sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Academia de Mortos


As flores estão nos canteiros
E não sairão de lá
Usemos algumas outras flores
Que alguém vai fabricar
Os amores todos já foram
Foram direto pelo caminho
E eu não posso ver a rosa
Se somente há o espinho

A música agora parou

Só há silêncio no ar
Foi a festa que chegou ao fim
E nunca vai retornar
Os amores todos já foram
E me deixaram sozinho
Não há aroma no gosto
Só há um gosto no vinho

O cortejo segue em silêncio

Com passos de se contar
Não sou mais estrangeiro
Nem sou daqui nem de lá
As terras que em nelas fui
Mesmo as que não pisei
Não importam quem sou
Sob elas eu descansarei

As manchetes estão no jornal

O que é real não se pode olhar
Vejam uma luz no fim do túnel
Que está a nos esperar
E mesmo que não dê certo
E mesmo que tudo enfim acabe
Terá nos valido a pena
Que o Dragão então se acabe

As flores estão nos canteiros

Simplesmente esperando sem versos...

sábado, 24 de agosto de 2013

A Casa & Outras Coisas


A casa traz saudades. Está lá. Mas não está de verdade. Está num coração sujo. Mas sem maldade. Num coração aflito. E todo esse grito. É enorme. É disforme. E vai trazendo apenas palavras. Escravas. Escravos de Jó. Fumaça. E pó. Trapaça. E nó. E nós. Sem voz. Esforços dispersos. Em versos. Que nunca publiquei. Nem sei se vale a pena. A pena é sentir a falta. A pauta. A pauta sem ter mais dia. Quem diria? Os pássaros estão cantando. É ele que vai chegando. Já veio. É feio. Mas vou disfarçando. Ontem nem vi o fim. Meu Deus que será de mim? Tudo é sólido. Que nem o ar. É sórdido. Mas sei amar. O mar. Que nunca me viu cantando. A ave perdeu seu bando. Até quando? Não dá pra ver mais nada. A solidão é uma piada. Contada de trás pra frente. Demente. De mente já me embriaguei. É lei. Nascer pra esperar a morte. Vinda do norte. Sem sorte. Esperando quem vai partir. Pra sentir a fila que já avança. Esperança. Espero mais que tudo. Me iludo. Um erro de cada vez. Nem sei falar mais inglês. Só sei o que não quero. É vero. É coisa minha e sua. É rua. Já morreu aquele meu quintal. Desculpe. Não me leve à mal. Todo ano tem carnaval. Todo sonho tem seu final. A novela é sempre igual. É a vista. É à vista. Minha vista cobriu geral. Morreu o meu bacurau. Voava e assim voava. Seu riso me amedrontava. Eu dou a minha palavra. Eu juro pelo meu amor. Não quero mais sentir dor. Se é que tem algum valor. O tempo promete chuva. A vista ficando turva. Mais nada depois da curva. Mais nada é novidade. Venceu a idade. Apagou o lampião. Era ruim e era bom. Era vento sem estação. O sono se prolongando. E o sonho nos esperando. Era o auto. A viagem. A notícia. A bobagem. Era a vela e a imagem. Era os sinos que não batiam. Ou mais algo que não sabiam. Era algo que tudo fez. A semana. Ou o mês. Se tanto faz. Tanta vez. Era coisa tanta. Que espanta...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Canção do Óbvio e do Não Tão Óbvio


São rosas senhor apenas rosas
E a tragédia de todos os dias assim contadas
Quem sou pra ficar parado aqui
Se ainda há ruas que não conheço 
Foi um dia qualquer e acabou nenhum
Porque não há papel suficiente pra isso
Não vou debater todas as teorias
Mas algumas delas até conheço
Nada mais há pra ser feito
Ou nem começou o teatro de marionetes
Quanto tempo senhor faz tanto tempo
E por isso se parece mais do que o novo
A mente falha em múltiplas sensações
E eu não sei mais nem o que dizer
Era um dia a mais ou era nenhum
E eu deixo a razão pra quem quiser tê-la
Tudo acaba sendo acadêmico e me enjoa
Tudo acaba sendo legal e atrapalha
As estampilhas que eu queria coloridas
Já foram há muito jogadas fora
Fui ridículo senhor eu sei que fui
Mas mesmo assim digno de pena
Porque o enfado da vida nos corrói
Como o ferro assim exposto ao vento
A chuva maltrata os ossos
E o frio dói mais se estamos tristes
A compaixão em silêncio acaba sendo cruel
E é melhor virar as costas e ir embora
Mais algum vulto na retina e acabou-se
Foram cruéis alguns dos bons
E sua dívida foi perdoada sem mais
Eu ainda olho certas cenas apagadas
E acho que a borracha que apagou foi falha
Ainda há dívidas em aberto
E promissórias pra serem cobradas 
Não tente me amedrontar vento ruim
Agora sua armadilha não mais funciona
Quanto mais alta a corda bamba
Mais palmas ganhará o que se atreve
Se ainda tenho medo que tudo se acabe
A maldade de meus olhos ainda se diverte
Quando haverão novos brinquedos?
O cheiro do plástico novo agrada as narinas
E o impossível acontece de sempre em sempre
Não sou palavras novas senhor todas são velhas
Nada acontece tudo já aconteceu
É que nossos olhos são maiores que a mente
E a mente mente com motivos plausíveis
Nem sei o que falo às vezes
Mas uso de todos artifícios possíveis 
Pra tecer um véu que esconda o choro
Chorar de tristeza nunca foi bom
Mas mostrar isso é mínimo algo duvidoso
Sem platéia não há espetáculo algum
E palmas ou assobios valem a mesma coisa
Até que a vela apague vamos rezar..

Canção Sem Tons

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Eu quero fazer uma canção sem tons
Com versos tristes nem sempre bons
Uma canção sem ter aos menos sentido
Basta que seja antes de ter implodido
Com as paixões que não tem mais lugar
Nada deu certo e nada vai dar
E irei cantá-la por aí em qualquer rua
A minha culpa foi minha a culpa foi sua
Nosso amor não foi o que deveria
Não teve paixão nem teve alegria
Quando estiver pronta irei na sua janela
Vou atrapalhar de ver a novela
Vou chamar a atenção até do vizinho
Não há outro jeito é esse o caminho
E desta vez não estarei embriagado
A vida tem me preparado
Para a viagem que nem sei onde vai
Um prédio se ergue e o outro cai
Guarde a canção num canto qualquer
E a cante de novo quando quiser...

domingo, 18 de agosto de 2013

Três Corações


Três corações batem em meu peito...
O primeiro é o que ama acima de tudo
O que sofre por cada acontecimento
O que percorre ruas sem fim
Bebendo do sol de cada calçada
Ele pertence ao menino que não morrerá...

Três corações batem em meu peito...

O segundo é o que odeia todas as coisas
O que prevê trágicos vaticínios
O que duvida de todas as coisas
Virando o rosto pro canto da parede
Ele pertence ao velho que já morreu...

Três corações batem em meu peito...

O terceiro nem ama nem odeia ninguém
Ele é o demônio que vive em mim
Se escondeu aí dentro e não sai mais
Percorre sorrindo todos os labirintos
Ele pertence ao menino que ainda virá...

Três corações batem em meu peito...

Nem sei qual deles sobreviverá...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Efêmero


Daqui um ano
Acabou o plano
Desapareceu da tela
Acabou a novela
Trouxeram a corda
Quem concorda?
É o velho novo
Alegria do povo
Notas repetidas
Acabaram vidas
Esqueci o sorriso
E nem preciso
O galo não canta
Virou janta
Rápida glória
De uma história
Essa herança
Não enche a pança
Não é orgasmo
É um espasmo
Não é o que é
É contra a maré
É como um corte
Depende da sorte
O mundo é mundo
Por um segundo
Cadê Maria?
Foi pra Bahia
Doem os ossos
Foram os nossos

Daqui um ano

Chegou o engano
Desapareceu da tela
Acabou a aquarela
Trouxeram a corda
Ninguém acorda?
É o velho e o novo
A galinha e o ovo
Notas repetidas
Novidades corridas
Esqueci o siso
E nem preciso
O galo não canta
E nem encanta
Rápida glória
E sua escória
Essa herança
É sem esperança
Não é orgasmo
E estou pasmo
Não é o que é
É só marcha à ré
É como do norte
Parece a morte
O mundo é mundo
Escuro e profundo
Cadê Maria?
É só cama vazia
Doem os ossos
Não mais eu posso...

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Canção de Tristeza


Um coração bate
E nessa sequência infinita sonha
E ao sonhar sofre
São as coisas que queria
E os amores que não teve
Anda por muitas ruas procurando
Mas isso tudo é em vão
São nuvens sem desenho lá no alto
Que acabam tapando o sol
A vida não é um filme
Mas um álbum de amareladas fotos
Em flashs repentinos antigos sorrisos
Vêm para me atormentar
Nada do que foi devia ser
E estes versos de sincera tristeza
Que não comovem
Nem deveriam ser escritos
Os dedos se contraem em fina dor
E os pés teimam em não andar
E um sono sem pesadelos
Mostram a profundidade do fundo do poço
A água não se move por si mesma
E acabaram-se as pedras do menino
Tudo em volta se recusa a voltar
O tempo bebe mais uma dose e prossegue
As cinzas caem fora do cinzeiro
E a fumaça caminha aos poucos
Por favor não me olhe agora
E nem repare se não me vesti direito
É que as surpresas acontecem sempre
E os segundos são nossos carrascos
E o azul perfeito não está aqui
E as fórmulas mágicas não funcionaram
Olá forasteiro vindo de longe
Fique a vontade e se engane se quiser
A dor dói mesmo quando não dói
E cicatrizes elucidam todos enigmas
Tudo em volta gira e gire e gira
E o pião que não soube rodar
Agora fala mais que qualquer tratado
Não sei mais se há algo no escuro
Já foram lançados todos os dados
E não há mais pecado original
Até os óculos estão cansados...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Meia Estrada


Meia estrada, meia vida,
Tudo pela metade e não mais.
Meia tristeza e meia ferida,
Meio sonho e sem alguma paz.
Meio sono, meia correria,
Meias velas abertas no cais.
Na meia-noite ou no meio-dia,
Acabaram-se meus carnavais.
Meio triste e meio feliz,
Na minha testa claros sinais,
A vida foi e foi por um triz, 
Manchete em letras garrafais.
Meia dose, meio caminho,
Agora tanto fez e tanto faz.
É meio rosa e meio espinho,
Foi tão tímido e tão audaz.
Meia taça ou meia lente,
Um sol brilhava pelos cristais.
Eu já senti a carne dormente,
São apenas coisas normais.
Meio meu e meio nossos,
Tanta coisa ficou lá atrás.
É um banquete de ossos,
Corra quem for capaz!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cinquentanos

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não se há de correr do tempo ele virá em largas passadas nem se correr da vida a vida é feita de nadas como a matéria espaço de ar comprimido aliás nem ar espaço condicionado e sentido desfile de fotografias antigas onde existiam caras amigas volatizadas eram modas eram novidades e hoje apenas inutilidades eram modas eram surpresas e hoje apenas inúteis presas textos indecifráveis segredos inconfessáveis sentimentos imprestáveis quando muito deploráveis e por natureza insaciáveis era muito tempo e o menino queria mudar o mundo era muito tempo e talvez não fosse um segundo era muito tempo e poço talvez não muito fundo era muito pra que se esperasse era muito que vingasse era muito e era um impasse eram palavras escritas aos borbotões eram mais que isso ´perigosas emoções rimas malfeitas de feitas conspirações letras obedientes ao acaso que riam e riam do mesmo atraso e que sabiam qual era o caso letras e letras tão mal lembradas indo e indo e não indo nada sem canto encanto ou talvez até um um canto que seja apenas isso e isso seja um não compromisso que faça sem ser omisso estraga a praga dessa insana dor que faça a massa qualquer louvor quem leia me creia não há como matar o cão e o menino que estão sempre a se misturar um ri o outro chora um quer partir e o outro não quer ir embora quem são aí que está são tão os dois que não há como separar um é feio o outro bonito um é reza o outro é delito um pula e salta o outro é falta se um recusa outro pede bis de um vem o choro o outro é feliz um vive teimoso o outro é o triz um só quer o ar e o outro é raiz vamos avante vamos ante o temporal que se aproxima lá em cima é só o clima é a sina de quase tudo que eu chorei e ainda não sei qual é o final e é menos mal ainda existe um carnaval e um temporal que não se acabou é como um prédio que desabou estamos aí mas sairemos e no final nada teremos...

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sem Chuva

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Sem chuva sem dúvidas
Com olhos abertos para o sol
Chegando estando amando
Aos poucos e sempre e sempre
Numa primeira vista tantas vezes
Eram tempos como aqueles
Que acabaram e são eternos
Eu me escondo entre as folhas
Um camaleão de modernos tempos
Um fantasma de minha época
Escuto todas as músicas novas
E vejo nelas velhos sons
Abra esse álbum de fotos e veja
Os sorrisos não acabam nunca
Comecemos logo estes rituais
As fogueiras já estão acesas
E meu coração há mais tempo ainda
Estou aprendendo à fazer versos
E prometo que muitos serão sinceros
Mas alguns nem serão tanto
Muitos sentidos despertos estão em mim
Ouço vozes que não ecoam pelo ar
Mas são mais reais do que se imagina
Alguns moedas ainda chacoalham no bolso
Posso beber ainda de um rio qualquer
Me dê um pouco deste batom de sua boca
Não tenha medo de chegar perto de mim
Os anos me ensinaram a ser um pouco bom
E a cantar mesmo em silêncio
Cada um tem seus pecados
E quem vai negá-los?
Sem chuva sem dúvidas
Com os olhos abertos para o sol...

domingo, 4 de agosto de 2013

Estrelas Cadentes Decadentes


Estrelas cadentes e decadentes
Eu quero um pouco do sangue
Que corre em suas veias quentes
No meio desse bang bang

Estrelas cadentes e salientes

Eu quero um pouco da vida
A saliva a boca a língua os dentes
Pra me curar desta ferida

Estrelas cadentes e obedientes

Eu quero versos de outra monta
Eu quero olhar com outras lentes
E refazer essa minha conta

Estrelas cadentes e intermitentes

Acordadas na noite dormindo de dia
As minhas pernas estão doentes
E mais doente a minha alegria

Estrelas cadentes e reticentes

Agora há muito pouco o que falar
Os meus dedos já estão dormentes
E o que me resta é só chorar...

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cada Canto

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Cada canto
Tem um canto
Cada canto
Tem espanto
Cada canto
Tem um pranto
Cada canto
Tem tanto
Cada canto
Tem um santo

Cada canto
Tem um canto
Mesmo quando tudo
E entretanto
Às vezes está mudo

Cada canto 
Tem espanto
Às vezes sem medo
E no entanto
Mesmo assim é segredo

Cada canto
Tem um pranto
É a moda da estação
É um vão acalanto
Para cada coração

Cada canto
Tem tanto
Mas quase sempre vazio
É como um manto
Mas não protege do frio

Cada canto
Tem um santo
Talvez um santo remédio
Enquanto isso canto
Pra afastar o meu tédio

Cada canto
Tem um canto
Cada canto
Tem espanto
Cada canto
Tem um pranto
Cada canto
Tem tanto
Cada canto
Tem um santo...

Poema para Ser Lido Bem Alto, Quase Gritando

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o há estações bem definidas
Quando se trata de nossas vidas.

Amor e sonho geralmente o que são

Estamos sós e somos esta solidão.

Queremos tempos novos mesmos idos

Queremos despertar estes novos sentidos.

O riso não acabou  muito dele tem

Estamos aqui mesmo e mais além.

Eu quero gritar mais do que o mar

E juntar mais uma letra e também amar.

Dói o corpo e também dói a alma

Há mil motivos para estar sem calma.

Em tudo à volta haverá protesto

Até no silêncio dependendo do gesto.

Mas há quem só acenda uma vela

E vá rezar na frente de uma tela.

Onde está a estrela? Onde está?

Deixei ela por aqui neste mesmo lugar.

Eu canto e encanto todos os dias

Com a flauta doce de minhas alegrias.

Cheguem aqui senhoras e senhores

Acabou-se o brilho mas ficaram as cores.

Sobraram dois anéis nos meus dedos

E cada um deles tem os seus segredos.

Nunca mais se engane com o meu amor

Ele se tornou malvado depois da dor.

Ainda há miragens e ainda há tesão

Mesmo que morra sobra o meu coração.

Ainda sou menino não sou velho ainda

Não me desespera uma segunda vinda.

Eu vou andando tonto mas é sem cair

E se já terminei podem me aplaudir!

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...