpidos dos instantes
Me abram logo todas as portas e todas janelas...

Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?
Eis uma história que nunca tem explicação
Até nosso canto está agora sem ter alguma voz
Morreu e morreu o que era nosso coração

Está a hora! Sirvam logo este nosso banquete
Nós marchamos e marchamos sempre avante
E as andorinhas vão cantando num falsete
Enquanto vai balando o nosso branco elefante

O cavalo de Troia precisa de muitos cuidados
Preciso de abrigo e preciso do seu carinho
Até meus fantasma novamente são assassinados
E eu vou andando por essa vereda de espinho

Só mais alguns segundos pra bomba festejar
Por ali há caminhos que são os apenas perigos
Eu vou fazer de tudo pra poder enfim me matar
Mas ainda existem mais de mil e um abrigos...

domingo, 21 de agosto de 2016

Enigma 1 ou A Guerra de Duk

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Use seda com ousadia
Qualquer noite é dia
Me desafia

Rosa é qualquer cor
Desliguem o motor
Não há mais amor

Salve salve simpatia
Mas quem diria
Tudo é monotonia

Seja onde for
Um delicioso torpor
À todo pleno vapor

Onde está Maria?
Choro de encher a pia
Minh'alma está vazia

Alô marciano alô
A sessão de cinema terminou
A história é que falhou

É qualquer uma boemia
A faca não mais afia
Na guerra não há parceria

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Caminhos Escuros

Caminhos escuros sem nem se encontrar. 
Eu perco os meus passos. Só posso chorar. 
E nisso tudo é que temos pra hoje. - viver. 
Viver como loucos. Viver como poucos. 
Sem versos e sem estrutura. 
É dia. Mas a vida está dura. 
Às vezes nem dói. E é uma doença sem cura. 
Queria me lembrar de esquecer. 
Dói ainda. Mas faz menos doer. 
Tudo passa. Tudo cessa.
Tudo é fumaça. Descumpriu-se a promessa.
E nisso versos voam sem sabermos da poesia.
Nossa! Quem diria...
Que até o medo pode se tornar alegria. 
Até o bem pode se tornar o mal. 
E o enterro um carnaval. 
Alegria geral! Alegria geral! 
Viva os fundos do meu quintal. 
Esqueçamos que existe um temporal.
Os gritos dela.
Acabam voando pela janela.
E sobem como torpedos.
Mas ainda continua o nosso medo.
Eu tenho medo. Medo você tem.
O medo não esquece ninguém.
Nada exato. Nada certo.
O nosso socorro. Não está tão perto.
Os termos exatos vão fugindo.
O meu amor era tão lindo...
Acabei me perdendo no nada.
Ainda bem que o nada é uma estrada.
Ainda bem que o vento está ventando.
E eu aqui vou delirando.
E eu até vou me conformando.
Não escute atrás das portas.
Podem haver conversas mortas.
Entre em fileira bem certinho.
Você é apenas mais um soldadinho.
Estas moscas acabam incomodando.
Quase tanto como o talvez e o até quando.
Estou cansado. Eu tenho fome.
E até já esqueci meu nome.
Isso tudo foi num tempo atrás.
Quando eu pensava que sabia mais...
Caminhos escuros sem nem se encontrar. 
Eu perco os meus passos. Só posso chorar...

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Um Poema

Eu tenho a chave do tamanho
Mas não tenho o que abrir
Eu sempre me sinto um estranho
Tanto daqui como Dali
Eu sou um estrangeiro visitando
A terra onde ele nasceu
Vou vivendo e vou respirando
É o meu coração que já morreu
Sou o pássaro que não viu o céu
Guerreiro que não sabe lutar
No meu silêncio fiz um escarcéu
Minha razão nada tem à declarar
Meus castelos caíram do nada
Não tem como salvar as paredes
E continuo por essa estradas
E os vermelhos ainda são verdes
O meu espírito foi vendido
Custou quase que um milhão
Dentro do quarto fiquei perdido
Lá fora agora é outra estação

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Um Poema de Janelas


janelas abertas janelas fechadas
mais nada...
janelas comuns janelas raras
abrindo na nossa cara...
janelas quentes janelas frias
as nossas mentes vazias...

quantas vezes dançarei sozinho

em qualquer um cantinho
com os cabelos em desalinho
já me feriu aquele espinho

janelas brancas janelas azuis

são corpos nus...
janelas de ontem janelas de amanhã
toda tentativa foi vã...
janelas de vidro janelas de aço
já me falta o espaço...

quantas vezes me olharei no espelho

vendo aquilo que me assemelho
um menino mal mais um fedelho
que não aceita nem um conselho

janelas delicadas janelas brutas

vidas são disputas...
janelas pequenas janelas enormes
vamos colocando os uniformes...
janelas de vento janelas de temporal
toda dor é sempre igual...

quantas vezes corri sem ter vontade

sentindo que acabou até a idade
tudo é mentira nada é verdade
vamos passear pela cidade

janelas sujas janelas inocentes

estamos todos doentes...
janelas de sangue janelas de água
falta até a nossa mágoa...
janelas de alvo janelas de esmo
somos nós mesmos...

sábado, 13 de agosto de 2016

Insaneana Brasileira Número 105 - Assim Quis

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Assim quis e assim será. Dias e dias fadados à tristeza única que não passa. Mesmo que seja teimosia de nossa parte. Os cheiros percorrem o ar. E as luzes brilham. E vamos andando à esmo pensando que somos os tais. Nada nos protege contra nós mesmos. Eu quase sei isso. Mas mesmo assim choro em dias de chuva muita ou pouca. Nada mais sei do que chorar. Nada mais sei que voar em nuvens que acabam caindo. O ouro reluz. Mas os dedos são trêmulos e tudo cai no chão. Nada quebra mesmo caindo. Lembranças bem comportadas e loucas. Aberta a temporada de caça às bruxas. Nada mais sutil e delicado. Quando queremos nos cegamos. E ainda assim enxergamos o mundo. Ou pelo menos pensamos. E as modas são lançadas. Sem explicações plausíveis e de qualquer cor. Souvenirs são matéria de estudos aprofundados. Como vamos ao deserto? Em camelos alados que nem anteontem. E se Deus quiser chegaremos lá. Em cada torre de cada castelo de cada aldeia de cada país. Assim o seja. De acordo com as velas que ardem no silêncio gelado de cada noite. Noite sem lua e sem abrigo. Lá fora todo um mundo de trevas. E uma cortina pesada daquelas que nos fazem arregalar os nossos olhos. Aqui não há nada e nem lá e nem acolá. O que existia eram migalhas que os pássaros foram comendo aos poucos. E mais nada do que isso. Um vazio cheio de boas e de más recordações. Como estamos nem sabemos. Há apenas notícias sobre o nosso paciente. Como as gotas do soro que vai para nossas veias. Solenemente como um réquiem em ritmo de frevo em Olinda. Diamantes que os turistas compram aos montes. Produto local. Ritmos mais que locais nos tantãs feitos do mais puro coro de nuvens. Quem me dera minha fera. Quem me dera minha paquera. Rimar coisas absurdas num caça-níquéis. Tudo emboladamente invertido. E todos os poetas num só. E todas as moedas em um só bolso. Dois meninos e um muro e uma pipa. E cada susto num riso tão mais fácil. A palavra escorre entre os dedos. E a língua prova dos doces fora do risco. Assim quis e assim será...

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Mais e Mais!


Mais e mais até cair
Como um pássaro que está desalado
Nas minha mente vai fluir
Aquilo tudo que já foi passado
Insanamente não sei de onde venho
Só sei que muito eu tenho andado
Cortes nos pés é tudo que tenho
Ironicamente não me tem faltado
Viva o cordão de quem chora!
Viva o cordão daquele que tem chorado!
Há muito eu queria poder ir embora
Mas aqui estou cego e acorrentado

Mais e mais estou enlouquecendo

E nessa hora o pátio já está lotado
Bendito seja o sol que vai nos aquecendo
Mesmo se nosso coração está gelado
Foram até bons aqueles dias pelas ruas
Agora o meu refúgio me tem encarcerado
Paredes tão tristes são paredes tão nuas
Cada lado é igual ao outro lado
Cada canto se tornou um outro canto
Mas não estou nem um pouco preocupado
Pois em meu escudo se tornou meu pranto
E esse pranto é apenas caso encerrado...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Eu Fiz Um Poema


Eu fiz um poema:
Das tristezas que já vivi
Dos amores que não senti
Dos sonhos que estão por aí
Dispersos que nem fumaça
Dormindo em qualquer praça

Eu fiz um poema:

Do que morreu num segundo
Dum poço que não tinha fundo
Dos medos que seguem no mundo
Com sua cara bonita mas triste
Nada mais sei do que existe

Eu fiz um poema:

De fatais olhares e de chicletes
De homens como marionetes
De meninos perdidos pivetes
Donos de um destino inexistente
Onde cada gosto é bem diferente

Eu fiz um poema:

Dos desesperos do abismo
De desculpas de puro cinismo
De uma rudeza com algum lirismo
Um lirismo que vem com o vento
E que nos mata em cada momento

Eu fiz um poema...

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Tiros Incertos


O diabo usa tranças
O velho só tem lembranças
O bobo vive só de esperanças

Não estou profanando nada
É que os pés conhecem a estrada
E toda alma está fadada

A menina virou puta
Tenho a certeza mais absoluta
Que já começou a disputa

É uma coisa do destino
O menino deseja o outro menino
A nossa sorte foi puro desatino

É mais um beijo na boca
Eu sinto uma febre louca
Toda boa intenção foi pouca

Minha amada usa calças
Todas as previsões são falsas
Meu caixão não tem mais alças

A fera nos devora

O tempo já foi embora
A tempestade é que não demora

Esse meu cinismo

Constrói o meu abismo
Porque ainda teimo e cismo

O grande capitalista

Não deixou nenhuma pista
Sobre qual foi a sua conquista

Tudo sobre o sexo

Nada foi mais complexo
Que até perdeu todo o nexo

O diabo usa tranças

Já perdi minhas esperanças
Tudo se tornou em lembranças...

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Bancos


os bancos são brancos
os brancos pobres negros são
sem trancos só barrancos
numa pobre escuridão

triste realidade real idade

os demônios usam seus ternos
e os nossos na verdade
não são mais os internos

os bancos são mancos

os mancos andam correndo
somos apenas saltimbancos
e vamos desaprendendo

triste dinheiro no bolso

apenas algumas moedinhas
alma no fundo de um poço
as almas choram sozinhas

os bancos são brancos...

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Insaneana Brasileira Número 104 - Gatos Sem Botas

Andar e muito... Juro que não fui eu... Não abri os olhos porque quis... Nem chorei porque deu vontade... As coisas andam como andam... E assim se vai adiante... Olhos adiante em pobres paisagens... Até os olhos não existirem mais... Ouvidos escutando canções em estrangeiros idiomas... Pois nem entendemos um suspiro sequer... É hoje e somente hoje a vil contagem do tempo... E os dias objetos estranhos que oprimem nosso peito... Nada queremos na verdade... Porque se assim fosse as guardaríamos em sete chaves na gaveta do coração... A gaveta sempre está vazia... Porque as mais caras se volatizam sem nenhuma explicação... Eu sou o peregrino sem objetivo... Não sei quantas vezes vou errar e ser crucificado novamente... Fique lá num canto bem quietinho... Não faça nada... Sobretudo não pense... Cada vez que acordamos o medo nos vêm olhar com ares de poucos amigos... Não me abrace de forma terna e carinhosa... Não beije minhas faces... Não afague os cabelos que estão quase como neve... Acostumar com boas coisas pode ser perigoso... Muito perigoso... As despedidas nunca deixam de chegar... Mesmo sem inglesa pontualidade... Não se embriague mais... Não ria mais de piadas óbvias... Nem sequer as faças... A solenidade de velhas fotografias ainda dá as cartas deste jogo... E a sala de estar tem estar arrumada mesmo que haja abandono do resto da casa... Cada ponto é um ponto... Cada lição para desaprender o que der... As forças se exaurem sem percebermos... E não há nada que nos fortifique nem corpo nem alma... As carpideiras fazem uma procissão e vão ao nosso encontro... São palhaços ao contrário... Ninguém sabe qual o seu rumo... Mas que há um isso há... Nada acontece ao acaso nem mesmo o acaso... Só a mente mente somente... Os gatos andam sem botas... E a história toda se contradiz...

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Simples

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Os gatos miavam sobre os telhados
Ou roçavam minhas pernas por puro afã...
Era um dia triste como todos os outros são
E eu fazia como sempre meu espetáculo...
É um grande picadeiro este mundo de tolos
E eu nem sei em que lado na verdade estou...
Bem e mal fazem um par mais que perfeito
Enquanto morrem as mais ternas recordações...
São apenas notícias passageiras nossos dramas
E apenas vale o que ainda está escrito...
Tudo acaba de começar e já está terminando
Assim são todas as velhas novidades...
Minhas mãos tremem sem ter nenhum motivo
Deve ser porque acabei de nascer ontem...
Não é a única palavra de ordem
E a nossa felicidade já mudou de endereço...

As aves voam sobre os telhados
Ou cantavam uma canção que esqueci amanhã...
Era uma vida triste como uma assombração
E eu fazia como sempre o meu sacrifício...

É um grande abismo este mundo de dolos
E nem sei qual o lado que na verdade existe...
Bem e mal riem da qualquer piada de efeito
Enquanto percorremos os labirintos de emoções...
São apenas fios de aranha nossas tramas
E cada destino já está conscrito...
Tudo começa de acabar e já está continuando
Assim são as bondades e as maldades...
Meus pés correm com todos os medos
Deve ser porque não conhecemos as pontes...
Não é a única palavra de ordem
E a nossa felicidade já mudou de preço...

Toda Tristeza

Toda tristeza um tantim
Toda tristeza sem explicação
Um espinho cravado em mim
Bem no lugar que havia um coração

Toda tristeza uma festa
Toda tristeza é que sempre há
Um grito calado é o que resta
E não me adianta nem chorar

Toda tristeza uma saudade
Toda tristeza perigosa homicida
A verdade pode ser uma maldade
Somos a mosca e ela o inseticida

Toda tristeza um bem querer
Toda tristeza eu não quero mais
Tudo que é vivo vai um dia morrer
E eu nem posso ficar mais em paz!

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...