sábado, 17 de outubro de 2015

Insaneana Brasileira Número 86 – Calor Insano

Esqueço que me esqueço que em parte de mim mais careço de molhar a goela. Morto por tabela arrasto a carcaça debaixo deste malino sol. Nem uma palavra me contem nem mesmo o saboreio de tanta coisa. É assim. Quero que não quero a maldade de sinos despertando na alta madrugada. Os ingleses estão chegando! Os ingleses estão chegando! Mas o que tenho lá com os ingleses? Eu fiz os livros. Escrevi página por página. Presenciei todos os humanos dramas. E testemunhei cada menina lágrima de rostinhos sujos de feia poeira. Eu sou os pés que andaram pelos caminhos. E as pragas que o cansaço pariu. De boca aberta ou boca fechada tanto faz. Nada me detêm. Nada pode deter minha marcha. Eram tantos os planos dos sábios. E todos eles falharam. A morte vem dançando frevo ou qualquer outra dança. É exímio dançarino e faz academia todos os dias. Toda previsão será ao contrário. Toda estatística é uma mulher feia e antipática que nos detesta. Um solo de guitarra nos cai bem se soubéssemos pelo menos tocar. Mas o que sabemos? Mira pro tiro. Alvo pra brincadeira. De mau gosto como são quase todas as outras. Como vão? Já deram água para os camelos? Coçaram as bochechas dos dromedários? Há muita areia por aí. E quarenta graus para nós é pouco.  Cinquenta graus é a previsão pra hoje e pra amanhã e pra todos os dias que se seguem. Até que esfrie tudo. O suor esfriou a mais social das camisas. Quem falará coisa alguma? Eu só queria ser o próximo sorteado...

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