terça-feira, 30 de junho de 2015

Carneirinhos

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Lá em cima estão os carneirinhos
Nuvens fofas e macias
Que passam os seus dias
Rindo dos homens mesquinhos!

Estão onde ninguém pode pegar

Nuvens brancas e multicores
Vão sonhando seus amores
Sem nunca precisar de acordar!

Lá em cima estão os carneirinhos

Nuvens solenes e desenhadas
Não precisam de mais nada
Pois suas flores são sem espinhos!

Estão onde ninguém pode pegar

Claros pedaços de puro algodão
Que podem ser pegos com a mão
Por todo aquele que imaginar!

Lá em cima estão os carneirinhos

E nós que aqui e ainda sorrimos
Tragam-nos desejos que pedimos
E nunca nos deixe tão sozinhos! 

(Para Jullyano Lourenço, o Poetinha).

Não Se Apague Minha Estrela

Não se apague minha estrela
Sua luz é suficiente pra acender meus olhos
Mesmo quando eu me entristeço 
E penso em me matar ficando mais vivo ainda
Faz parte da minha loucura e da loucura de cada um

Não pense duas vezes minha estrela

Venha me visitar todas as vezes que puder
Eu sei que existem muitos compromissos
Mas eu sou mais um daqueles muitos sofredores
Com a avidez de provar todos os beijos possíveis

Não demore muito minha estrela

Tantas coisas já passaram e nunca voltarão mais
Mas elas viveram estampadas naquele espelho
O mesmo espelho em que me mirei dezenas de vezes
E que era o único que na verdade me fez viajar

Eu não tenho nenhum dinheiro minha estrela

E eu sei como é caro poder alugar teu corpo
E o que o beijo que sacia vem dessa boca linda
Que faz programas mas não gosta de dinheiro
E eu nunca sei quando encherei de versos o ar

Eu não sou herói nem sou bonito minha estrela

E as maiores batalhas que participei foram aqui dentro
Num peito vazio quase sem coração quase sem alma
É fim de festa em todos os quintais as fogueiras apagaram
E os cantos que julguei gitanos calaram-se de vez

Desconheço o que vai acontecer comigo minha estrela

Porque em mil maldições fiz meus versos mais caros
E se escolhi calmas nuvens elas se tornaram tempestade
Lá fora está muito frio e eu aqui também tremo
Porque o verão ainda custará muito em chegar

Não vá embora com tanta rapidez minha estrela

Os vaga-lumes nunca fogem da escura noite
E os soldados ainda estão entrincheirados sonhando
Os dias são feitos de mil e uma noites e talvez mais
E eu continua aqui em silêncio parado...

sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Primeiro Pássaro

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O primeiro pássaro acordou o dia
O meu dia o seu dia todos os nossos dias...
E mesmo que os dias sejam semelhantes
Na verdade nunca serão iguais...
E a cor vai tomando sua peculiar forma
Seja ela a mais feia ou a mais bonita possível...
E os sons vão invadindo todos os cantos
Com seu movimento mais sutil...
A dança da poeira vem para todo o lado
E todos os caminhos tomam vida...
É dia meus amigos! É dia! Um novo dia!
Na mais impressionante marcha humana
Onde vitórias e derrotas se confundem...
Onde estão os vencedores e os perdedores?
O tempo é que ganha tudo toda disputa...
O grande apostador sabe que vai ganhar...
As caixas-mágicas vão também tomando vida
E falando suas besteiras mais que obrigatórias...
É hora de correr! E de tropeçar nos obstáculos!
Mas também é hora de bailarmos entre as nuvens
E rirmos bastante sem motivo aparente algum...
O primeiro pássaro acordou o dia
O meu dia o seu dia todos os nossos dias...
E mesmo que os dias sejam semelhantes
Na verdade nunca serão iguais...
E a cor vai tomando sua peculiar forma
Seja ela a mais feia ou a mais bonita possível...
E os sons vão invadindo todos os cantos
Com seu movimento mais sutil...
A dança da poeira vem para todo o lado
E todos os caminhos tomam vida...
É dia meus amigos! É dia! Um novo dia!
Na mais impressionante marcha humana
Onde vitórias e derrotas se confundem...
Onde estão os vencedores e os perdedores?
O tempo é que ganha tudo toda disputa...
O grande apostador sabe que vai ganhar...
As caixas-mágicas vão também tomando vida
E falando suas besteiras mais que obrigatórias...
É hora de correr! E de tropeçar nos obstáculos!
Mas também é hora de bailarmos entre as nuvens
E rirmos bastante sem motivo aparente algum...
O primeiro pássaro acordou o dia
O meu dia o seu dia todos os nossos dias...
E mesmo que os dias sejam semelhantes
Na verdade nunca serão iguais...
E a cor vai tomando sua peculiar forma
Seja ela a mais feia ou a mais bonita possível...
E os sons vão invadindo todos os cantos
Com seu movimento mais sutil...
A dança da poeira vem para todo o lado
E todos os caminhos tomam vida...
É dia meus amigos! É dia! Um novo dia!
Na mais impressionante marcha humana
Onde vitórias e derrotas se confundem...
Onde estão os vencedores e os perdedores?
O tempo é que ganha tudo toda disputa...
O grande apostador sabe que vai ganhar...
As caixas-mágicas vão também tomando vida
E falando suas besteiras mais que obrigatórias...
É hora de correr! E de tropeçar nos obstáculos!
Mas também é hora de bailarmos entre as nuvens
E rirmos bastante sem motivo aparente algum...
É hora de darmos os mais escondidos beijos
Que a nossa ternura pode suportar...
Muitos jogos de sol podem entrar em nossos olhos
Como nas janelas de nossas casas...
O que nos resta? Viver a vida até a morte
Até que o dia se recolha em pesadas cortinas
E aquele primeiro pássaro durma novamente...

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Medo! Medo! Medo!


Eram os olhos arregalados em direção ao escuro do cômodo ignorado. Era a respiração cansada de uma caminhada de inúmeros passos além de todas as forças. Eram todas as coisas ao mesmo tempo e nenhuma delas. O poço no quintal abandonado cheio de fragmentos e com um céu distante lá em baixo. Isso tudo que se passou sem poder nem se ver. Folhas mortas de tempos idos sem propósito algum.
Eram os olhos envidraçados sem luz suficiente tateando pelos móveis há muito empoeirados. Era a teimosia que me fazia cair inúmeras vezes e levantar para cair de novo. Eram os sorrisos dos novos com uma maldade infinita. O choro engolido e sujo na manga da camisa era como um veneno que mata aos poucos. Isso tudo que se passou sem poder nem esquecer. Papéis perdidos com recordações tão caras.
Eram os olhos acinzentados sem cor que bem os identificasse cor um azul já perdido que nunca mais voltou. Era o fantasma suave e branco lençol pairando nos nossos maiores infartos. Eram os gritos sem som algum num prato vazio e num copo cheio. O mar querendo ser mais um assassino de beira. Nada é mais escuro que um coração que ama e uma cabeça que sonha.
Eram os olhos entortados pela luz de um solidão sem querer que trouxe muitos castigos. Era a faca brilhando para um sono bem profundo de morte. Eram os dias armados para não serem nada além de si mesmos. Estou confuso e meus pensamentos são povoados de insanos desejos. Como vou sair deste enredo de folhetim barato?
Eram só os olhos e mais nada...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Nossos Venenos

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Cuidado com o sangue que corre em tuas veias
Ele te faz viver e é a vida que tem várias teias
A tua memória que faz viver tantas e tais feridas
Se não bastasse uma vida são então tantas vidas
Tudo é mais que um grande e sinistro labirinto
A dor que me atormenta é a mesma que não sinto
Porque bebi demais e acabei ficando anestesiado
E agora não posso nem me virar pra qualquer lado

Cuidado com o sangue que traz o gosto na sua boca

Ele te faz viver e viver é mais uma aventura louca
A tua memória que mostra quão errado você está
Como foi tolo quando pensava que até podia amar
Tudo é apenas mais uma piada sem qualquer graça
Pois a felicidade passa mas a tristeza também passa
Porque andei demais e acabei ficando tão cansado
E agora não posso nem me virar pra qualquer lado

Cuidado com o veneno que corre em tuas veias

Ele te faz viver e é a vida que escorre tal as areias
A tua memória faz viver tantas e más recordações
Se não bastasse uma vida são mais muitas emoções
Tudo é mais que um grande e infinito corredor
A febre que atormenta sem sentir nenhuma dor
Porque bebi demais e acabei ficando inebriado
E agora não posso nem me virar pra qualquer lado...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Banquetes

é como um banquete de DNA
o acaso que era acaso e que falhou
saber a localização exata no mapa
afinal, aonde é que eu estou?
é uma manhã mal acordada
que o sono ainda não nos deixou
a realidade é um fantasma que espanta
quem é que nunca se espantou?
é um amor nunca correspondido
uma flecha lançada que não voltou
as nossas rugas vão aparecendo
quem foi que à nós enrugou?
as asas também vão enfraquecendo
é mais um banquete de famintos
que à nada nem ninguém perdoou
vai nos consumindo tudo aos poucos
afinal, aonde é que eu estou?

sábado, 20 de junho de 2015

Insultos Em Dias Ruins


Eu navegava em muitos barcos. Em cada rua do meu Rio. E com todas as caladas letras expunha minha saudade. Quem sou eu além do papel que estou escrito? Nada além do grandioso número de visualizações no site famoso. O que meu choro representa? Algumas vibrações no ar. Todo esforço é inútil e cada estrada é apenas um beco sem saída. Cada corredor vai dar numa parede. E cada amor em mais um desastre natural. O que temos para hoje? O mesmo de ontem mais velho um dia. Nada posso fazer. Mas posso fazer tudo. Que o Natal seja em agosto. E existam vários carnavais em cada fim de semana. Ainda bem que existem mais cartas do que descartáveis ainda. Mas é que somos ótimos pessimistas. A fera está bem ali no quintal. E as brincadeiras também. Eu juro que não pregarei mais peças à não ser em mim mesmo. Estou mais afinado do que nunca na arte de ver figuras esfumaçadas na fumaça. E só sei teimar em superlativos bem colocados. Nenhum filósofo entendeu meus argumentos. Mas eles estavam lá. Guardem as armas senhores. Não há nenhuma guerra nova. Só as que correm para as moedas do fim do mês. Se eu corro não há socorro. Todos os trocadilhos à parte. Cada um que cumpra sua sentença. Levante aí da carteira e leia o que está no quadro. Sem tremer e sem olhar para os lados. Cuidado com todos os outros. Bicicletas e dinossauros. Havia o sonho da banda e tudo era tão cruel. Como a crueldade mora em todos nós. Num pequeno passo ou na guerra que passou na tela. Não há mais nada o que fazer. Senão sentarmos e vermos gordas nuvens. E antes da chuva inventarmos nosso próprio ritual ou ir lá pra dentro. Cobertas e cobertas. Várias delas. Até em copos. Há músicas que não escuto faz muito tempo porque o rádio se quebrou. Os meus limites eu aprendi como fazer. E olha que eles são bem longos! Em estradas amarelas de chão. Não falo nunca coisas bonitas. Mas repito o que minha alma diz. Isso se chama absurdo ou ainda rude ternura. Quantos domingos existem na vida? Talvez todos os dias o são sem ao menos saberem. Eu sou do tempo em que meus ídolos ainda viviam. E cada tropeçada que dei ou praguejei ou ri. Nunca me lamentei. Nem me olhei no espelho quando estava chorando. Eu só tive medo daquilo que não poderia ter. E vou repetir isso mil vezes. Ou ainda por mil anos. Viver mil anos é fácil. As pedras que o digam. E os fantasmas assinam embaixo...

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Carta ao Poetinha Número 2 ou Eu Sonhei Um dia ou Da Grande Arte dos Sós

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Meu Querido Poetinha:
De novo este velho chato te escreve. É que hoje as nuvens acabaram sendo más e chove. Chove e faz frio. Como frias as manhãs que não queria nem acordar. Mas acordava. Acordava para ver as ruas de cores amareladas. Mas que hoje lamento não estarem mais lá. E também as noites em que não queria dormir. Mas dormia. Com medo das assombrações. E mais medo ainda do canto do bacurau...
Como vão as coisas aí? Se ainda choras pelo amor que não veio - esquece. Amores muitos ainda virão e irão nessa interminável estrada que se chama vida. E muitos são os teus dias... Aliás. A juventude é coisa que nunca morre. Nem a sua. Nem a minha. Ainda há muito riso por piadas infalíveis. E uma velocidade sem limites nos mais sábios encontrões. 
Uma velocidade de encher corações. E ainda se mais rápido do que qualquer um dos skates que vão ladeira abaixo. Uma velocidade maior do que as estrelas. Estão em nossos olhos em meio às ruas.
Meus dedos doem. E minhas carnes tremem de dor também. Mas além de tudo isso continuo vivo. Vivo como as sementes que dormem sobre o solo ainda esperando sua hora...
Há muitos enigmas para decifrarmos. Muitas esfinges com seus abismos. E nós que fazemos nós. Só o faraó tem alma. Mas na imortalidade brincamos. E contratamos nossas próprias carpideiras. 
Estou com muito sono. Devem ser as noites que devo à mim mesmo. Onde cigarros e cafés acompanharam minhas caminhadas. Quilômetros  e quilômetros no mesmo quase lugar. Janelas trancadas para que nem a luz da lua entrasse. 
Estou com muito sono. O sono de muitas semanas não contadas. Desculpe. Só queria saber em quais países andas. Em que terras passas. Quais bandeiras vão aos teus olhos. E quantos quintais brincas. Porque bem sabes que quintais são coisas sérias...
Vou parando por aqui. Esperando que estejas bem. Teu sempre
                                                                                   Poeta. 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Carta ao Poetinha Número 1 ou Sobre a Arte de Criar Rebanhos de Nuvens

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Meu querido Poetinha:
Como vão as coisas por aí? Espero que bem. 
Quanto à mim há tristezas sem conta. Faltam dedos. Meu querido. Apesar dos anéis continuarem no mesmo lugar... Tristezas e tristezas. Umas preto-e-branco pela minha fraca memória. Outras coloridas porque ainda doem...
Dores são diferentes. Sabia? Umas nós gostamos. Outras não. Umas nós as procuramos. Em cada esquina que houver. Outras fugimos delas. Por sinistros e obscuros labirintos.
Tem rido muito? Espero que sim. Há tanta coisa pra se rir. Castelos que levaram tanto tempo. E que caem com apenas um pequeno sopro. Modas que são como a roupa nova do Imperador. E novidades. Muitas delas com previsíveis desfechos. Vamos rir. E rir. E rir. Porque não há nada de novo no front...
Tem chorado muito? Que pelo menos seja de amor! Um amor novo e puro. Como dias de chuva. Em que deveria haver sol. E todos os passeios ficam tão bons...
Como vão nossos rebanhos de nuvens? Cuide bem delas. São um desenho que o céu não abre mão. São lá que habitam nossos sonhos mais caros... São lá que galopamos. Como verdadeiros cavaleiros de qualquer uma figura... Para lá sobem os incensos de nossas preces mais caras. E também a fumaça de nossos cigarros. Companheiros de nosso desespero. Que morreram nas fogueiras de nossas desilusões. 
Tem se magoado muito com os homens? Não faça isso. Meu caro. O mundo é uma grande bola. E a vida um campo verdinho. Onde os meninos correm. E ralam joelhos. Tudo é assim. Do pequeno ao menor de todos... Os bravos cavaleiros também enferrujam suas armaduras. Com ou sem batalha. Cada dia é um dia. E cada dia solta seu último suspiro. Achando que poderia ter sido melhor...
E sua loucura? Como vai? Espero que bem. Boas loucuras são difíceis de se arranjar. Dessas que parecem o arder dos círios em solenes procissões. E danças ciganas em volta de alegres fogueiras. A loucura que por si só já basta. A doce loucura que ri dos vendavais. E que faz os temporais mais verdadeiros do que nunca. A loucura do menino imortal. Que vive sempre dentro de nós...
Venha me ver logo que puder... Será muito bom repartir tantos passos... E sentir o mesmo cheiro de minhas ruas. Sejam elas alegres ou tristes. Em cada uma delas poderá ver o menino que eu fui ontem. E que ainda sou agora. Rodando silencioso em amarelos dias de chuva... Isso é muito bom. A eternidade esbarra conosco em cada momento. Mas na maioria das vezes. De tão bonita. Acaba passando desapercebida...
Desculpe lá minhas muitas reticências. É que o tempo chega. Invenção boba que amedronta os tolos de plantão. Nada impede o meu desejo. Nada sufoca minha ilusão. E quando tudo parar é porque chegou o fim da cena. Que a cortina desça. Amanhã tem mais...
Como eu gosto de você... Com suas rebeldias e seus cabelos em desalinho... Pode ser até que um dia fui assim. Mas as roupas no varal já secaram faz muito tempo. E não há mais tantas alegres bandeiras. Para mim só resto o meu quintal. Mas muitos jardins esperam suas fortes mãos para poderem sorrir.
Gostaria de mandar mais notícias. Mas a minha garota de programa vai indo embora. De mansinho e sorridente. Tal qual chegou faz pouco tempo. Ela tem muitos compromissos. Muitos beijos sufocantes para dar. E presenciar muitos suicídios de peitos que não mais aguentaram um coração...
Fica bem então. Em suas curvas perigosas e magistrais. Na sua corrida de muitos sonhos. Nunca se esqueça de mim...
Daquele que te gosta tanto, 
                                            Poeta.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Niilismo


Não há flores só cores agrupadas num jardim qualquer
O anjo do impossível abre suas negras asas tão grandes
E nos cobre de lágrimas às vezes tão mais que banais
Eu choro o brinquedo quebrado que nunca foi meu
Prometo que guardarei todos meus segredos mais caros
E a minha boca será um cemitério cheio de todas as paixões
Vamos caminhar lado à lado olhando com toda ternura
Nunca mais seremos os mesmos que éramos ontem
Só que o ontem por si mesmo nunca teve existência
Hoje é a palavra de ordem e haveremos de segui-la
Sem preocupações com muitos castelos feitos de cartas
Os pássaros ainda cantam em suas douradas gaiolas
Não há segundas intenções nestas segundas intenções
Calor e frio são dois irmãos que brigam constantemente
E a paixão acaba me fazendo tanto mal que nem a solidão
Esqueci muitos livros jogado pelos cantos do quarto
Saber das coisas pode ser mais amargo que a ressaca
Ter olhos pode ser muito pior que andar na escuridão
Os pés são a parte bem mais importante do corpo
Porque são eles que nos levaram às mais loucas fantasias
Vejam bem e entendam mais um destes obscuros enigmas
As águas são os nossos melhores e mais sérios mestres

Não há cores só flores reunidas num canto qualquer

O demônio do possível brinca conosco em todos momentos
E nos faz rir até que nosso riso tire todo nosso fôlego
Eu choro o brinquedo quebrado que nunca foi meu
Prometo que revelarei todos meus segredos mais raros
E o meu peito será um cemitério onde ressuscitarão paixões
Vamos nos acompanhar em silêncio para não matar a ternura
Nunca mais seremos os mesmos que fomos de verdade
Só que a verdade é uma louca bailarina que se exibe só
O tempo é a invenção de um menino que era malcriado
Vamos matando nossas saudades escrevendo mil cartas
Os pássaros sós se ajuntam nas árvores na hora de dormir
Eu não queria cair em todos estes abismos mas caí
Bem e mal são irmãos que brigam mas sempre se defendem
E a paixão fornece receitas para aquelas antigas farmácias
Esqueci muitos livros que não consegui acabar de ler
Quem sabe acaba morrendo diferente de quem não sabe
Ter óculos pode significar ter que tropeçar em coisas
Os pés são velhos sábios que ainda teimam pelo caminho
Porque são eles as velhas velas que prendem ao vento
Vejam bem e entendam aquilo que não precisa ser entendido
As águas foram as primeiras à morrer e nem sabíamos...

domingo, 7 de junho de 2015

Palpitações

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Corações cegos em frases mudas andam por aí à fora. Meu Deus! Quanto tempo ainda haverá para que a tristeza faça sua dança? Quanto tempo ainda haverão violões apagados e flautas sem motivo algum? Eu tinha tantas certezas que me perdi num emaranhado labirinto com milhares de corredores que vão dar em nada. Eu fui o andarilho andrajoso de frases dúbias que andaram em mim feito parasitos que na verdade eu mesmo criei. Não fui famoso e nunca serei mas ainda possuo inúmeras ruas. Foi dono de todas elas. Colhi com o mais rude carinho seus minúsculos e inumeráveis grãos de pó. Eu tinha tanto medo do escuro e do frio e acaba que eu vim de lá... 
Bocas com sede de apenas beijos sem motivo algum. Meu Deus! A morte espera os quatro dias de folia para comer. A sorte se mascara e passa imperceptível por entre os homens. Enquanto o paciente pacientemente morre aos poucos em bons capítulos da mesmo novela de sempre. Eu fui um profeta de oráculos mais enganosos e apenas mais bobos. Não fui amado mas arquitetei planos que eram maus mas no fundo bons. Eu sou na verdade meu próprio senhor. E uso o chicote do desejo sem piedade alguma. Salve todos os poetas que conseguiram não chorar por suas criações...
Olhos andando em direções opostas por puro gosto. Meu Deus! Tantos segundos não contados e agora para recontar. Os relógios só choram. E um bailado de meninas tristes e feias passeia na minha frente. Xinguei tudo que podia e aquilo que não podia também. Minhas mãos trêmulas e ébrias fazem círculos sem motivo pelo ar. Não oremos mais. Porque se não fomos escutados até agora pode ser que sejamos agora atendidos e a graça acabou. As velas queimam devagar e sua luz escurece mais ainda...
Mãos apontam dedos inocentes e ainda acusadores. Meu Deus! Quando leio outros poemas me entristeço ainda mais. Por que não tive a mesma ideia. Teria sofrido bem mesmo mesmo com o alheio desespero. E se os versos são mal feitos melhor ainda. Houve sentimento mais ele não foi ao extremo. A estrada foi bem menos longa e os cigarros queimaram bem menos. Cada dia tem um brilho de sol único e não são os mesmos pássaros que cantaram ontem. Tudo se renova e acaba nos entristecendo...
Pés finalmente e sempre e sempre e sempre. Desses nem quero mais falar...

sábado, 6 de junho de 2015

Faz Parte da Arte


Pro estranho eu que sou o estranho
E às vezes sou estranho pra mim mesmo
Qual será o verdadeiro tamanho?
Cada decisão é mais um tiro à esmo
Pro estrangeiro eu sou o estrangeiro
Pra quem mente a mentira é a verdade
Inverta a fila e quem será o primeiro?
O estrategista é apenas mais um covarde
Pro mal é o bem que acaba sendo o mal
As carpideiras acabam sempre ganhando
Há algo mais triste que o fim do carnaval?
De tanto que rimos no final estamos chorando
O carrasco pode ser um bom pai de família
O vírus está fazendo sempre seu trabalho
O fogo dos incêndios também sempre brilha
Todas as vezes que planejo é que eu falho
A bailarina acaba tropeçando no seu passo
Caiu no palco e assim mesmo aplaudiram
Andam de braços o sucesso e o fracasso
São bons amigos que sempre nos atiram
Pro feio só é mais feio aquilo que é bonito
Pro torto o correto é que incorreto está
Olhem só como meu coração está aflito
Alegria e tristeza moram no mesmo lugar
Eu gritei tanto e foi tudo apenas em vão
Igual gritar na praça ou gritar em segredo
Faz tanto frio em cada um dia de verão
Eu jaz fiz tantas brincadeiras com o medo
Como cacos de vidro a vida se espalha
Em todos os lugares existe a sua parte
A vida? A vida é apenas mais uma batalha
E morrer faz parte dessa grande arte...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...