quinta-feira, 31 de março de 2016

Todo Tempo do Mundo


Um tempo mais que o tempo...
E canções perdidas em volta de velhas fogueiras
Que nem o vento nem a chuva conseguiram apagar...

Um tempo mais que o tempo...

E rostos bonitos de amizades mais sinceras
Que ainda riem e contam histórias mais engraçadas...

Um tempo mais que o tempo...

E presentes esperados e novos no fim de ano
Os meus brinquedos dançavam entre nuvens...

Um tempo mais que o tempo...

E eu não sabia fazer nem contas fora dos dedos
O mundo lá fora parecia ser o melhor possível...

Um tempo mais que o tempo...

E a tristeza e a alegria se confundiam numa só
Porque a inocência é a lente de todas as coisas...

Um tempo mais que o tempo...

E a revolta fechando nossas mãos 
E enrijecendo os nossos dedos de uma vez...

Um tempo mais que o tempo...

E os anjinhos lá dum céu todo azul
Dormem um sono mais que tranquilo...

quarta-feira, 30 de março de 2016

Ando Tão Cansado


Quando vejo tanta notícia
De bandido de polícia
De guerra explodindo lá
De guerra explodindo cá
Da falta de comida
De uma vida bandida
De tudo dando errado
Eu ando tão cansado...

Quando escuto essa mentira

De falsidade de desamor ira
De sonho morrendo lá
De sonho morrendo cá
Da falta de guarida
Do beco sem saída
De guerra sem lado
Eu ando tão cansado...

Quando eu vejo tanta balela

Do viver que é numa cela
Da morte chegando lá
Da morte chegando cá
Da lágrima caída
Da honra vencida
Do jogo que foi roubado
Eu ando tão cansado...

Eu ando tão cansado...

terça-feira, 29 de março de 2016

Outros Poemetos Sem Título


Imagino uma pilha de vidros estilhaçados
Vidros muitos deles e outros ainda mais
São apenas alguns sonhos estraçalhados
Que não voltarão jamais...

Imagino uma pilha de brinquedos quebrados

Que jazem agora em qualquer um canto
Um dia foram aqueles os mais esperados
Mas acabou-se todo encanto...



________


Amo as coisas pequeninas
Aqueles que se mexem 
E aquelas que imóveis estão
Tudo é tão terno tão suave
E cabem na minha mão...

_________


Eu sempre falo com as nuvens
Elas não me respondem ou não escuto
Eu sempre falo com as nuvens
Eu só consigo vê-las lá em cima
São nuvens e o menino que eu era
Ainda consegue chegar perto delas...


___________


Por mais rebelde que seja
Por mais que grite entre os homens
Por mais que meu sangue suba nas faces
Não há nada mais poderoso que o sonho
Não há nada mais forte que a ternura
E o sonho manda entre as gentes
Mesmo ao mais desesperado

segunda-feira, 28 de março de 2016

Alguns Poemetos Sem Título


Na manhã mais um dia vai morrer
São horas são mais algumas horas
Que a vida se escorre vai embora
E nós vamos então nos esquecer...

O que foi aquilo que foi ontem?

Não sabemos não mais lembramos
Talvez seja aquilo que queiramos
Não saber se atravessamos a ponte,,,


______


Um. Dois. Três.
São os números que precisamos saber.
As outras quantidades são apenas inverdades
De um tempo ilusório à correr.
Três. Dois. Um...

_______


Nada mais nada menos
Que os mais doces venenos
Do que acontece agora
Além da janela no lá fora
Nada mais nada menos
Apenas detalhes pequenos

________


Com quantas palavras se fala um idioma?
Depende de quem o fala...
Se for a boca muitas, o peito só uma basta...

_________


Poemas são poemas, bons ou maus, feios ou bonitos
E até nada isso nada são,
Poemas são o que são, até meio que esquisitos,
Dependendo de cada emoção...

___________


Queria ser apenas versos, não mais humano,
Versos guardados em qualquer um canto,
Pois a vida sempre morre,
Mas sempre fica o lirismo, o encanto...

Azul Sem Azul


Não cantei o lirismo dos poetas de ontem
Porque me faltaram coisas bonitas aos meus olhos
Não me faltou o sentimento mas era outra a moldura
Ruas sujas e ruas mais sujas ainda foram o que tive
E um vagabundo fumando seus cigarros baratos
Esperando que os dias retrocedessem uma vez só
O poço não mais existe nem a morte ainda veio
Mas por que viria se a vida fez o mesmo papel?
É engano o coração bater e o pulmão respirar
Há tantos mortos que não o sabem por aí...
Os violinos não tocam no outono nem harpas
Não há janelas que eu possa olhar mais
Há sol? Sim mais ele apenas representa o calor
E lá embaixo os que olham para o alto ainda dormem...
Minhas mãos não possuem calos e são rudes
Que importam mais ou menos cores nesta aquarela?
Grito todos os dias sem nunca ser ouvido...
Tento repetir as canções do rádio que não sei a letra...
E vou adivinhando as cartas que o destino não postou
O tarot errou e acabou errando muito feio
Nunca seremos felizes nem contentes nem mais nada
As fogueiras todas se apagaram com apenas um sopro
E as cinzas se espalharam com as de um morto pelo mar
Não há mais nada o que fazer senão a espera
São gotas que caem de uma torneira mal fechada
Que só serve para nos atrapalhar um velho sono...
Não quero mais me levantar cambaleando pela noite
Nem fazer círculos em volta do meu velho quarto
Tudo muda e tudo permanece da mesma forma...

sexta-feira, 25 de março de 2016

Vale Um Poema


Vale um poema
O sono da amada com um jeitinho doce
Das doces preguiças de um sol
Que pode só brilhar em nosso peito...

Vale um poema

As doces ilusões que nem fumaça de cigarro
Nos dias em que não faço nada
Olhando as quatro paredes de meu mundo...

Vale um poema

A falta de jeito de falar coisas mais simples
Pois elas são melhor faladas com os olhos
Uns olhos que acabam se tornando parte da alma...

Vale um poema

A certeza de nossos pés adiante pelo caminho
Procurando outras e outras terras
No planeta de nosso peito mais vadio...

Vale um poema

Os bichos bem pequeninos que nos enternecem
Os brinquedos amontoados que parecem sorrir
Os velhos móveis dentro da velha casa...

Vale um poema

As velhas estampas quase que amarelas
As ruas cheias de poças d'água 
E os sono intermináveis do menino...

Vale um poema

O choro que vai correndo lentamente em minhas faces...

quarta-feira, 23 de março de 2016

Quando Ela Vem


Quando ela vem vem sambando
Respira sem estar respirando
Olha sem ter uns olhos pra olhar
São olhos mais verdes que o mar
E olha que ela vem tão bonita...
É a morte que vem mais aflita!

Quando ela vem vem suspirando

Ama ser estar nem amando
Vem fechar aquela nossa ferida
Que se abriu com nossa vida
E está vindo com jeito inocente...
É a morte que vem pegar gente!

Quando ela vem vem sem saber

Qual o caminho que vai percorrer
O carro vai entrando na contramão
Num segundo parou meu coração
Ela vem chegando assim do nada...
É a morte que vem fantasiada!

Quando ela vem vem sambando

Respira mas está agonizando
Olha sem ter uns olhos pra mirar
São olhos mais azuis que o ar
E olha que ela vem tão bonita...
É a morte que vem fazendo fita!...

domingo, 20 de março de 2016

Una Canção


...pra ser sincero eu não sei nem cantar
canções que sejam apenas não sinceras
mas que nos defendam dessas tais feras
as feras que nos ferem e querem nos devorar...

...as pernas não obedecem não vou correr

e numa estranha coreografia morreu o dia
e Judas não se arrependeu mas quem diria
quem saberia que isso iria afinal nos ocorrer...

...e eu bebo apenas um gole pra mole não dar

e não falar demais de todos os meus medos
porque alguns dos medos são uns segredos
e alguns segredos não podemos nem mostrar...

...e eu vou assobiando um assobio que é frio

mas algumas coisas frias  podem até esquentar
e tornar quase insuportável todo o nosso ar
que ainda é mistério e ainda traz um calafrio...

terça-feira, 15 de março de 2016

O Grande Teatro da Morte


A morte não existe por isso ela existe demais
São rajadas de ventos ou brisas macias temporais

Eu morri quando meu amor me deixou

Quando uma grande amizade se acabou
Quando meu brinquedo foi quebrado
Quando meu grande plano deu errado

A morte não existe por isso ela existe demais

É a rotina dos dias e os dias de guerra sem paz

Eu morri quando minha fé se estremeceu

Quando a minha vista de repente escureceu
Quando o parque de diversões foi embora
Quando começou à chover muito lá fora

A morte não existe por isso ela existe demais

E sempre vem dançar faceira em meus festivais

Eu morri quando a poeira se levantou do chão

Quando todas as certezas foram num caixão
Quando vi que apenas representava uma peça
Quando ela acaba é porque apenas começa

A morte não existe por isso ela existe demais

Existe tanto barco esperando a partida no cais...

segunda-feira, 14 de março de 2016

Alma de Gato


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É preciso ter alma de gato...
Apreciar o sol quente das manhãs
Não esperar promessas tolas e vãs
Continuar no seu afã de preguiça
Ora que delícia!...

É preciso ter alma de gato...

Conhecer o alto de todos os telhados
Fugir rápido para todos os lados
Estar na mais permanente reflexão
Ai meu coração!...

É preciso ter alma de gato...

Saber correr por cima dos muros
Espreitar pelos becos mais escuros
Estar contente e sempre sério
Eis o mistério!...

É preciso ter alma de gato...

Fixar os olhos aonde está o fato
Saber como vamos pegar o rato
Saber aproveitar dos dias
As tristezas e as alegrias!...

Miau.

domingo, 13 de março de 2016

O Melhor dos Piores (Mais Que Tudo)

Imagem relacionada
Mais que tudo vou escrevendo
Sem me importar se vou morrendo
A vida vai seguindo a exaustão
Morre tudo, menos o meu coração...
Eu sou o melhor do pior que há
Amei sem saber o que é amar
Sonhar era minha maior preocupação
Numa  corda bamba de sim e de não...

Mais que tudo vou fugindo

Se me importar onde é que vou indo
Vou contando cada palmo de chão
Às vezes esta é a nossa única opção...
Eu sou o melhor do pior que há
Cantei sem saber o que é cantar
Ficar quieto é pior que extrema-unção
Ser apenas uma sombra na escuridão...

Mais do que tudo vou me desesperando

Sem me importar com o até quando
Meus pés pelo caminho ainda andarão
Cada estação vem depois da outra estação...
Eu sou o melhor do pior que há
Voei sem saber o que é voar
Vai enchendo de fumaça o meu pulmão
Eu era apenas um menino, hoje não sou não...

quarta-feira, 9 de março de 2016

ÉPáCabá ou Ai, Meu Sábado!

Resultado de imagem para palhaço chorando
hipertenso gosta de sal diabético gosta de çuca
o cara mais santo que tem aí gosta de uma uca
a vida mais forrada tá mais que do que forra
vamos colocar ordem logo nessa porra
o balanço já virou apenas uma balança
acabou todo o motivo e me cessou a dança
e eu me transformei como um bom burguês
que paga suas contas no fim de cada mês
eu quero de volta aquela minha divertição
que me dava dor de cabeça sombra no pulmão
a estética já vai embora quando for abril
e eu quero que a dor vai pra puta que pariu
minha cara Valéria eu queria ser só chupado
pois acabei de perder a noção de certo e errado
eu gozo na sua boca e a porra é você que engole
viver dessa vida mais que morta não é nada mole
essa vida é mais que um convite pros urubu
quanto mais melhor você vai levando no seu cu
pois fazer o bem é apenas uma faca de dois gumes
quero vá lá no fim da feira catar uns legumes
comer aquele pastel com aquele caldo de cana
e depois ser um fodido no resto da sua semana
a menina novinha acabou beijando a sua boca
ela é muito putinha viciada ou quase que louca
eu não escolho mais nenhum verso que faço
já virei astronauta e olha que nem fui por espaço
já descobri quem é deus ele se chama dinheiro
e as melhores gozadas que dei foi no banheiro
aprendi que não existe mais nada além de agora
e que todo recato tá na fotografia de bunda de fora
e eu tenho medo de assombração e também de elogio
quem sente calor vai de regador e com frio vai de rio
senhoras e senhores eis as sete maravilhas do mundo
perder a vida a alma e as pregas apenas num segundo
tragam as torradas que eu já trouxe o nosso chá
as flechas são de fogo e ainda podem nos queimar
eu endoideci e não sei mais o que eu vou fazer
façamos jejum pois na Bahia não há mais dendê
hipertenso gosta de sal diabético gosta de çuca
o cara mais santo que tem aí gosta de uma uca...

(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 8 de março de 2016

Estrada Infinita


Estrada infinita de segundos incontados
De todas as cores, de tons matizados
Eu que sempre olhei e ainda não sabia
Onde ela ia dar, onde é que iria...

Estrada infinita de tantas e tantas figuras
Que se tornaram pedaços de minhas loucuras
Eu subi até as nuvens e ainda não desci
No meio delas procurando o que perdi...

Estrada infinita cheio de muitas dores
Só hei de caminhar por onde fores
Em terras que nem tive vontade de estar
Porque ainda sinto saudades do velho lar...

Estrada infinita eu mesmo e eu somente
Acabo confundindo a minha própria mente
Não sei se algumas alegrias ainda virão
Pra poder consolar este pobre coração...

Estrada infinita que acabei então amando
Diga-me se sofrerei mais e até quando
Mesmo sendo estrada tenha dó de mim
E me proteja viajante até que a morte chegue enfim...

domingo, 6 de março de 2016

Insaneana Brasileira Número 100 - Ó Eu Aqui De Novo!

Gavetas não perdoam ninguém... Abrem suas bocas na primeira oportunidade! Os velhos que o digam... E as lembranças ferem mais que lâminas bem pontudas. Cortam mais que facas mais que afiadas. E o tempo bebe o tempo todo. Os cabelos de Sá Ninha um dia não eram brancos muquefre safado de bica! E as novidades afinal só eram... O rosto macio sem ruguinha sequer. E a modernidade na ponta do dedo antes de cair no chão e se quebrar que nem vidro. Ah, matalão! Babão de calça e meia! Gosto que me enrosco de inventar qualquer coisa e sinea! Ah! Ah! Ah! Calça xadrez no bregão e aqueles sapatos feiosos que dão até medo no respirar. Não sei se rio ou se choro ou se faço os três. Em média as coisas medianas ficam no meio de coisas medievais. Ah! Foi só um chazinho como os ingleses da Inglaterra... O que é de ontem chamam de cerimônia. É mamambo de enche-cara! Até tu de se arrumou pra festa um dia... Tu não bambeava que nem estrepe na rua... Nem cercava franguinhos em noites de quarta-feira... Olha só a ruína de cara tosca. Tinha o rego bom! Um par de coxas de causar pitite e ontem mesmo dar uns beliscos naquela carne... Mas alargou a xota no vuco-vuco sem gração. Todo mundo é o de capa de revista e tudo dá mais que certo. Dá o caralho! Metade dos troços falhou antes de começar e a outra metade depois... Gozaram na porta! Lambrecaram e melaram a porra toda! E qualquer coisa que saiu dali foi mero fatality. Acabou o jogo! Quem perdeu perdeu... E ainda assim mesmo conta marota às brabas. Tudo arroto de rabo! Cabou de cabar. A merda sempre acontece a primeira vez. Nada existiu antes. Nem o tempo. Cabou de cabar. Minhas rendas. Minhas prendas. Minhas tendas. Minhas lendas. Minhas vendas. Poetizo quando quero. E nada custa. Só a vida que vai passando de levinho...

Diga Aonde

Diga aonde
Estão aqueles pássaros que acordaram o dia
E aquelas velas que desafiaram qualquer mar
E as recordações que teimam cada segundo...

Diga aonde
Estão velhos planos e novos amores sufocantes
Como a ansiedade de brinquedos mais que esperados
E as reuniões de família em fotos mais que solenes...

Diga aonde
Estão as setas atiradas em mais inocentes guerras
Como sinais de trânsito de fatos bons e assim ruins
Ruas estampadas nas retinas com um tom só de cor...

Diga aonde
Estão aquelas bandeiras de ventos mais que vadios
Que acabavam se transformando em brancas roupas
Nos varais que nunca se via ou se notava então...

Diga aonde
Estão os velhos amigos que afinal não envelheceram
E as cinzas de intermináveis cigarros num cemitério
Onde as nuvens se tornavam outras nuvens de sonho...

Diga aonde
Estão os acordes mais bonitos que ainda não sei tocar
E as impressões que ficaram com um sonho mal sonhado
Onde certeza e incerteza andavam de mãos dadas...

Diga aonde diga aonde...

sábado, 5 de março de 2016

Nosso Castigo

Nosso castigo é o mais cruel
Ter asas e não poder ir ao céu
Sentir e não poder ter emoção
Amar e não possuir um coração
Ser bom e só poder fazer maldade
Ser eterno e viver para a idade
Ser são e continuar ainda doente
Vibrar e ainda estar indiferente

Nosso castigo é o mais insano
Ser fera e continuar a ser humano
Estar em todos os lugares em nenhum
Ficar sem beber e estar sempre bebum
Querer bem e só sentir apenas tesão
Ser constante como a roupa da estação
Estar sempre apoiando o outro lado
O mesmo brinquedo de estar parado

Nosso castigo é o mais louco
Perder muito e chorar por pouco
Atirarmos e sermos os próprios alvos
Termos salvação e nunca estarmos salvos
Nos enrolarmos com a nossa malandragem
Irmos longe e esquecermos nossa bagagem
Chorar pelo milagre que nunca aconteceu
Se você não entende muito menos eu

Nosso castigo é o mais cruel
Ter asas e não poder ir ao céu... 

Canibais Modernos

Os canibais modernos usam ternos
Os canibais modernos são eternos
São os mais honrados empresários
São os donos de todos os capitais
São os regentes dos corais de otários
São os vampiros querendo sempre mais

Os canibais modernos usam gravata
Os canibais modernos matam a mata
São os políticos mais desonestos
São os policiais que são assassinos
São os articuladores mais funestos
São o choro de todos nossos meninos

Os canibais modernos são educados
Os canibais modernos são adequados
São os bons samaritanos são Judas
São honestos mercadores da guerra
São os profetas do deus-nos-acuda
São os assassinos da nossa terra

Os canibais modernos usam ternos
Os canibais modernos são eternos
São os que possuem sua cara-de-pau
São os que desprezam toda a poesia
São os que se envenenam sem ficar mal
São os que também serão devorados um dia...

terça-feira, 1 de março de 2016

Nunca Fui Normal

Nunca fui normal...
Num bando de ovelhas é tudo igual...

Normal, careta, bonzinho, bem comportado
Com noções dicotômicas de certo ou errado
Eu falo, eu grito, eu xingo e também cuspo
Gosto de viver novidades e também de susto

Nunca fui normal...
Procurando em cada dia um carnaval...

Normal, arrumado, quietinho, exemplar
Com nada de erros e tudo à acertar
Gosto da noite, das putas, dos que não têm nada
Não gosto de aparências e de fachada

Nunca fui normal...
Sempre esperei por aquele temporal...

Normal, exato, fazedor de cálculos e contas
Certinho, com as arestas aparadas, sem pontas
Eu sou aquele que anda por estreitos corredores
E que nunca viveu nenhum dos grandes amores

Nunca fui normal...
Fazemos parte de um grande lamaçal...

Normal, sensato, cheio de mais sadios tiques
Moralista, acostumado à dar meus chiliques
Marginal que sou muito me honro disso
De ter a vida como único e falível compromisso

Nunca fui normal...
É melhor ser diferente do que ser igual...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...