segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Pressa

Me esbarro comigo mesmo nessas andanças por esse mundo. E às vezes tenho tempo de perguntar por mim, às vezes não. Tenho muita pressa...

Tenho muita pressa de chegar até o fim do caminho. Sem mesmo saber se esse caminho vai dar em algum lugar ou vai dar em nada. Ninguém sabe na verdade...

Ninguém sabe na verdade resposta alguma definitiva para quaisquer perguntas. As perguntas são simples brinquedos, podem nos divertir em quando, podem nos ferir outras vezes. Chorar ou rir...

Chorar ou rir, apenas os dois lados do mesmo espelho. Tudo é apenas um grande paradoxo, para uma vitória, tantas derrotas. Só rompe a fita da chegada, os outros são apenas alguns detalhes...

São apenas alguns detalhes os sonhos que temos também. Sonhos podem ser bem malvados quando querem, insistem em tocar em nossas feridas até que sangrem mais. Querem ser realizados de qualquer jeito, até quando o jogo é sujo...

O jogo sujo das necessidades mais básicas ou das excentricidades mais loucas possíveis. Não existem tamanhos, existem exigências. O pedaço de pão e o banquete são parecidos. O trocado no bolso e o milhão na conta são semelhantes. Todo orgasmo é igual. Depois da satisfação, vem o nada...

Vem o nada de um brinquedo desejado, de uma transa planejada, de tudo o que podemos imaginar. Tudo ao gosto do freguês, do amor platônico à cena do filme pornô, tudo tem seu motivo, mas nem sempre tem lógica...

Nem sempre tem lógica o que tentamos fazer. Nada consegue ser preservado indefinidamente, nada sobrevive o tempo todo ao próprio tempo. O que não é totalmente esquecido, é modificado, É a velha história da história que cresceu ou não. Nada mais sabemos...

Nada mais sabemos do que estamos tristes, que estamos sem motivos para nos mexermos. A sala de estar nos convida morbidamente para o nosso fim sem explicação alguma. Assistimos mentiras em capítulos, venenos em gotas homeopáticas. Temos apenas finais...

Apenas finais de dramas nada gregos de tragédias insanas. Eu sou um dos que queriam algo mais, um dos muitos que sofrem mais um pouco, os que gritam. Mas gritar nada adianta, as ruas se esvaziaram de repente, todos fugiram para as colinas. E eu me esbarro comigo...

Me esbarro comigo e não me reconheço. Sou apenas mais um monstro da minha própria criação. Nem me perguntei por mim, acabei me esquecendo. Tenho muita pressa... 

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