eu quero a infância perdida
eu quero a inocência roubada
o que restou desta vida
o que ficou na calçada
e a tua cara lambida
triste e tão debochada
eu quero o gozo dos pares
eu quero a insistência dos ecos
a fumaça que sobe nos ares
a cachaça pelos botecos
a tristeza vinda dos lares
mil canções feitas de tecos!
eu quero a ciência dos loucos
eu quero a beleza da dama
o mundo que morre aos poucos
se afogando na lama
os pedidos vãos e roucos
de todo idiota que ama!
eu quero a palavra falsa
eu quero cânticos profanos
o que se esconde na calça
bem debaixo dos panos
puta velha dance a valsa
com o michê de quinze anos!
eu quero a dor de ressaca
eu quero a sede maldita
o brilho vindo da faca
a saudade fazendo fita
o desespero de um babaca
por uma bunda bonita!
eu quero a distância perdida
eu quero a vitória frustrada
e a tua cara lambida
que já ficou na calçada
o que restou desta vida
somente isto e mais nada!!!
(Sepetiba, 03-06-1998)
(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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