quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Osculum

 

Um beijo

Uno beso

One kiss


Com ou sem pompa e circunstância

Tão perto ou com máxima distância

Escondido ou com toda exuberância...


Um beijo

Uno beso

One kiss


Cata-ventos ao vento e estátuas estáticas

Em segredos banais e histórias fantásticas

Em camas de pregos ou camas elásticas...


Um beijo

Uno beso

One kiss


Notícias de jornal ou velhas histórias

Algumas derrotas ou várias vitórias

As classes mais altas ou as escórias...


Um beijo

Uno beso

One kiss


Qualquer beijo sem importar o sexo

O de costume ou que deixa perplexo

Tudo tão simples mas tão complexo...


Um beijo

Uno beso

One kiss...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Eu Mexo no Teu remelexo, Não Me Queixo e Tudo Deixo (Para M.y.C.)

Estar onde não estou, me confundir com tal coisa, nunca reclamar. Cada dia seguinte será apenas mais um carnaval. É na laje! É na laje! Esqueci minha acrofobia por esse excesso de doses. Não tenho mais relógio de pulso, mas quem o roubou também. Ainda tenho motivos para sonhar, isso me basta...

Eu sou o trem! Eu sou o trem! As onze ficaram para trás, eu estou aqui. Como maestria faço segredos públicos enquanto viver é a coisa mais difícil, porém a mais normal. Meus feitiços deram em nada, mas ainda assim vou vivendo, cão e gato ao mesmo tempo. Tantos ardis que fiz e nem um beijo sequer...

Olha batata! Olha a banana! Olha a laranja! Essa feira-livre, minha e nossa, ao mesmo tempo céu e inferno, com seus artifícios, verdade seja dita. Não fecha teus olhos enquanto beijamos na boca, faz parte do nosso ofício de pecados e manhas. Não sou campeão de verbalizações, mas meus dedos ainda são meio arteiros e minhas mãos, instrumentos de pura maldade...

O grande problema é esse - queria ser enterrado no jardim lá de casa, mas a maldita prefeitura não deixa. Gostaria de admirar as borboletas, elogiar as rolinhas tímidas que pousam sob um sol de mais ou menos, brincar com os calangos medrosos. A solidão de muitos na necrópole não me atingiria mais...

Não corte estes cabelos, por favor! São bonitos deste jeito mesmo, emaranhados. Mande a racista filho-da-puta ir até a esquina ver se há mais algum perigo inventado. Todos os meus elogios foram sinceros, solenes e até engraçados. Mas é o que se pode esperar de um pobre clown que quando começa a falar, mesmo nas teclas, não consegue e nem quer parar mais...

Deixe que eu admire tuas curvas, não me cobre por isso, eu sou apenas mais um pobre poeta e isso já é o bastante para me entristecer por dois segundos. Dois segundos de uma eternidade que é bem mais do que a estrela de qualquer grandeza. Tuas coxas são abismo, pena que o fluido do meu isqueiro barato acabou...

Eu não sou machista, longe de mim! Mas bato palmas para todas as Evas e todas as Liliths, sejam elas quais forem. Os meus olhos que o digam, em velhas revistas sob o estrado da velha cama criei as histórias que até agora não contei. E se contasse, hoje nada mais valeriam, nem para mim...

Chove de madrugada, chove sim! E aqueles pequenos pés podem ficar sobre minhas pernas, na eternidade que puder ter...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Marginalis III

O nude vestido de ilusão.

A fantasia da realidade. 

Nos ferimos sempre. 

Quanto mais, melhor.


Anjos de fogo gélidos.

Os caretas mais modernos.

Temos medo do medo.

A parede caiu, foi ontem.


O hot-dog sem o dog.

Para a fila uma outra.

As casamatas de papel.

O feijão queimou, amém.


O charuto era de tostão.

Temos caixas de surpresa.

Sorvetes sem cobertura.

Cada um de nós, o nada.


A vida posta em promoção.

Fortes indícios de crimes.

Palavras cegadas com areia.

Ventos vindos daqui e dali. 


A liberdade foi cancelada.

Nós dispensamos o tempo.

Nem plano A, nem plano B.

As lembranças se apagaram.


Vai aí um soco na cara?


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 25 de janeiro de 2025

Marginalis II

O prêmio do nada para nada

(Ócio quase que negócio)

A café está sem açúcar

Mas também não tem sal

As abelhas agora batem palmas...


Ditadura do bom-comportamento

(Faíscas dos metais das espadas)

Restos para serem comidos

Em dias que houverem bem-te-vis

Estudando lições de inglês...


Cozinhamos em fogo brando

(Se isso possível ainda for)

Os urubus usando seus crachás

E um classicismo tão inovador

Faz que choremos sem motivo...


Eu quero mas nunca mais quero

(Biscoitos homemade sempre finos)

A fama é a mais moderna apatia

Dançamos sobre palcos imaginários

Enquanto a arte recebe chibatadas...


O cachimbo faz que a boca entorte

(Toda nova palavra é apenas monstro)

Faremos uma enorme fogueira todo dia

Inventam aquilo que não querem

O espinho não pede que o toquemos...


Eu só consigo rir de mim mesmo...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Marginalis I

Estranho até que não seja

Comum até que possa enjoar

Aquilo que não queremos - temos...


A dor no corpo, a dor na alma

A queda da escada, o trauma...


Vulgaridade mais do que rara

O mau vem disfarçado de bom

Aquela bala perdida - se achou...


A fome mata, a sede tortura

A própria doença pode ser cura...


Malícia que pode ser inocente

A morte é pontual em seus deveres

Aquele motivo de loucura - confirmou...


É tudo água, é tudo fogo

Não existe regra pra esse jogo...


Chuva que pode até nos queimar

Toda nossa tradução acabou falhando

Aquele monstro da lagoa - que teve medo...


Estranho, muito estranho, estranho mesmo...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Brabulina Calabembo

A teoria do sagrado boneco do eco.

A paratonice do velho lar sem asas.

Casa de ferreiro nem palito existe.

Vamos brincar de engolir moedinhas?


A fila de todos os filas-brasileiros.

Sá Marica só bebe coica-coila.

Berenice injetou açúcar nas veias.

Vamos comer álcool em gelatina?


Miribimbo comeu grosso a pulamba.

Cachorro belga num vai mais de conga.

Meu instrumento predileto - pedra de gelo.

Vamos fazer um circo lá no palácio?


Pulico comeu a rapa da rapa da rapa.

No brechó você quase que fica pelado.

Fumo de rolo que o pepolo ganhou ontem.

Vamos comer bife à cavalo-marinho no Marinho?


Sivirina Xaque-Xaque bebeu cana e gostou.

Lavei minha roupa com lama como costume.

No beco eu tou mais seco que nem Zé Leco.

Vamos patar pato no mato que nem gato?


A teoria do sagrado bonico do ico.

A paratonice do velho lar sem asas.

Casa de doceiro nem pirulito existe.

Vamos brincar de engolir mãedinhas?


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 330

Talvez um sono, apenas isso. E nosso medo talvez passe. Frio ou calor, apenas ilusão, nada mais. O que eu queria, agora não quero mais. Toda vontade acaba se cansando. Os sonhos vão dormir. Apenas os nomes permanecem, até que alguém também esqueça...


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Novelas, senhor, novelas. O destino acaba escrevendo de uma em uma. Todas diferentes, mas todas tão iguais. Fantasias, senhor, fantasias. Um carnaval por ano, depois cinzas. Tudo voltará ao que foi antes. Os apitos das fábricas, as buzinas dos carros e a nossa impaciência cotidiana. Novelas, senhor, novelas...


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Os sonetos que vô fazia, nunca poderei lê-los, Perderam-se no tempo que nem frases de amor em cascas de árvores. As árvores caíram, foram para o fogo. Os sonetos que vô fazia e vó chorava quando ele lia. O amor de tantos filhos que vieram ao mundo e foram embora há mais de século, só sobrando o DNA...


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Bonecos é o que somos. Não há como negá-lo. Os bonecos que morrem esperando em filas intermináveis... Os bonecos que envelhecem nas fábricas ganhando bem menos do que merecem... Os bonecos que sofrem de amores ingratos que partem sem despedida... Os bonecos que aplaudem as mentiras de outros bonecos mais poderosos... Bonecos é o que somos. Não há como negá-lo. Bonecos?...


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Em um relógio cego guardei minhas mágoas. Em paradoxos duvidosos perguntei até não poder mais. Em uma esquizofrenia dançante fiz meu carnaval naquela praça. Era um verão com cara de inverno e com muitas maquiagens borradas e baratas. Em um grito só acordei o mundo de suas tolices. Fiz caretas diante do espelho até que ele não suportasse e gargalhasse como um menino...


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A boca mente, as mãos, nunca... Os olhos possuem alma, os pés, teimosia... Eu sou aquele que caiu da escada com pressa do filme no domingo de tarde, o cinema nem existe mais... Trança de cabelos de Dalila ao vento... Palavras sepultadas além de sete palmos... Inúmeras onda que nem soube contar... A magia do mago era de coisas bem simples...


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Sem começo, sem final... O começo foi continuação do final anterior. O final será mais um começo que recomeçará. O meio caminho para o céu, céu já é. As chuvas são o choro as nuvens e para elas cabe nossa despedida. Somente aquilo que quis é que não tive. Meu discurso foi interrompido inumeráveis vezes pelo meu próprio riso. Deixem-me voar, mesmo sem ter asas, eu ainda o mereço. Todos os meus segredos são conhecidos desde o começo. Sem começo, sem final...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Insolidez Imediata

Maldade aos bons, bondade aos maus

Eu fiz uma bandeira enfeitada de Caos

Em nossa escada faltam os degraus...


A mortalha de Pã agora nos acoberta...


Cigarros matam e a tristeza mata mais

A vida é apenas este nosso velho cais

Nenhuma guerra poderá nos trazer paz...


Quanto menor o senhor maior é o escravo...


A favela agora se fantasiou de velho oeste

E sou apenas mais um pobre cabra da peste

Que nunca mais passou em algum teste...


Sabão em pó para branquear o fantasma...


A modelo desmaiou ao desfilar na passarela

Goela acima, goela abaixo, tudo a mesma goela,

No meio da escuridão serve qualquer vela...


Alugamos ostras para que as pérolas morem...


Maldade aos bons, bondade aos maus

Eu fiz uma bandeira enfeitada de Caos

Em nossa escada faltam os degraus...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 329

Haviam dúvidas feito certezas

Haviam certezas feito dúvidas

E pássaros noturnos 

Com alguma certa cantoria

Venha logo vento da madrugada 

Varrer para longe bem mais longe

Essa tristeza que de nada serve...


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A estética em nada mandou

Temos ilusões tão costumeiras...

Ela parecia tão bonita e não era...

Somos mais ou menos 

Como desenhos pintados nas cavernas

Que alguém pensou que entendia...


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Cada instante que passa

Eu me envelheço

Cada mágoa que tenho

Eu me aperverso

Nem fim nem começo

Apenas eu começo...


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Com mais chuva

Com menos certeza

Viajo em que nuvens?

Lágrima vindo

Meu riso indo

Faltam-me cores...


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Que cada verso meu

Seja uma carta para o futuro

O futuro que não verei

O futuro que não me espera

Que nem se lembrará de mim

Antes isso me importava

Agora nem um pouco...


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Vai chover! Nada poderemos fazer senão abrigarmos. As nuvens ficaram entre magoadas e com raiva - eis o que aconteceu. Vai esfriar! O senhor sol quis nos castigar por nossas maldades - acabou acontecendo isto. Vai ventar! Leve para longe folhas mortas - e algumas mágoas também. Lá vai o rio! Leve embora todas as minhas lágrimas, tão salgadas feito o mar...


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Rota de colisão

Rota de coalisão

Esperto

Desperto

Por perto

Por certo

Ah, não...

sábado, 11 de janeiro de 2025

Galáxia

A treva, A trave. 

O amor. O desamor.

A porta. A chave.

O encanto. O horror.

A cova. A nave.

O invisível. A cor.


Como nascer. Como morrer.

Como ser comida. Como comer.


A inocência. A malícia,

O americano, O francês.

O tropeção. A perícia.

O nunca mais. O outra vez.

O sumiço. A notícia,

O excesso. A escassez.


Como voar. Como cair.

Como chegar. Como partir.


A notícia. O boato.

A carícia. A faca.

O passarinho. O gato.

A calçada. A maca.

O legal. O chato.

O esperto, O babaca.


Como nerd. Como caipira.

Como pandeiro, Como lira.


A treva, A trova. 

O inquieto. O torpor.

A vitória. A prova.

O carinho. O ardor.

O berço. A cova.

O não vai. O eu vou...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Sine Qua Nom

Para estarmos tristes -

Basta sermos humanos...


Humanos com guerras

Que apagam todos os sonhos...


Para termos dias de chuva -

As nuvens mudam sua cor...


Essas mesmas chuvas

Que dão vida ou podem matar...


Para tropeçarmos e cair -

Esqueçamos os detalhes...


Nadamos sobre cacos de vidro

Com os pés desnudos de risos...


Para o mal poder vencer -

Só perdoemos nós mesmos...


O sal consegue escapar do gosto

E a beleza fugir dos olhos...


Para fazermos o maior milagre -

Deixemos vivo o nosso menino...


Qualquer viagem pode começar

Aonde exatamente termina...


Para estarmos tristes -

Basta sermos humanos...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Da Maciez das Pedras

Escolhemos sempre o lado ruim...

Jogamos fora nosso escasso tempo...

Dançamos pra chuva dentro d'água...

Borboletas ápteras...


Só rezamos da forma mais profana...

Pintamos de cinza todas as cores azuis...

Há carnavais em todos os nossos lutos...

Café frio e amargoso...


Nossa cegueira agora tem nome...

Deitamos sempre na areia movediça...

Só contamos mentiras para o espelho...

Pombos de rapina...


Pérolas para o almoço dos porcos...

O estômago vazio nos faz companhia...

A falta de razão agora que tem razão...

Enigmas esvaziados...


Cem andares debaixo do chão...

Mistérios sem sentido algum...

Todo final se torna um começo...

Pedras mais macias...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Moscas Mortas Num Jarro

Que ao menos sobrevivamos

Com Dantes e sem infernos...

Água que nos queima sempre

Até onde nós estaremos?

Picardia certeira feito sopro

Eu ainda sei alguma coisa?


O rosa de sua lingerie

Me faz divagar até acordado...

A maldição está lançada

Feito uma pipa na água?

Nossas poucas moedas

Conseguirão comprar Judas?


A musa tem os dentes cariados

E várias cicatrizes pelo corpo...

Aprenderei a falar patulês

Antes dessa novela de risos?

A perfeição é um pitbull gago

Que sonha em roer as janelas?


Minhas vertigens têm horário

E neles há chás com biscoitos...

O faraó agora decidiu somente

Que irá colecionar formigas?

Minha depressão dança polca

Enquanto colhe uvas em roseiras?


O moderno monstro do pântano

Planta couves em apartamentos...

Saberemos cumprir a tradição

Da vulgaridade mais moderna?

Ainda somos uns seres humanos

Ou moscas mortas num jarro?...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Vai Querer?

Saiu gritando pra tomar seu chá

Era de paranauê ou de paranauá?

Bebeu cachaça depois do guaraná

Essa porra é só pra me irritar?


Vai querer?


Morcego bom é quem vai pra lá

Dormi pelado pra não me resfriar?

Não boto as botas e nem vou botar

Me mostra a bunda pra eu beliscar?


Vai querer?


Ela morreu comecei a só chorar

Pega o ovo ali e vai logo fritar?

Estátua bonita é pra se admirar

Quem tacou fogo no meu canzuá?


Vai querer?


Inventei o novo verbo - fantasmar

Quer sair logo do meu lugar?

Quem subiu na pia foi o meu piá

Você é da banda de lá ou da de cá?


Vai querer?


Vou pedir benção se você ensinar

Se ninguém se cala por que me calar?

Colocaram fogo no pobre do cafezá

Posso beber até poder me vomitar?


Vai querer?


Cuidado tem marimbondo no maracujá

Deram pro cavalo uma dose cavalar?

Quanto mais quente mais vai esfriar

Se não tem bli-bli-bli tem blá-blá-blá?


Vai querer?

Ah. vai sim, né?...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Drops de Morango para Perseguidos

Cabeças de cachalote para um bom pirão

Barulho de cerveja em lata se abrindo 

Em manhãs plenas de quase madrugada

Preciso do reco-reco para escamar o peixe...


Farofas vegetarianas de carne para o grão-vizir

Ele dançou charleston comendo mingau de aveia

Estamos combinados em não combinar nada...


Os moicanos agora não estão moendo cana

Fiz um desafio quando acabaram todas as pilhas

A estátua se cansou da imobilidade e dançou baião

Todo arrependimento é precedido de uma certeza...


Peidei na roda de samba bem mais de trinta vezes

Fui vampiro de mim mesmo na hora quase exata

Esperei em pé porque sentado acaba cansando mais...


A francesa agora só sai viajando se for à francesa

Encontrei um caroço de milho no meio do feijão

O carro do ovo acabou de sobrevoar nossa cidade

Discretamente estava usando sua capa e sua cartola...


Eu só falo inglês de for com sotaque de iugoslavo

Só consigo beber cerveja quando estou dormindo

Trabalho tanto que nem tenho tempo para trabalhar...


Todos acabam gostando daquilo que não gostam

Comprei um bando de abelhas para nosso almoço

Meu estilingue é mais potente que a bomba atômica

Quero um coco seco e três bananas por herança...


Só planto cambalhotas em total e absoluto silêncio

Quem erra na rima acabou acertando na sua prima

Foi ontem mesmo que eu coloquei o boné no meu pé...


Todo comediante é um criminoso quando mata de rir

O falso profeta fez frango com quiabo pra todos nós

Vendo chá nos mais deliciosos e coloridos cubos de gelo

Acabo ficando totalmente despido quando penso em algo...


Dei um pulo em Jacuíba e acabei parando em Sepetiba

Na hora que todos foram dormir eu estava levantando

Um solo de flautas de melancia para clarinetes de bombom...


Um minuto por dia para nos dar saúde e muita agonia

Só escrevo aquilo que nunca escrevi e acabei escrevendo

Uma simples pá de cal já é mais do que o suficiente

Copos de plástico para os caros cidadãos da Macedônia...


Vamos rezar com extrema calma para os drops de morango

Que agora estão fervendo em seus dourados caldeirões

Agora são os ratos que estão perseguindo os gatos...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Conversidades

O musaranho do tamanho do estanho.

Hermengarda montou guarda na farda.


Vamos pro ataque

Vamos pro nhac

Vamos no baque...


Os deslizes das perdizes são apenas crises.

Henrique deu um chilique na hora do aplique.


Vamos pro ateque

Vamos pro nhec 

Vamos no cheque...


Pelas manhãs faltam pães para todas irmãs.

Soraia usa uma saia que quase desmaia.


Vamos pro atique

Vamos pro nhic

Vamos no chique...


A carapuça de camurça serviu bem na la ursa.

Fabiano era tão profano e também humano.


Vamos pro atoque

Vamos pro nhoc

Vamos no choque...


A mosca não é tão tosca quando come a rosca.

Daniel cumpriu seu papel e foi um dia coronel.


Vamos pro atuque

Vamos pro nhuque

Vamos no truque...


Esse rango de morango era samba e era tango.

Tatiana foi na semana passear em Copacabana.


Vamos pro ataque

Vamos pro nhac

Vamos no saque...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 5 de janeiro de 2025

ZunhaVéia

Geneti, geneti, geneti,

Fufaranho, fufaranho, fufaranho,

O mancebo tá cheio de sebo,

A madona caiu na poltrona...


Finfuleco, finfuleco, finfuleco,

Caporombo, caporombo, caporombo,

O pentelho cresceu até o joelho,

Num segundo eu comi o mundo...


Pixucamba, pixucamba, pixucamba,

Menuchembo, menuchembo, menuchembo,

Vou tomar gardenal até chegar o carnaval,

Cidadão vai para a praia e lá desmaia...


Cricunenho, cricunenho, cricumenho,

Gururuco, gururuco, gururuco,

Quanto mais vendo mais vou desaprendendo,

Foi no bumba-meu-boi quem foi...


Caculé, caculé, caculé,

Pipapimbo, pipapimbo, pipapimbo,

Faça chuva e faça sol tou aqui no urinol,

Tive uma grande ideia vou roer a unha véia...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Ecce Momo

Pararaquitangos in sambibiras 

Eremebombos in pararaquitambos

Hum, hum, hum, miropimbo

Vamoi pererebumba aquilá?

Ele comia sua marmita na obra...


Luaina setirepemba qualimimanba

Nuim peteretumbo desgracento 

Ah, ah, ah, calapibimbo satero

Niboica di zóio teim marimpamba?

Penteava seus cabelos com espinhas...


Gararirambo seme dorimponimbo

Bolotinambo serí seró miterecrambo

Hem, hem, hem, matruconembo boli

Patacuchimba derere putimbimba?

Custava os olhos da cara enxergar...


Pacubumbumbo metiranema sapari

Calapilu benene gramimam serino

Ui, ui, ui, garrafeneto cuturubembo

Có lomembombo sepiparambo?

O senador morreu afogado no Sena...


Gacitarambi perereculi pitanganga

Balupopombo hai tererequirambo

Oh, oh, oh, nacanaca petorinam

Cacaquiman petereré nuchimba?

Miloca agora mora na maloca...


Furi-furi-furó nimpetotumbo chuê

Balalacreco micuramba lepe-niqui

Ih, ih, ih, cinzemadim cafuramim 

Puxuxo bambim gananamim berero?

Os bigodes do gato superam todos...


Wawawá mertibonera salimimbo

Caferimbombo manaquiqui surona

Tim, tim, tim, cagagafébo vararaquim

Tuntuco maricorou panaquirambo?

Na missa do galo comeram frango...


Bagazim melidramo sacanembo

Cuquimenta serere catimporembô

Uh, uh, uh, nabaquirambo uêé

Tontilo bubudinho pimpinho macaquitoso?

Vamos fazer belos comerciais de nada...


Ecce Momo, Ecce Homo, Ecce Omo...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Curtura Geiral

Faiça chuiva oui faiça sól

Vamo mijai noi urinó!


Toi teindo um istrimiliqui

Mai seirá qui foi trambiqui

Mai seirá qui foi bailela

Qui peidaro na noivela?


Peixi bão éi queim avoa

Toi mi caigando àtoa?


Vamu toimá coiquinho

Goilinho por goilinho

Nãum preicisa di tristeiza

Vamu caigá eim cimai dai meisa


Paissarim nuim bilisca nimim

Tai tãum bão aissim?


Queiru paissiá nai feiria 

Prai peinsá un monti di beisteira 

Mainga maidura oelu preiço di bainana

Voi aluigá un jeigui im Coipacaibana


Hipopó tai fazeindo un reigime

Quai seirá u sieu crieme?


Iá caintora beim mai faimosa

Aigora sói uisa calcinhá roisa

Eila arrainca us penteilhos toidinhos

Poibres dus peinteilhos poibrizinhos


U maicaco tái sie escoindendo nui buraico

Seirá qui soibrou ailgum caico?


Aichei mai di uim livru joigadu nui lixu

Aindai beim qui nuim taiva chei di bichu

Tinhai uas leitras qui ieu nuim tindia

Quaise qui pergruntei prai Mairia


Ia baileia quaisi viurou saereia

Aigora tai uisando aité meiá?


Ieu aigora toy eicumênicu

Soy iscrivinho nui paipel higiêinico

Ia bairata sy caisou coum u raito

Ivai toido muindo caigá nuy matu


Faiça chuiva oui faiça sól

Vamu caigá noy paylitó?...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Poesia Gráfica LXLI

A MINHA POESIA REDONDA É QUADRADA A MINHA POESIA QUADRADA É REDONDA A MINHA ÁGUA SOBE MORRO ACIMA O MEU PÁSSARO VOA PELO CHÃO O MEU AMOR ME ...