sábado, 31 de outubro de 2015

Quando Todas as Flores Fazem Um Minuto de Silêncio...


Vamos fazer um minuto de silêncio...
Pelo rosto bonito cercado de sordidez...
Pela inocência acabada em fotos de redes sociais...
Pela alegria que viveu apenas uma vez...
Pela vida que queria viver uma vez mais...

Vamos fazer um minuto de silêncio...

Com os olhos tristes como o quê...
Com a garganta aos poucos secando...
Rezando em vão até não mais poder...
Sem saber o que estamos implorando...

Vamos fazer um minuto de silêncio...

Pela tal estupidez chamada de humana...
Pela moda que tudo e todos escraviza...
Pelo prazer que morre em um fim de semana...
Pela morte que vem e que nunca nos avisa...

Vamos fazer um minuto de silêncio...
Vamos lamentar as guerras matando inocentes...
Lamentar todas as nossas leis agora falidas...
O desperdício de tantas e de tantas vidas...
E nossas instituições que ficaram doentes...

Vamos fazer um minuto de silêncio...

Pelas orações que não possuem mais Deus...
Pelo preconceito de um Deus enlouquecendo...
Pela crença fanática de todos os ateus...
E pelas pedras que também vão apodrecendo...

Vamos fazer um minuto de silêncio...

Para todas as palavras que já soaram vãs...
Para os bichos de pelúcia jogados num canto...
Para todas as noites que já foram manhãs...
E para cada dor que não teve acalanto...

Vamos fazer um minuto de silêncio...

Como todas as flores de um jardim qualquer...

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dias Comuns


Os dias comuns merecem meu apreço...
São aqueles que nada acontece mas nada nos fere...
Não conseguimos grandes amores impossíveis
Mas também não choramos por paixões malvadas...
Não participamos de grandes aventuras
Mas conseguimos ir até o seu final respirando...
Não são dias de grandes cores numa aquarela
Mas os seus tons de amarelo tranquilo nos protegem...
Neles não existem grandes risos e mas nem grandes choros...
São os dias que nossos passos vão onde vão
E se não corremos também não paramos...
Conseguimos enfim simplesmente vivê-los...
Tudo que estava sendo esperado acabou vindo...
Tudo que deveria acontecer simplesmente aconteceu...
Não aconteceram belas surpresas 
Mas nada nem ninguém nos feriu...
São dias comuns... Sem muito sol nem muita chuva...
Dias comuns que passam como que desapercebidos
Mas que deveriam ter o nosso agradecimento...
Não deixamos de ser humanos por sermos iguais...
Um dia a mais foi passado tão suavemente
Que deles ingratos que somos nunca mais lembraremos...
Foram dias que nos acolherem em sua morna alegria...
Ninguém foi embora... Nenhum barco naufragou...
E até mesmo os soldados esqueceram suas guerras...
Os pássaros cantaram sua cantoria para o mesmo sol...
Foram apenas dias e dias comuns...
E como gosto deles...

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A Insustentável Rudeza do Ser

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Enquanto meus desejos querem
As minhas mãos à tudo ferem
E minhas alucinações tudo gerem

Enquanto meus olhos só espreitam

Os labirintos já se estreitam
Mas os erros nunca se endireitam

Enquanto eu digo ser humano

Pareço até ser mais que insano
Por tudo que trago sob o pano

Enquanto eu danço esta dança

Minha mente não mais alcança
O que um dia foi minha esperança

Enquanto meus ensejos confundem

Minhas próprias carnes se contundem
E criadores e criaturas já se fundem

Enquanto meus olhos se entortam

Os meus sonhos são os que abortam
E os meus princípios não comportam

Tudo é insustentável tudo impossível

Tudo é insuportável tudo é corruptível
E logo sem ver atingimos o inatingível...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Eu Procuro

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Eu procuro...
Um cão
Que me lamba a mão...

Eu procuro...

Um amor
Que não me dê dor...

Eu procuro...

Uma razão
Que fale ao coração...

Eu procuro...

Um vento
Que me dê alento...

Eu procuro...

Uma estação
Que nunca fale não...

Eu procuro...

Uma contentação
Que me faça campeão...

Eu procuro...

Aquele sonho 
Que me faça risonho...

Eu procuro...

Um cão
Que me lamba a mão...

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Insaneana Brasileira Número 87 - Chamarás, Chamarés & Chamarins

Ah! Tá... Vá que leve seu candengo safadico de nada. Eu, Sá Ninha declaro que neste mundo de ManDeus três tipinhos de águas fazem a diferença: Os que sonham, os que não sonham e os que nem sabem o que é isso. Os que sonham? Comem dobrado e comem puído, mas nas nuvens chegam. Sonhar é compromisso. Subir nuvens como quem brinca de goiaba no pé. É bom, mas tem seu perigo. Laranjicas também. Hum... Os que sonham constroem castelos mais fortes que os pedrados e circos de cavalinho que trazem risos nas bocas. Risos na boca são jardins de dentro. Crianças que souberam agarrar a eternidade com os dedos. Um estalo e estamos lá em cima. Hum... Os que sonham teimam em viver como se a vida fosse feliz ao seu jeito e na verdade é. Esqueça o primeiro choro. O amor já evem de trem. Esqueça o esquecimento. Caras boas sempre terão. Mesmo em revistas velhas. Tudo amarela com o tempo. Por que reclamar? Hum... Os que não sonham? Apagaram a vela da procissão tão bonita. E em dias de chuva não saíram pra brincar. Era tão bom. Mas assim mesmo tiveram medo do pobre do bacurau. Não conversaram com pé de laranja lima lima do pé. E abortaram tantos desejos que faziam suar qualquer testa. Sem doces na calçada. Ah... E mesmo quando preso solto à vontade. E mesmo chorando daqui há pouco um risinho meio que malvado num cantinho da boca. Nem me fale. Queriam porque queriam serem maus quando podiam ser bons. Serem os vilões da treta e a água sem sabor. A nova velhice que está vindo correndo por aí. Na verdade existem muitos pesadelos que poderiam ter sido felizes. Sonhem. Façam um esforcinho porqueira trancosa. Ah... Não custa nem tostão furado. Todos podem. Palhaço também ri das piadas. Mas não. Ah... Os que nem sabem o que é sonho? São carrascos do próprio enforcamento. Tralálá e tal. Nem sabem porque vivem se é que vivem. Engravatados e bem-sucedidos perdedores. Lâminas afiadas contra o próprio peito. Uh... São apenas ecos de um grito mal sucedido que acabou na boca mesmo. O jantar está na mesa e a cerimônia vai começar. Um Cristinho crucificado na tela e lágrimas secas para ninguém colocar defeito. É sobre isso que não falamos. Uh... É a elite fazendo massa da massa. E é tudo. Não sonhar. Não não sonhar. Porque tudo é como ponta de espinho. Um tapete de ossos interminável. E como tal. Tudo em seu devido e morto lugar. Tudo em arrumadas desarrumações. Como vai a disputa? Muito bem obrigado. Como vai a desculpa? A mais esfarrapada possível. Uh... O mundo acaba em dez segundos se depender de nós. Se depender de novas tendências de moda e novos brincos para a princesa filha do Imperador. É assim. A velha tá cansada mas fala mesmo. Estrundica safaida. Vai rir da meleca que se embolou nos dedos. Animada eu tou pra quermesse da Igreja. Fiz até paninhos e novas nuvens. Tincos danados de bons. Antão-se vamos nós...Ah! Tá...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Não Se Vive


Não se vive quando muito se vegeta
A escolha nunca foi ou será uma reta
Toda dor é mais ou menos secreta

E aí as gotas vão caindo

E os balões vão subindo
E os sonhos vão sumindo
Do que você está rindo?

Não se vive quando muito se vegeta

A tristeza é o único mal que nos afeta
Toda dor é mais ou menos concreta

E aí as rugas vão chegando

E as dívidas vão aumentando
E até se transforma em quando
Por que você está chorando?

Não se vive quando muito se vegeta

A dúvida é a nossa maior arma secreta
Toda dor é mais ou menos indiscreta

E aí o medo vai crescendo

E a alegria vai morrendo
E até o dia vai escurecendo
Do que você está correndo?

Não se vive quando muito se vegeta...

domingo, 18 de outubro de 2015

Eu Não Sei Escrever


Eu não sei ao menos escrever
Confesso - isto é um mero disfarce
Foi apenas para poder esconder
O que tinha na minha outra face

Eu não sei fazer nenhuma poesia

Não conheço regra de metrificação
Eu me escondo da luz desse dia
Meu verdadeiro lugar é a escuridão

Eu não conheço o que é o lirismo

Não faço ideia sobre o que é beleza
Apenas conheço o salto no abismo
E meu barco indo contra a correnteza

Eu desconheço o que é um carinho

O amor nunca me deu a sua atenção
Das rosas eu só conheço o espinho
Que machuca a alma e fere a mão

Nem sei ao menos onde é que estou

Nesse mundo nunca aprendi sonhar
Caiu no chão aquele vidro se quebrou
E não deu tempo nem de apanhar

Eu não sei ao menos escrever

Confesso - isto era apenas motivo
De ter um lugar para me esconder
Enquanto juro que ainda estou vivo...

Eu Saboreio

Eu saboreio essa eternidade exausta e sem luz
E o urso Ted jaz com seu sorriso indecifrável
Nada mais temos o que fazer neste dia abafado
Em que moscas são contas de um rosário que aflige
Hoje os misseis estão de folga ou ainda de greve
E alguns palhaços ainda não gostam de rir
Pois é são piadas velhas e muito manjadas que temos
E o velho leão que já o diga e também o confirme
O ventilador ventila algumas coisas até agradáveis
E outras até nem tanto e é assim que tem que o ser
As cores saltam de alegria perante uns olhos escuros
Já compilei todas as frases de efeito que vi por aí
E com elas construí uns balões mais do que eternos
Era a santidade de dias idos que me colocava medo
As velas acesas pareciam as almas que brincam
E o susto que sempre dão em medrosos homens
Honestamente nem sei mais onde é que eu ando
Pois os caminhos são mais que aqueles corredores
Tudo perdeu ou perderá seu encanto na próxima curva
E o encanto não era tanto assim era mais imaginação
A única coisa que sei é que sempre estive longe de mim
E agora o regresso nem Deus pode mais fazer
Vamos bebendo deste vinho mesmo que seja amargo
E as dores que sinto sejam as mais fortes que existem
Nós todos caímos como folhas que eram mais bonitas
Pois o destino dos frutos é uma triste podridão
Cada história é um best-seller que não será lido
E cada lápide uma recordação sempre desperdiçada
Não me peçam novamente um sorriso que um dia dei
A memória do computador sempre andou meio fraca
Estalo meus dedos e já saíram faíscas mais variáveis
E na noite rolo na cama pra lá e pra cá sem dormir
Não existe no mundo nada mais real que a ilusão

Eu saboreio esses sonhos um à um até quando não sei...

sábado, 17 de outubro de 2015

Todo Beijo É Igual

Todo beijo é igual...
Faça bem ou faça mal...
Dado na rua ou lá no quintal!

É um beijo é um ensejo assim acontece
Correndo ele chega e correndo desaparece
Na boca nos pés de língua ou ainda na mão
Beijos cheios de amor ou cheios de compaixão

Todo beijo é igual...
Cada qual com seu cada qual...
Debaixo do sol ou num temporal!

É um beijo é um desejo quente arrefece
Ele chega maldito ou ainda como uma prece
Quem sabe quem deu ou até quem não sabe
Boca dentes saliva em tudo o que cabe

Todo beijo é igual...
Que seja particular ou que seja geral...
Num dia de luto ou num dia de carnaval!

É um beijo é um lampejo que vem e que aquece
Ele que tudo quer e que tudo também nos oferece
Ele que nos alivia e também acaba tirando o juízo
O nosso lucro e também nosso mais total prejuízo

Todo beijo é igual...
Beijo inédito ou beijo normal...
Beijos e beijos e etcetera e tal!!!

Insaneana Brasileira Número 86 – Calor Insano

Esqueço que me esqueço que em parte de mim mais careço de molhar a goela. Morto por tabela arrasto a carcaça debaixo deste malino sol. Nem uma palavra me contem nem mesmo o saboreio de tanta coisa. É assim. Quero que não quero a maldade de sinos despertando na alta madrugada. Os ingleses estão chegando! Os ingleses estão chegando! Mas o que tenho lá com os ingleses? Eu fiz os livros. Escrevi página por página. Presenciei todos os humanos dramas. E testemunhei cada menina lágrima de rostinhos sujos de feia poeira. Eu sou os pés que andaram pelos caminhos. E as pragas que o cansaço pariu. De boca aberta ou boca fechada tanto faz. Nada me detêm. Nada pode deter minha marcha. Eram tantos os planos dos sábios. E todos eles falharam. A morte vem dançando frevo ou qualquer outra dança. É exímio dançarino e faz academia todos os dias. Toda previsão será ao contrário. Toda estatística é uma mulher feia e antipática que nos detesta. Um solo de guitarra nos cai bem se soubéssemos pelo menos tocar. Mas o que sabemos? Mira pro tiro. Alvo pra brincadeira. De mau gosto como são quase todas as outras. Como vão? Já deram água para os camelos? Coçaram as bochechas dos dromedários? Há muita areia por aí. E quarenta graus para nós é pouco.  Cinquenta graus é a previsão pra hoje e pra amanhã e pra todos os dias que se seguem. Até que esfrie tudo. O suor esfriou a mais social das camisas. Quem falará coisa alguma? Eu só queria ser o próximo sorteado...

É, Baby!

É, Baby, os soldados já estão se armando
E os senhores da Guerra estão prosperando
Fazendo seus disfarces mais que normais
São várias as armas e todas elas são iguais
São diferentes temperos e o mesmo sabor
Nasce a tristeza e vai morrendo o amor

E eu só queria, Baby, cantar a minha canção
Uma canção de terra e uma canção de chão...

Cuidado, Baby, o perigo sempre nos espera
Na forma de flor ou mesmo na forma de fera
Como um gole que vamos bebendo aos poucos
E quanto mais sãos vamos ficando mais loucos
Manchetes programas mentiras ditas em jornais
Nunca tivemos momento algum com alguma paz

E eu só queria, Baby, cantar a minha canção
Ficar contente pelo trem estar vindo na estação...

Eu já vou indo, Baby, meu tempo já está acabando
Só porque falei a verdade eles não estão gostando
Eu tentei acordar o irmão tentei acordar o homem
Fazê-lo acordar do sonho malvado que o consome
Já é tarde e estão chegando todos os seus guardas
Homens que esqueceram que são homens sob as fardas

E eu só queria, Baby, cantar a minha canção
Mas foi uma pena, Baby, mesmo ela foi em vão...

Um Dia Qualquer

Da boca sai uma canção sem ter canção
Não é bem canção é apenas um respirar
Porque o peito há muito perdeu a noção
Das muitas coisas que fazem o seu cantar

Nos olhos vai se formando uma imagem
Uma imagem sem cor alguma e nada bonita
É o que temos pra hoje esta é a paisagem
Que pode se formar em nossa alma aflita

Nas narinas vai entrando um cheiro estranho
É cheiro de flores mas todas elas estão mortas
E este cheiro vai sufocando com seu tamanho
Me oprime com lembranças de paredes tortas

É um dia qualquer um dia pequeno um dia triste
Como tantos outros que hão de vir hão de passar
E de tudo aquilo que passou ou que ainda existe

Só me restou aquilo que eu não queria – chorar...

O Vento

O vento batia em todas as folhas...
O vento era malvado!
Ele não sabia onde é que ele ia...
Era vento pra todo lado!
O vento varria todas as ruas...
Era um senhor prendado!
Tirava as coisas do seu lugar...
Me deixava desesperado!
E ia mexendo com a água da chuva...
Não deixava nada parado!
Mas às vezes ele até que dormia...
Ele também ficava cansado!
E ele também era meu amigo...
Era um amigo dedicado!
E acabou levando meu amor...
Antes eu nunca tinha chorado!...

Alegre Alegria

Não há novos palmitos para serem comidos e nem novos dengos nas vitrines em exposição. Eu quero novas pragas que não possuem mais maldição. Alegre alegre como estou e nunca esteve assim meu coração. São as roupas e as novas drogas da estação. Morenos saudáveis sarados e tarados como não? Extremo in extremis já recebi minha extrema-unção. Bionicamente eu tenho em mente a minha salvação. É neve de leve cada qual com seu quinhão. Fabrício no alto do edifício faltou sua visão. Ideias plateias é isso que eu faço questão. Estranho o tamanho do meu vício minha perdição. Eu era a minha própria quimera quem dera não fosse mais não. O capim-navalha agora se espalha sai cortando a minha mão. Se há perigo procuro abrigo no meio do meu tesão. É por um acaso o meu atraso já soltaram aquele balão. Ó minha amiga foi uma intriga o que fizeram que deu confusão. Eu era o moço não via o fosso nem tinha preocupação. Pois era cedo não havia medo nem da assombração. Estamos lá só houve azar nem houve declaração. Sem cantilena sem um poema não há problema se acabou a diversão. Eu fiquei sério não há mistério sou campeão. Perdi a rota ninguém me nota eu cheguei na estação. Alegre alegre como estou e nunca esteve assim meu coração. A cada passo eu me ultrapasso sou astro da televisão. Desligue o nome digite o nome é a tradição. Eu penso alto isso é um assalto errei na mão. É a carestia de mais um dia ô meu patrão. Errei sangrei mas ainda não fui ao chão. A briga é feia não é só discussão. As coisas são boas somente no verão. Esqueçamos toda mágoa e esqueçamos a ilusão. A vida não faz questão. Já era senhor Capitão. Traímos os nossos Cristos na próxima eleição. O fio da nossa navalha não tem mais fiação. Já cai algo do céu eu acho que é o avião. Eu até já mudei de rosto já uso uma nova expressão. Alegre alegre como estou e nunca esteve assim meu coração. Eu fiz o meu texto e esqueci da canção. As noites são mais escuras são da cor de carvão. Chegou o dia dos bobos o dia da eleição. Eu nunca pensei nisso nem de antemão. É enorme essa cicatriz que marca minha canção. O segredo dos magos não é a solução. Alegre alegre como estou e nunca esteve assim meu coração...

domingo, 11 de outubro de 2015

Queimando

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Testa de fogo, ardente
Peito arfando, doente
Evidências sem poder esconder
O bobo aqui ama, é você
E ainda faz seus versos quebrados
Muitos são os tiros pros lados

Fogueiras noturnas, rituais
E os meus pesadelos, normais
Segredos, todos estavam vendo
Então meus olhos vão morrendo
E se pertenço agora à escuridão
É porque ninguém teve compaixão

A língua está seca, queimando

O tempo vai escorrendo, acabando
Eu nunca lhe falei sobre nada
É porque tinha medo, minha amada
E o tempo passou e acabou que nem vi
Quando precisar de mim estou aqui...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Siga a Regra


Seja um bom menino
Coma tudo do prato
Esse é o seu destino
Viver ainda é um barato...

Felicidade é coisa que se nega...

Siga a regra!

Seja um bom cidadão

Esta é a sua meta
Nunca faça questão
De se desviar dessa reta...

Às vezes até a luz cega...

Siga a regra!

Seja um bom animal

Carregue logo seu peso
É mais normal ser normal
Por isso não fique surpreso...

É tudo questão de entrega...

Siga a regra!

Seja um bom indigente

Estenda logo essa mão
Você é que é o doente
O poder sempre foi são...

Você olha e não enxerga...

Siga a regra!

Siga a regra! Siga a regra, porra!!!

sábado, 3 de outubro de 2015

Em Festa (O Medo de Todas As Coisas)

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Eu tenho medo de todas as coisas. De tudo que posso enxergar. Que estão por aí pela vida. Ou estão pelo lado de cá. Nas coisas que eu nem quero dizer. Ou naquelas que posso rimar. Imagens retidas na retina. Que à qualquer hora posso olhar. 
Eu tenho medo de todas as coisas. De tudo que ainda está no ar. Que estão na primeira  página. Ou que eu possa desenhar. Que eu escrevo na parede do banheiro. E não posso nem confessar. E como eu suo frio. E a minha testa à queimar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Daquilo que não posso evitar. O álcool subindo à cabeça. As pernas que começam à faltar. Todas as noites mal dormidas. Que eu não podia sonhar. Quem é triste só tem pesadelos. E nem pode ao menos parar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Me afogo na beira do mar. Escorrego de escadas impossíveis. Perco a força de gritar. Nem sei mais onde estou. Como se isso fosse importar. Haviam muitos outros risos. Enigmas que não posso decifrar.
Eu tenho medo de todas as coisas. A garganta que está a secar. De muitas coisas que não sei. E que nem posso imaginar. Como um ladrão no meio da noite. A morte vai vir me buscar. Como tudo é uma surpresa. A hora ninguém vai avisar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Do lado B e do lado A. Das velas acesas nas esquinas. Da bala que não pode parar. A vida é tão complicada. Mas ainda pode mais complicar. Ainda existe muita fumaça. Eu não posso nem respirar.
Eu tenho medo de todas as coisas. Até das coisas que não podem me amedrontar. Todas as coisas que não existem. As coisas que estive à inventar. Imagens retidas na rotina. Que agora estão do lado de lá...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...