eu sou o filtro do cigarro
a rigidez do músculo
a colisão brusca do carro
a luz após o crepúsculo
o que o desespero espera
o furo na sua canoa
a morte de toda quimera
qualquer verdade que doa
eu sou o último trago
que pena! acabou a bebida!
o silêncio incontido e vago
a memória de uma ferida
o que chegará ontem
o que chegaria agora
a ruptura daquela ponte
que já perdeu as escoras
eu sou a queda da ave
eu sou a quebra do ovo
deus vindo de espaçonave
sambar no meio do povo
num dia quente de maio
no meio do mês de abril
me segura que senão eu caio
no coração do Brasil
eu sou a falta de cerveja
eu sou a falta de azt
qualquer ladrão que se eleja
na madrugada a tv
só quero se não tiver
só peço se for impossível
meu mar já virou la mer
uma puta de alto nível
eu sou o beijo no asfalto
a onda em copacabana
a reação ao assalto
a alegria de uma bagana
eu sou o fundo do prato
eu sou a pedra no rim
o que te deixa de quatro
teu maior amigo: o fim...
(Sepetiba, RJ, 25,02,1997)
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