Tento em vão exercer o mais nobre dos ofícios,
praticar o mais exaustivo dos exercícios
Que o mais triste dos mortais pode praticar
ficar na cama, imóvel e apenas - olhar...
Olhar para ver se as paredes envelhecem
assim como envelheço e os meus medos crescem
Um tédio vai entrando e consumindo por dentro
e eu nem sei mais por quais labirintos eu entro...
Sei que entrei em muitos deles, até que me perdi
e até hoje me pergunto: O que estou fazendo aqui?
Poderia bem estar em um outro mais feliz lugar,
conhecer novas terras, novos céus, um novo mar...
Ser o valente cavaleiro, o mocinho, o novo herói,
mas vem esse mesmo tempo que tudo destrói...
O tempo que derruba sonhos, derruba os castelos
e também acaba com os nossos sonhos mais belos...
Queria apenas poder fumar os meus cigarros,
enquanto lá fora vão passando todos os carros,
Enquanto as guerras matam o que há pela frente,
seja mata, esperança, bicho e também gente...
Eu gostaria de ser até mais um pouco simpático,
não falando verdades, o que é até mais prático...
Não me sentir tão culpado com tudo de ruim,
não desesperar com o que não aflige a mim...
Mas eu sinto em minh'alma a dor do meu irmão,
com certeza mesmo magoado ainda tenho coração...
Eu queria ao menos poder dormir mais um pouco,
não me ficar tão aflito como se fosse um louco...
Mais um cigarro e beber mais um outro café,
olhar pela janela e saber que a vida é o que é...
Que talvez para todas as coisas existem remédios,
menos para a morte que é o maior dos tédios...
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