quinta-feira, 8 de outubro de 2009

De Um Cínico Número 4 ou Não Há Milagres

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Não há milagres no céu
Não há milagres no mar
Não há milagres no véu
Nem há milagres no estar


Os milagres que conheço
São tão fáceis de achar
Todos eles têm um preço
Que você pode pagar
A boca que você beija
A luz de qualquer olhar
Vale o preço de uma cerveja
De madrugada num bar


Não há milagres na parte
Não há milagres no total
Não há milagres na arte
Nem há milagres no banal


Os milagres que conheço
São tão fáceis de curtir
Eles são como o adereço
Que você pode vestir
A flor que nasce bela
E a juventude do moço
Como aquela luz da janela
Tudo cabe no seu bolso


Não há milagres no bem
Não há milagres no mal
Não há milagres no além
Nem há milagres no jornal


Os milagres que conheço
São tão fáceis de saber
Os anjos têm endereço
As bocas precisam comer
Os mitos são inventados
Os heróis e suas batalhas
Aos ricos os bons bocados
Aos pobres suas migalhas


Não há milagres no púlpito
Nem milagres no terreiro
Não há milagres no súbito
Nem há milagres no corriqueiro


Os milagres que conheço
São tão fáceis de achar
E minh"alma que esqueço
Ainda está no mesmo lugar
Tão triste e desiludida
Sem nada que a consagre
Sabendo que esta vida
É o nosso único milagre


Não há milagres nos profetas
Não há milagres nos perversos
Não há milagres nos poetas
Mas talvez exista nos versos!!!

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