quinta-feira, 25 de junho de 2015

Medo! Medo! Medo!


Eram os olhos arregalados em direção ao escuro do cômodo ignorado. Era a respiração cansada de uma caminhada de inúmeros passos além de todas as forças. Eram todas as coisas ao mesmo tempo e nenhuma delas. O poço no quintal abandonado cheio de fragmentos e com um céu distante lá em baixo. Isso tudo que se passou sem poder nem se ver. Folhas mortas de tempos idos sem propósito algum.
Eram os olhos envidraçados sem luz suficiente tateando pelos móveis há muito empoeirados. Era a teimosia que me fazia cair inúmeras vezes e levantar para cair de novo. Eram os sorrisos dos novos com uma maldade infinita. O choro engolido e sujo na manga da camisa era como um veneno que mata aos poucos. Isso tudo que se passou sem poder nem esquecer. Papéis perdidos com recordações tão caras.
Eram os olhos acinzentados sem cor que bem os identificasse cor um azul já perdido que nunca mais voltou. Era o fantasma suave e branco lençol pairando nos nossos maiores infartos. Eram os gritos sem som algum num prato vazio e num copo cheio. O mar querendo ser mais um assassino de beira. Nada é mais escuro que um coração que ama e uma cabeça que sonha.
Eram os olhos entortados pela luz de um solidão sem querer que trouxe muitos castigos. Era a faca brilhando para um sono bem profundo de morte. Eram os dias armados para não serem nada além de si mesmos. Estou confuso e meus pensamentos são povoados de insanos desejos. Como vou sair deste enredo de folhetim barato?
Eram só os olhos e mais nada...

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