Esqueço que me esqueço que em
parte de mim mais careço de molhar a goela. Morto por tabela arrasto a carcaça
debaixo deste malino sol. Nem uma palavra me contem nem mesmo o saboreio de
tanta coisa. É assim. Quero que não quero a maldade de sinos despertando na alta
madrugada. Os ingleses estão chegando! Os ingleses estão chegando! Mas o que
tenho lá com os ingleses? Eu fiz os livros. Escrevi página por página.
Presenciei todos os humanos dramas. E testemunhei cada menina lágrima de
rostinhos sujos de feia poeira. Eu sou os pés que andaram pelos caminhos. E as
pragas que o cansaço pariu. De boca aberta ou boca fechada tanto faz. Nada me detêm.
Nada pode deter minha marcha. Eram tantos os planos dos sábios. E todos eles
falharam. A morte vem dançando frevo ou qualquer outra dança. É exímio
dançarino e faz academia todos os dias. Toda previsão será ao contrário. Toda estatística
é uma mulher feia e antipática que nos detesta. Um solo de guitarra nos cai bem
se soubéssemos pelo menos tocar. Mas o que sabemos? Mira pro tiro. Alvo pra
brincadeira. De mau gosto como são quase todas as outras. Como vão? Já deram
água para os camelos? Coçaram as bochechas dos dromedários? Há muita areia por
aí. E quarenta graus para nós é pouco.
Cinquenta graus é a previsão pra hoje e pra amanhã e pra todos os dias
que se seguem. Até que esfrie tudo. O suor esfriou a mais social das camisas.
Quem falará coisa alguma? Eu só queria ser o próximo sorteado...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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