sábado, 3 de outubro de 2015

Em Festa (O Medo de Todas As Coisas)

Resultado de imagem para menino apavorado
Eu tenho medo de todas as coisas. De tudo que posso enxergar. Que estão por aí pela vida. Ou estão pelo lado de cá. Nas coisas que eu nem quero dizer. Ou naquelas que posso rimar. Imagens retidas na retina. Que à qualquer hora posso olhar. 
Eu tenho medo de todas as coisas. De tudo que ainda está no ar. Que estão na primeira  página. Ou que eu possa desenhar. Que eu escrevo na parede do banheiro. E não posso nem confessar. E como eu suo frio. E a minha testa à queimar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Daquilo que não posso evitar. O álcool subindo à cabeça. As pernas que começam à faltar. Todas as noites mal dormidas. Que eu não podia sonhar. Quem é triste só tem pesadelos. E nem pode ao menos parar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Me afogo na beira do mar. Escorrego de escadas impossíveis. Perco a força de gritar. Nem sei mais onde estou. Como se isso fosse importar. Haviam muitos outros risos. Enigmas que não posso decifrar.
Eu tenho medo de todas as coisas. A garganta que está a secar. De muitas coisas que não sei. E que nem posso imaginar. Como um ladrão no meio da noite. A morte vai vir me buscar. Como tudo é uma surpresa. A hora ninguém vai avisar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Do lado B e do lado A. Das velas acesas nas esquinas. Da bala que não pode parar. A vida é tão complicada. Mas ainda pode mais complicar. Ainda existe muita fumaça. Eu não posso nem respirar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Até das coisas que não podem me amedrontar. Todas as coisas que não existem. As coisas que estive à inventar. Imagens retidas na rotina. Que agora estão do lado de lá...

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