Um coração bate
E nessa sequência infinita sonha
E ao sonhar sofre
São as coisas que queria
E os amores que não teve
Anda por muitas ruas procurando
Mas isso tudo é em vão
São nuvens sem desenho lá no alto
Que acabam tapando o sol
A vida não é um filme
Mas um álbum de amareladas fotos
Em flashs repentinos antigos sorrisos
Vêm para me atormentar
Nada do que foi devia ser
E estes versos de sincera tristeza
Que não comovem
Nem deveriam ser escritos
Os dedos se contraem em fina dor
E os pés teimam em não andar
E um sono sem pesadelos
Mostram a profundidade do fundo do poço
A água não se move por si mesma
E acabaram-se as pedras do menino
Tudo em volta se recusa a voltar
O tempo bebe mais uma dose e prossegue
As cinzas caem fora do cinzeiro
E a fumaça caminha aos poucos
Por favor não me olhe agora
E nem repare se não me vesti direito
É que as surpresas acontecem sempre
E os segundos são nossos carrascos
E o azul perfeito não está aqui
E as fórmulas mágicas não funcionaram
Olá forasteiro vindo de longe
Fique a vontade e se engane se quiser
A dor dói mesmo quando não dói
E cicatrizes elucidam todos enigmas
Tudo em volta gira e gire e gira
E o pião que não soube rodar
Agora fala mais que qualquer tratado
Não sei mais se há algo no escuro
Já foram lançados todos os dados
E não há mais pecado original
Até os óculos estão cansados...
Não sei mais se há algo no escuro
Já foram lançados todos os dados
E não há mais pecado original
Até os óculos estão cansados...
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