segunda-feira, 15 de junho de 2015

Carta ao Poetinha Número 2 ou Eu Sonhei Um dia ou Da Grande Arte dos Sós

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Meu Querido Poetinha:
De novo este velho chato te escreve. É que hoje as nuvens acabaram sendo más e chove. Chove e faz frio. Como frias as manhãs que não queria nem acordar. Mas acordava. Acordava para ver as ruas de cores amareladas. Mas que hoje lamento não estarem mais lá. E também as noites em que não queria dormir. Mas dormia. Com medo das assombrações. E mais medo ainda do canto do bacurau...
Como vão as coisas aí? Se ainda choras pelo amor que não veio - esquece. Amores muitos ainda virão e irão nessa interminável estrada que se chama vida. E muitos são os teus dias... Aliás. A juventude é coisa que nunca morre. Nem a sua. Nem a minha. Ainda há muito riso por piadas infalíveis. E uma velocidade sem limites nos mais sábios encontrões. 
Uma velocidade de encher corações. E ainda se mais rápido do que qualquer um dos skates que vão ladeira abaixo. Uma velocidade maior do que as estrelas. Estão em nossos olhos em meio às ruas.
Meus dedos doem. E minhas carnes tremem de dor também. Mas além de tudo isso continuo vivo. Vivo como as sementes que dormem sobre o solo ainda esperando sua hora...
Há muitos enigmas para decifrarmos. Muitas esfinges com seus abismos. E nós que fazemos nós. Só o faraó tem alma. Mas na imortalidade brincamos. E contratamos nossas próprias carpideiras. 
Estou com muito sono. Devem ser as noites que devo à mim mesmo. Onde cigarros e cafés acompanharam minhas caminhadas. Quilômetros  e quilômetros no mesmo quase lugar. Janelas trancadas para que nem a luz da lua entrasse. 
Estou com muito sono. O sono de muitas semanas não contadas. Desculpe. Só queria saber em quais países andas. Em que terras passas. Quais bandeiras vão aos teus olhos. E quantos quintais brincas. Porque bem sabes que quintais são coisas sérias...
Vou parando por aqui. Esperando que estejas bem. Teu sempre
                                                                                   Poeta. 

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