Não queremos nem saber onde vão os caminhos. Caminhá-los nos bastam. Em grande sombras projetadas para todos os lados. O tempo passa como um vento varredor. Um bom vento varredor que apronta das suas. E um dançado de folhas é uma grande obra quase que inacabada. Eu dou as cartas. Nós damos. Mas não sabemos quais são. Tudo é um motivo para não ter motivos. E as palavras que nos saem da boca ao chegar ao seu alvo já sofreram sei lá quantas metamorfoses. E às vezes explodem como fracassados artefatos pirotécnicos. E não existem exceções excepcionais. Queremos saber de quase tudo. Menos aquilo que nos incomoda. Porque são assim todos os romances e todos os trajetos que apareceram do nada. É fato consumado. Uma fotografia atrás da outra. Um segundo faz toda a diferença. Não conhecemos mais nada. Nem o que saiu de dentro de nós. Esta é a verdade. Não há como escapar dela. Somos estranhamente estranhos em nossa estranha estranheza. E nem ao espelho conhecemos. É apenas uma psicose altamente perigosa. E nem sabemos o começo nem o fim. Todas as palavras são apenas isto. Uma histeria coletiva coletada em pedaços organizados de papel. É sempre assim. Somos office-boys fazendo intermináveis depósitos de tragédias domesticadas. Nada melhor do que ficarmos quietos. Porque expressar opiniões é coisa da mais alta periculosidade. É melhor colocar a cabeça dentro da boca dos leões. E olha que os leões permanecem com uma fome permanente. Isso sim é que é viver! Com prêmios extras e vidas abreviadas. Não sabemos o que fazer. Mas é por aí. É por aqui. É por ali. Com convenções não-convencionadas. Agora os crimes são filmados e colocados nas redes sociais. Nenhuma das minhas palavras serão entendidas daqui um ano. Porque valores impermanecem e o preço de mercado cai muito depressa. Eu tenho enjoo e era isso que eu queria. Eu tenho dor e meu masoquismo estava de plantão. Eu tenho medo e comprei ingresso para o show de horrores. Os meus dedos adormecem aos poucos. E meus pensamentos mais ainda. Vamos ao mercado contritos com o mais sério dos rituais. Nem mesmo quando queremos vemos alguma coisa. Porque as lentes foram feitas apenas para nos cegar. É a nova lei outorgada sem nosso conhecimento. E que nunca deve ser citada e que é mais real do que o ar que nós respiramos. Vamos acender novas velhas fogueiras com a cinza daquilo que há muito já se queimou...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sábado, 16 de maio de 2015
Insaneana Brasileira Número 73 - Estranhos Estranhos
Não queremos nem saber onde vão os caminhos. Caminhá-los nos bastam. Em grande sombras projetadas para todos os lados. O tempo passa como um vento varredor. Um bom vento varredor que apronta das suas. E um dançado de folhas é uma grande obra quase que inacabada. Eu dou as cartas. Nós damos. Mas não sabemos quais são. Tudo é um motivo para não ter motivos. E as palavras que nos saem da boca ao chegar ao seu alvo já sofreram sei lá quantas metamorfoses. E às vezes explodem como fracassados artefatos pirotécnicos. E não existem exceções excepcionais. Queremos saber de quase tudo. Menos aquilo que nos incomoda. Porque são assim todos os romances e todos os trajetos que apareceram do nada. É fato consumado. Uma fotografia atrás da outra. Um segundo faz toda a diferença. Não conhecemos mais nada. Nem o que saiu de dentro de nós. Esta é a verdade. Não há como escapar dela. Somos estranhamente estranhos em nossa estranha estranheza. E nem ao espelho conhecemos. É apenas uma psicose altamente perigosa. E nem sabemos o começo nem o fim. Todas as palavras são apenas isto. Uma histeria coletiva coletada em pedaços organizados de papel. É sempre assim. Somos office-boys fazendo intermináveis depósitos de tragédias domesticadas. Nada melhor do que ficarmos quietos. Porque expressar opiniões é coisa da mais alta periculosidade. É melhor colocar a cabeça dentro da boca dos leões. E olha que os leões permanecem com uma fome permanente. Isso sim é que é viver! Com prêmios extras e vidas abreviadas. Não sabemos o que fazer. Mas é por aí. É por aqui. É por ali. Com convenções não-convencionadas. Agora os crimes são filmados e colocados nas redes sociais. Nenhuma das minhas palavras serão entendidas daqui um ano. Porque valores impermanecem e o preço de mercado cai muito depressa. Eu tenho enjoo e era isso que eu queria. Eu tenho dor e meu masoquismo estava de plantão. Eu tenho medo e comprei ingresso para o show de horrores. Os meus dedos adormecem aos poucos. E meus pensamentos mais ainda. Vamos ao mercado contritos com o mais sério dos rituais. Nem mesmo quando queremos vemos alguma coisa. Porque as lentes foram feitas apenas para nos cegar. É a nova lei outorgada sem nosso conhecimento. E que nunca deve ser citada e que é mais real do que o ar que nós respiramos. Vamos acender novas velhas fogueiras com a cinza daquilo que há muito já se queimou...
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