quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Aquela Alegria Que Eu Trago


Trago alegria...

Desculpe se ela é feita de retalhos

Não é o melhor dos meus trabalhos

É feita desses meus espantalhos...


Uma alegria tímida, calada

Que vem rindo do nada...


Trago alegria...

 Desculpe se ela é feita quase agora,

Feita de uma saudade que devora

Aproveite que ela vai embora...


Uma alegria pequena, colorida

Que vem rindo da vida...


Trago alegria...

Desculpe se ela é feita de improviso,

Se ela chegou sem dar aviso,

Se ainda falta nela algum sorriso...


Uma alegria fraca, nunca forte

Que vem rindo da morte...


Trago alegria...

Desculpe se ela é feita de lembrança,

Se é remendada de esperança,

Ela é a minha mais nova dança...


Uma alegria oprimida, calada,

Que vem rindo do nada...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Apenas Mais Um Poema Insone

Silêncio... ou quase...

Alguns pequenos barulhos

aos meus insones ouvidos...

No céu milhões de estrelas

com seu enganoso e eterno azul,

no quarto o barulho do ventilador

e o voo rasantes de alguns mosquitos...

Não sei mais onde minh'alma vai...


Silêncio... ou quase...

O peso dos meus olhos

não conseguem vencer a aflição...

Na cabeça muitos sonhos

teimosos em não sucumbir,

a incerteza mais que certa

de um dia que vai nascer...

Não sei mais onde minh'alma foi...


Silêncio... ou quase...

Acabo confundindo tudo

e nem sei mais qual o meu nome...

Eu acabo me confundindo

com a escuridão que é minha,

eu sou apenas mais um

entre tantos que choram...

Não sei mais até se tenho alma...


Silêncio... ou quase...

Pouco importa... ninguém me escuta...

 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Pequeno Mundo ou Caim Chegou Para Almoçar

 


Muitos peixes no pequeno aquário. E aflições se repetindo que nem alguns ventos teimosos. Caim acabou de chegar para almoçar. Eu tenho certas saudades estranhas. Até de coisas mais ou menos ruins que lembro com certeira insistência. 

Os micos atravessam os fios com uma velocidade bem maior do que a da luz. Cenas impressionantes são imortais em quase todas as retinas. Como um balé que vi de soslaio quando atravessei a sala. Um brinde aos que ficaram e aos que partiram...

Muitos carros na rua apertada. E uma sinfonia inexplicável de certeiros semáforos. Acho graça em certas palavras, saboreio-as como um bem comportado mutante. Meus bolsos estão cheios de cartas que acabei não remetendo. Mal a friagem sabe que sou bem pior do que isto.

Estou exercendo um novo e interessante ofício: cato estrelas como se fossem conchinhas. Minha meninice chegou aos maiores extremos. E por isso mesmo não conhece limite algum. Uma câmera funcionando na mente. Acabo confundindo luz e escuridão ao meu bel-prazer. E muitos gritos que estão para eu dar...

Muitas palmas da plateia silenciosa. E alguns enigmas que se desfazem como a areia que um dia brinquei até não poder mais. Eu pulo sobre as nuvens e não tenho mais medo de escorregar. Faço mágicas prodigiosas com quaisquer sombras. Há muitos elixires, mas não possuo rótulos em seus frascos.

Não tenho preocupações acadêmicas e frustrantes. Chamam isso de loucura e na falta de outro termo também chamo. Gramática foi o meu forte, mas exageros sim. Nenhuma cabala me impressiona como foi antes. Coloco lentes de aumento em tudo que possa existir. E o que não existir, eu mesmo crio...

Muitos brindes ainda por fazer. Como o fim de inúmeras tolices que teimam de ficar entre os homens. As ilusões roem até os ossos. Quanto mais elas comem, mais vontade têm de comer, é assim que acontece sempre. Aos vencedores quase as batatas.

É uma vida quase normal. Feita de pedaços de tentativas, vários visitantes de vários lugares que chegam de imprevisto e nunca batem na porta. Quem poderia me salvar era eu, mas acabei decidindo o inverso. Vou rindo de todos os meus erros mais absurdos...

Muitos soldados sem seus uniformes. E guerras cotidianas não-declaradas. Guerras de gigantes e guerras de formigas, todas elas sem razão e sem sobreviventes. Holocaustos quase que invisíveis. Pandemias que existem sem sabermos e há muito mais tempo. Todos morrem.

Todas as decepções possuem pressa. E as águas dos rios somem de vez em quando. A normalidade é desagradável quando quer. E as histórias costumam mudar de roupa. Os tiros são cegos e os golpes mais certeiros provêm desse mesmo dilema. Algumas felicidades até enjoam...

Muitas pessoas em pequenas celas. E a importância sendo um conceito tão abstrato quanto as pedras. Eu evito a solenidade geralmente. As marcas na carne custam cada qual seu preço. E nunca existem prestações. Em cash, por favor. Meus mapas estão todos rasgados e o GPS falhou.

Todos os meus domingos eu prefiro esquecer. ão é preciso razão para qualquer querer. O desconhecimento pode consolar ou matar, dependendo da hora e do veneno que foi escolhido. Até o arame farpado pode agradar...

Muitos peixes no pequeno oceano. E aflições se expandindo que nem algumas águas caladas. Caim acabou de chegar para ficar. Eu tenho certas saudades estranhas. Até de coisas mais ou menos ruins que lembro com certeira insistência. 


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Máquinas Paradas (Nós)

 


As máquinas estão paradas,

Estão quebradas

Ou imóveis sem energia...

Os sonhos carcomeram as engrenagens,

Só há visagens,

Pobres fantasias...

As máquinas estão paradas,

Pobres sobrecarregadas

Já perderam o dia...

Os sonhos viraram simples pesadelos,

Inúteis os apelos,

Ora quem diria...

As máquinas estão paradas,

Estão sedadas,

Nesta monotonia...

Acabaram-se todos os motivos,

Sem adjetivos,

Só por teimosia...

As máquinas estão paradas,

Estão quebradas

Ou imóveis sem empatia...

Os sonhos fugiram são imagens,

Simples miragens,

Resta a ousadia...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Pressa

Me esbarro comigo mesmo nessas andanças por esse mundo. E às vezes tenho tempo de perguntar por mim, às vezes não. Tenho muita pressa...

Tenho muita pressa de chegar até o fim do caminho. Sem mesmo saber se esse caminho vai dar em algum lugar ou vai dar em nada. Ninguém sabe na verdade...

Ninguém sabe na verdade resposta alguma definitiva para quaisquer perguntas. As perguntas são simples brinquedos, podem nos divertir em quando, podem nos ferir outras vezes. Chorar ou rir...

Chorar ou rir, apenas os dois lados do mesmo espelho. Tudo é apenas um grande paradoxo, para uma vitória, tantas derrotas. Só rompe a fita da chegada, os outros são apenas alguns detalhes...

São apenas alguns detalhes os sonhos que temos também. Sonhos podem ser bem malvados quando querem, insistem em tocar em nossas feridas até que sangrem mais. Querem ser realizados de qualquer jeito, até quando o jogo é sujo...

O jogo sujo das necessidades mais básicas ou das excentricidades mais loucas possíveis. Não existem tamanhos, existem exigências. O pedaço de pão e o banquete são parecidos. O trocado no bolso e o milhão na conta são semelhantes. Todo orgasmo é igual. Depois da satisfação, vem o nada...

Vem o nada de um brinquedo desejado, de uma transa planejada, de tudo o que podemos imaginar. Tudo ao gosto do freguês, do amor platônico à cena do filme pornô, tudo tem seu motivo, mas nem sempre tem lógica...

Nem sempre tem lógica o que tentamos fazer. Nada consegue ser preservado indefinidamente, nada sobrevive o tempo todo ao próprio tempo. O que não é totalmente esquecido, é modificado, É a velha história da história que cresceu ou não. Nada mais sabemos...

Nada mais sabemos do que estamos tristes, que estamos sem motivos para nos mexermos. A sala de estar nos convida morbidamente para o nosso fim sem explicação alguma. Assistimos mentiras em capítulos, venenos em gotas homeopáticas. Temos apenas finais...

Apenas finais de dramas nada gregos de tragédias insanas. Eu sou um dos que queriam algo mais, um dos muitos que sofrem mais um pouco, os que gritam. Mas gritar nada adianta, as ruas se esvaziaram de repente, todos fugiram para as colinas. E eu me esbarro comigo...

Me esbarro comigo e não me reconheço. Sou apenas mais um monstro da minha própria criação. Nem me perguntei por mim, acabei me esquecendo. Tenho muita pressa... 

sábado, 19 de dezembro de 2020

Why I Sing

 


I sing because it hurts the wound...


I sing because I'm sad...


Why do other people sing?


Some sing for nothing ...


Others sing for fun ...


Some to make the pain less ...


Dreams are sometimes evil


and take us to dark paths ...


Where am I now?


I must be inside myself,


into the darkness of my chest,


where my dead loves go ...




I sing only out of desperation,


like who will die the next day


and you can do nothing to save yourself ...


The flowers have already died with me,


the leaves too,


even though it's not autumn...


Listen to my song,


love can also sadden you


this is part of everyone's destiny,


there is no way to fight it,


it's like fighting in vain


in a great endless war ...



I sing until I can't anymore ...

Alguns Poemetos Sem Nome Número 90

Cá sem os meus botões, 

era recordações

que o lixeiro levou,

se calaram as canções,

todo o som se calou,

não existem emoções,

coração se quebrou...


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Quero fazer todos os poemas possíveis,

roubar todos os versos ao alcance das mãos,

que eu não tenha mais tempo para nada

e até me esqueça como é que se respira...

O meu tempo já se acabou antes de acabar...

Versos de todas as matizes serão bem vindos,

os bonitos e os feios, os perfeitos e os ao acaso,

agora isso não me importa mais...


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a minha memória anda boa

consigo me entristecer

com as bobagens mais ternas...

a minha memória anda melhor ainda

lembrando histórias

impossíveis de qualquer retorno...

a minha memória está prodigiosa

sentindo cheiros e ares e cores

de tudo que está em minha volta...

a minha memória está extraordinária

tenho lembrado de mim mesmo

e isso me faz chorar um pouco menos...

a minha memória é a própria história

caça detalhes mais imperceptíveis

como um cão que fareja pistas...

a minha memória anda tão ruim

que ás vezes fico me perguntando:

o que eu estou mesmo fazendo aqui?


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sons cadenciados feito um tambor

numa parada militar

ou num samba-enredo

não há mais o que chorar

a vida é apenas um brinquedo

eu escuto os sons de meu peito

e acabo me assustando...


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a estética ao avesso

indo de encontro

à toda lógica possível

pedaços de carne falantes

grandes nadas em ação

fotos agora fora do papel

a existência mais efêmera

dependendo de likes

e mentiras açucaradas

escondendo o choro

toda realidade dói


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Hei de me preparar para chuva

dessas que gostam de nos pregar peças

dessas que nos gelam até os ossos

que nos fazem arrepender de ter saído

também vou me preparar para o vento

desses que assassinam folhas

mais do que o próprio tempo faz

ventos malvados que desmancham

tudo o que encontram pela frente

hei de me preparar para que até os sonhos

me peguem desprevenido e me matem...


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Que eu sou um tolo

acho que todos sabem

(pelo menos eu sei,

mesmo fingindo que não)

Tolo, mais humano

que eu deveria ser

(erramos além da conta,

isso é mais que certo)

Sempre e sempre tolo

como todos somos

(talvez mais um pouco

por teimar em sonhar)...


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A luz se apagou

apagou a luz

ou fecharam os olhos?

Fiquei surdo

ou os sons

foram embora?

Não sei mais nada

ou nunca soube?


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Vã Ciência Humana

 


Estamos confusos 

em nosso maior esclarecimento

Estamos tolos

providos da maior sabedoria

Estamos cruéis 

enquanto saturados de ternura

Estamos malvados

mesmo com o peito cheio de amor

Somos os reis do planeta

e a maior praga que ele possui

Nossa alma não tem preço

mas nossa dignidade tão pouco

Somos o que há de melhor

e o que há de pior também

Em palavras erguemos castelos

e em palavras matamos deuses

Estamos com fome

e devoramos o nada

Estamos com sede

e partimos para o deserto

Nossos amores nos maltratam

e nossos sonhos nos desesperam

Eu sou meu maior caçador

e não tenho pena de me ferir

Eu afio o machado para o carrasco

fui eu que inventei todos os castigos

Estamos bailando para o abismo

e preparo o mergulho no tsunami

Fui eu que dei o grito

para poder acordar a fera

Estamos confusos

em nossa maior ciência

Estamos tolos

em nossa maior filosofia...

domingo, 13 de dezembro de 2020

Inevitável Alegria de Um Desesperado

 


De mão dada eu vou comigo mesmo,

contando piadas para a minha sombra...

O caminho? Eu escolho à esmo,

pois nem fantasma mais me assombra...


Malvadas pedras que meus pés firam,

atalhos que favoreçam uma emboscada...

Mostro o meu peito para os que atiram,

tudo o que eu fiz já deu em nada...


Perdi o medo de qualquer assalto,

não me importo com prazo de validade...

Do topo do prédio que for mais alto

poderei ver a sujeira de minha cidade...


Entro em qualquer fila só por entrar,

sou um cara honesto, bom  cidadão...

Moro tão perto, mas nem vejo o mar,

conheço tudo, mas não tenho opinião...


De mão dada eu vou comigo falando,

contando piadas para a minha tristeza...

À cada segundo me desesperando

só existe uma única certeza...

Alguns Poemetos Sem Nome Número 89

 


Eu me senti 

como um barco sem rumo

E algumas ruas

eram mares escuros


Eu me senti

como o morto no enterro

E a minha morte

era o fim de meu sonho


Eu me senti

como um anjo sem asas

E essa vida

era a antecipação do inferno


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um carnaval para cada tristeza

um carnaval parecendo tristeza

velhas melodias reencarnadas

fantasias rasgadas saindo das covas

eu trago comigo angústias mortas

acabei rindo e rindo de mim mesmo

não sei fazer os mais certeiros versos

mas saudade demais carrego sempre


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um, dois, três,

a expectativa de uma felicidade

que nunca virá


três, dois, um,

a festa preparada para o sonho

que acabou morrendo


um, dois, três,

o menino olhando para o céu

guardando inconfessáveis segredos...


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acendo meu cigarro

e vejo o mundo

mate-me antes

dos velhos sonhos

assim fazerem

os horários foram

esquecidos de vez

chove muito

o mundo é

um grande rosto

com várias lágrimas

nada mais

eu quero falar


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palavras presas

feito um navio negreiro

não se sabe qual morte

virá primeiro

se a morte do enfado

se a morte da doença

o tédio me matará

com sua simples presença


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sim e não ao mesmo tempo

eu fiquei jogando pedrinhas pelo caminho

a monotonia ensinou-me muitas coisas

algumas me ajudavam e outras não

me cansei de tantas fotografias

gestos estáticos semelhantes a morte

faltam-me ideias e muitas

gostaria de sair por aí andando

sem algum objetivo plausível

mas os domingos são tão malvados...


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o mundo não é mais cão

quem pensa assim erra

o mundo já deixou de ser cão

desde a primeira bomba

o mundo agora é rato

apenas rato

e andamos em limpos esgotos

por cima dos milhares de corpos

da nossa triste espécie


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não há mais espaço em minha pele

para tantas correntes

que se chamam compromissos

sobretudo os que eu não quero

gostaria de ter mais tempo

para poder com calma contar o tempo

e rir muito da morte

quando ela tentar chegar de surpresa

e ver que eu já a esperava faz muito


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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 88










Há um preço justo

Para qualquer saudade 

Um tiro certo...

Em qualquer alvo

Presas e caçadores

Até se parecem um pouco...

Eu ás vezes me desconheço

Sem reconhecer minha cara...

Fujo dos espelhos

Como o diabo foge da cruz

E minha fuga de nada adianta...

Sinto um gosto metálico

Em meu mau-hálito

Que pode ser de nicotina

Ou ainda de puro desespero...


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Eu sonhei com passeios tranquilos

em jardins imaginários...

Em tardes mornas cheias de paz

E flores de caprichadas cores...

Quis que os contos de fada

em certo repente fossem reais...

E os castelos de pedras azuis

não caíssem nunca mais...

Eu apenas sonhei e nada mais...


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bichos e plantas e rostos

todos eles acabam partindo

a morte não tem escapatório

eu fico nu em plena praça

e vou rindo de mil insanidades

que eu mesmo fiz 

em dias mais ou menos longos

em que enganei-me pensado

que tudo poderia dar certo...


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Tudo é um jogo

apenas um simples jogo...

Gudes bonitos 

e flechas traiçoeiras

vão em nossa direção

com a mesma intensidade...

E enquanto eu choro

aquela poesia morta

vai escorrendo entre 

meus gélidos dedos...


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Eu nunca foi bonito

até o azul dos olhos

mudou de cor...

Eu nunca fui bom

me defendi do meu jeito

de maldades atiradas...

Eu nunca fui feliz

se tive essa impressão

é porque intoxicado estava...

Os meus sonhos morreram

um a um lentamente

como as folhas em seu tempo...


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eu tenho meu tempo todo

e não há como evitar tal feito

meu tempo me segue persegue

até e sobretudo se me deito

malvado tirano bandido

ri da minha cara e do meu jeito

num dia virá me buscar

para morar em seu peito...


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Como numa batalha interminável

os metais brilhavam debaixo do sol

Com seus sons desprovidos de melodia

traziam medos aos seus combatentes

Não sei porque mas em minha memória

surgiam antigas gravuras medievais

Um sangre negro e expostas feridas

é o que mais chamava minha atenção

Eu até hoje e sempre folheio o livro

das minhas emoções que se degladiam...


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...