Ela se vestia de branco
eu me vestia de preto...
E rapidamente nos encontrávamos
pelos fins de tardes avermelhados
como se eles fossem o sangue
que enrubescia nossas faces
desejando o inconfessável...
Ela possuía as cores da alegria
eu pintava minha cara de luto...
E de vez em quando discutíamos
pelas banalidades mais sérias
pelos pequenos detalhes
que ajudam aos relógios
cumprirem seus compromissos...
Ela colocava seus pés no chão
eu colocava minha cabeça nas nuvens...
E mesmo com tanta tempestade
a nossa vontade de dançar sob o céu
no meio daquelas ruas vazias
nunca passava nunca
até que um dia ela acabou passando...
Ela temia um futuro imprevisível
eu ainda chorava pelo passado...
E mesmo olhando para o teto
enquanto nossos cigarros queimavam
podíamos imaginar todas as estrelas
que em bando se indagavam
porque não estávamos dormindo...
Ela foi pro cais e partiu
eu fiquei no mesmo lugar chorando...
E mesmo sem saber mais notícias suas
ainda fico imaginando aqueles olhos
aqueles olhos que brincavam comigo
correndo pelos mais eternos labirintos
até que não pudesse mais correr...
Ela correu direto pro que chamou vida
eu estou o esperando a morte que já veio...
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