terça-feira, 24 de setembro de 2013

Verticalidades Horizontais

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As focas não focam seus focais
Entre outros ânimos tão animais
As festas festejam seus festivais
São normais normas paranormais
Caíram quedas por entre o cais

Eu brinco de palavras sem brinquedos

Na escuridão estão todos meus medos
Nas tardes que se tardam os meus segredos
Foram tantos enganos e foram ledos

As feras jogam esferas estão esferando

Amam mais amores e não amando
Passam o passatempo e repassando
São estrelas estreladas vão estrelando

Eu rio de piadas mas falta meu riso

Necessito de coisas que não preciso
Não viso alvos que precisam de aviso
Não há mais paixão onde há siso

As flores florearam pelas floreiras

Entremeando entre mil entreiras
Os casos dos casais de formas caseiras
São bestas que bestializam suas besteiras
E mãos manualmente de todas maneiras

Eu jogo do jogo mais jogado

Com meu perverso coração perseverado
De infelizes cicatrizes incicatrizado
Em estações estacionárias estacionado

Só num peito morto pode viver um coração...

Normal

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Eu tenho medo. Eu sou normal. Eu durmo cedo. Ou passo mal. Assino embaixo. É carnaval. É o que eu acho. Pro bem geral. Escrevo cartas. Jogo no lixo. Escondo mágoas. Nem sou um bicho. Até amanhã. Meu compromisso. Eu não vi nada. Eu sou omisso. Só vejo a tela. Não dou palpite. E na janela. Há meu limite. Eu tenho dono. Eu tenho sono. Eu não complico. Fico na fila. Pra ser mais rico. Eu tenho peito. Feito em cacos. E o meu pleito. São três macacos. Não vi. Não ouvi. Não falei. Defendo tudo o que não sei. Dependendo da vontade de meu rei. Vamos lá. Vamos aqui. Nem mesmo subo. E já desci. Vi. Ouvi. Falei. É que mandaram. Nem mesmo sei. O que importa? A alma é morta. Eu me enterrei. Até o pescoço. Eu sou bom moço. Eu cumpro a lei. Estou marcado. Olho pro lado. Eu não vi nada. Comprei ingresso. É meu progresso. Terra encantada. Terra de todos. E de nenhum. Eu não bebi. Eu não senti. Estou bebum. Foi num só trago. Sem ter estrago. Foi sem querer. Esta é a festa. É o que resta até morrer. Morrer de medo. É um samba-enredo. É o funk no baile. E se acontece. Não quero prece. Quero detalhe. Publiquem a foto. Coloquem a cena. Eu quero a moto. Valeu a pena. Gozo dez anos. Gozo dez dias. Eu quero é mais. Outras folias. Eu tenho medo. Eu sou normal. E desde cedo. Eu sou o tal. Falo que não penso. Acho o que não sinto. Estou às cegas. Num labirinto. Mas estou sóbrio. Com o absinto. Mas ora veja. Não se esqueça. E me desça. Outra cerveja. Olho pro pulso. Por puro impulso. Pois não importa. É tanta porta. É tanto riso. É tanto choro. Falam em coro. O que eu preciso. Fala em festa. É o que resta. Do paraíso. O paraíso já se mudou. Está lá em baixo. E eu me encaixo. No que restou. É o resto do resto do resto. E se não presto. Alguém mandou. Mandaram tudo. Mandaram nada. É de veludo. Calça furada. Não tenho escudo. Falta a escada. São tantos planos. Sem caminhada. São tantos anos. Somos humanos. Que palhaçada. Foi um engano. Eu sou normal. Nasci de noite. Sem carnaval.

domingo, 22 de setembro de 2013

Ou Nada


São os planos que ficam
Jogados na beira da estrada
E se o coração era cheio
Agora o que resta - nada

Era um rosto querendo outro

O roçar da pele roçada
A vida entre tais carinhos
E o carinho não foi - nada

É fim de uma estação

A primavera foi acabada
As flores sequer vieram
E teremos adiante - nada

O prato está vazio

A carta está marcada
A vida segue em frente
E na frente não há - nada

A casa está em silêncio

A rima está calada
O livro foi fechado
Para que ele não diga - nada...

sábado, 21 de setembro de 2013

Dança da Escuridão


Nem lua nem pirilampos 
Nessa noite sombria
Estamos apenas cegos
Porque se acabou o dia...

A minha alma persegue

A luz que ainda havia
Num coração que ama
Enquanto a alma é vazia...

Eu acendo um cigarro

É apenas uma estrela fria
Venha me dar um beijo
Era tudo o que queria...

Talvez eu te faça carinho

Só não prometo alegria
Pois alguma eu tivesse
Aqui é que não estaria...

Eu tenho moedas no bolso

Eu tenho na alma apatia
Tenho o coração perverso
Como mais ninguém teria...

Eu tenho loucuras na mente

Em estado de avaria
E doem todos meus ossos
E não é hipocondria...

É o tempo que vem chegando

É a morte como asfixia
É tudo e nada ao mesmo tempo
Há louça suja na pia...

Nem lua nem pirilampos 

Nessa noite sombria
Estamos apenas cegos
Porque se acabou o dia...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dualismo


A eterna dança de bem e mal
A esperança às escuras
E as frutas maduras
Caindo no chão do quintal

A casa que um dia cai

Foram tetos e foram paredes
Foram eternas redes
Sem ter sequer um ai

A justiça só para pobres

O luto para quem está vivo
É viver sem ter um motivo
Enquanto se cata os cobres

No estado que tudo anda

Meus pesadelos que ainda ferem
As dores que as carnes preferem
Tudo roda que nem ciranda

Vamos esquecer das contas agora

O que tem que ser assim será
Que venha de novo o ar
Que ainda respiramos lá fora

Não entendo de quase nada

Porém aprendi um pouco de tudo
São dedos frágeis de veludo
Que fazem a nova estrada

As Graças não têm mais graça

Versos bons para serem esquecidos
São outros nossos gemidos
Escondidos em qualquer praça

Na caça não há mais caçadores

Está na mira qualquer cabeça
É vital que o monstro cresça
E destrua todos os amores

Os cordeiros correm ao abismo

A sensação de vazio entorpece
E então fazemos uma nova prece
Como se fosse um malabarismo

Eu quero e todavia não quero

Eu posso mas contudo não posso
Estou vivo e só tenho ossos
Desesperado eu só espero...

domingo, 15 de setembro de 2013

Talvez Guerra

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Espadas se cruzam no ar
Em refletidos golpes
Tal qual justa de tempos idos
É o sangue e o suor transformados
Em metálicos e dispersos sons
É hoje é amanhã qualquer dia
Nunca se sabe quando
Porque é inútil qualquer plano
Porque a matemática enlouquece
Sem que haja qualquer remédio
Não fomos nós mas assim o fomos
Mesmo num único respirar
Em qualquer lugar que estejamos
Assim mesmo seremos nós
Nós os tristes cavaleiros
Com a mais triste das figuras
A versão cada vez mais nova
De alguns velhos enredos
Sancho Pança atrasou-se novamente
Porque não resistiu à liquidação
Sempre foi assim e assim será
Enquanto nada aguardamos
Ilhas desconhecidas em cada número
Tramas sem nenhum teatro
Há um espetáculo bem diferente
Sendo exibido em cada tela
E um tempo gasto com somenos
A maçã caiu de encontro ao chão
Numa reta perfeitamente planejada
Não sabemos o que falamos
Porque não nos deram nenhum script
Em segundo acaba tudo
É só apertar um botão
Ou ao menos fechar os olhos
É sono que nós temos muito sono
Foram noites maldormidas incontáveis
Ou alguns pesadelos acordados
E o cinto aperta as calças frouxas
As nuvens fogem às classificações
E o ilógico bate cartão de ponto
Não ser ridículo às vezes falha
E lembranças serão guardadas inutilmente
Tristes vitórias e vitórias tristes
Os troféus acabam se enferrujando
E dourado patético permanece silencioso
À cada instante um instante passa
E diferentes gostos são o mesmo
Eu quis a garota da capa da revista
Ou quis o garoto da novela
Mas tudo deu e dará o mesmo
Não há sangue para tantas veias
Nós somos nossos próprios carrascos
E usamos de requinte de crueldade
Protestamos promissórias não assinadas
Mesmo que de forma antecipada
Não mexam nas letras deixem-nas quietas
Podem surgir versos mais inquietantes
Não há tantos violões assim
Há muitas gaiolas que estão abertas
Mas os pássaros não querem voar...

sábado, 14 de setembro de 2013

Não Sei Onde Foi ou Será


Não sei onde foi ou será
Incontinente só sei somente
O meu verbo amar

Não sei onde foi ou será

Somente é indigente
A minha sina de andar

Não sei onde foi ou será

Atente como é dormente
Acabou o meu cantar

Não sei onde foi ou será

Me mente a mente
E é pra me consolar

Não sei onde foi ou será

É evidente que a gente
Só pode mesmo chorar

Não sei onde foi ou será

É dormente a semente
Mas ainda há de brotar

Não sei onde foi ou será

Aumente o que sente
Pra ver no que vai dar

Não sei onde foi ou será

Mais ausente mas tente
Pra ver se vai dar...

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Política Número 1 ou Um Réquiem


Um minuto de silêncio: 
Para os pobres capitalistas que não puderam explorar totalmente os pobres e oprimidos. Que não puderam secar o leite dos seios de todas as mães. Que não calaram todas as bocas e não acabaram com seus gritos. Que não conseguiram fazer do consumismo total uma realidade única. Que não conseguiram patrocinar novas guerras. Que não puderam colocar todos os irmãos uns contra os outros. Nem todos os meninos choraram. E nem todos os brinquedos foram quebrados. E nem todas as esperanças foram mortas como deveriam ser. Orai por eles. Descansem em paz...
Um minuto de silêncio:
Para os pobres ditadores que não puderam ficar em seus tronos porque seu povo acordou. Que não puderam reduzir tudo em cinzas. Que não oprimiram como queriam com a máquina do estado. Que não conseguiram vencer com uma mídia tendenciosa e desonesta agindo ao seu lado. Que não conseguiram fazer da deslealdade uma regra. Que não mataram todos os sonhos. Que não puderam fazer explodir todas as bombas. Que não puderam colocar abaixo todos os lares. E nem fazer que os arranha-céus desabassem. Orai por eles. Descansem em paz...
Um minuto de silêncio:
Para os pobres detentores de Deus. Para os que fazem do Divino um patrimônio de mentiras. Que tentaram usar a hipocrisia em nome do que há mais Sagrados. Que apresentaram um Deus humanamente paradoxal e vingativo. Que acenderam seus incensos para disfarçar suas caras. Que manipularam um livro de grandes contradições tal como uma arapuca. Não conseguiram calar a natureza e nem fugir de seu julgo. Não superaram as palavras de carinho mudas que fazem do homem algo superior. Suas orações gritantes e vazias não superaram a longa oração dos olhos dos que amam. Orai por eles. Descansem em paz...
Um minuto de silêncio:
Para os governos malvados. Para as ações malditas. Para todas as sujeiras que estão sob os tapetes. Para a mentira sórdida e cínica.A verdade não foi atingida por seus raios. Suas ações de sujas não mataram todas as flores. Sua covardia cavou um poço e os jogou lá dentro. Mesmo que não haja esperança em todos os peitos e nem todos os amores sejam vistos pela manhã. Mesmo quando algum poeta só fala na morte que já conhece. A vida estará lá. No mesmo lugar. Porque teimosia é seu nome. E quantas vezes preciso for voltará pelas mesmas ruas. Cada um de seus tiros foi metal desperdiçado. Não há como vencer a paz. Orai por eles. Descansem em paz.
Um minuto de silêncio:
Para os que insistem no final inédito e repetido da novela. Para os que sonham com as novas velhas roupas de estação. Para os que aceitam o ilógico do comum. Para os que se acorrentam aos seus preconceitos até que morram. Para os que sabem tudo e desconhecem tudo. Para os adoradores das liquidações. Para os senhores da facilidade desonesta. Para os proclamadores das meias-verdades. Para os que apáticos vivem sem saber que morreram ainda em vida. Não vão conhecer nem o Céu e nem o Inferno. Orai por eles. Descansem em paz...
Um minuto de silêncio:
Para o poeta. Ele ri nos versos. E chora o tempo todo. Orai por ele. Descanse em paz...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Correntes e Grilhões


Não tente me prender
Você que me olha
Nem você que me lê

Eu te propus alguma paz
Se você não quer
Não me perturbe mais

Não faço nada pra ser lido
Porque o que pega forma
Acaba perdendo o sentido

As vezes é bom ser normal
E quando muito esperar
Que venha outro carnaval

Bendito seja quem nada entende
Porque as vezes quem sabe
É aquele que mais se vende

Eu me soltei mas continuo preso
Porque quem ama e ama
Não consegue saber seu peso

Não tente adormecer ou acordar
Todo dia tem alguma festa
Mesmo sem ter o que comemorar

Não tente fazer rir  fazer chorar
Você que agora me olha
E depois nem vai se lembrar...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O Corpo

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O corpo não tem limites
Não tem limites por não ter trâmites
Não tem trâmites porque não entende
E não entende porque só quer
O corpo não tem ética
Ele nunca quer mal
Mesmo quando algum mal faz
E assim vai vivendo e morrendo
O corpo não tem visão
E ser cego permite ver tudo
Saber qualquer coisa
Mesmo pequenos grãos de pó que flutuam
O corpo não tem insônia
Dorme o sono dos justos quando pode
Sem os crimes que tecem nosso dia a dia
O corpo não tem parentes
É peça única e é peça rara
Com caprichos próprios
E com os crimes mais inocentes
O corpo não tem voz
Mas grita e grita o tempo todo
Fala de coisas que só ele sabe
E enxerga até dormindo
O corpo não tem lógica
Porque só a loucura tem asas
Indo de encontro ao insólito
Que se tornará magnífico
O corpo não tem pressa
Mas espera iminente o imprevisto
A hora cínica e verdadeira
Em que não será mais corpo...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Algum Teatro


Faremos a vida em três atos
E depois de algumas palmas
Que a morte feche as cortinas

Foi sem ter nenhum verso

Que a cara foi pintada
E o choro foi forçado

Onde foi você? Em que nuvens?

Era um dia branco entre outros
E até pensei que era feliz

Passará tanto tempo e não passará

Os reflexos mais luminosos
Que poeira da rua levantou

Foi sem ter nenhum verso

E os meninos do coro ainda cantam
Hinos celestes mais improváveis

É mudo o grito que sobe ao alto

E as plantas decoram seu texto
Falando de imbecilidades e teorias

O frio está em todos os calores

E num caldeirão apagado
Jazem os feitiços que não deram certo

A cara pintada até trouxe ventos

E gostos exóticos fora do comum
Mas nem sempre é como é

O meu mundo em eternos labirintos

Nunca irá desabar por enquanto
Pois está em mais escuras cavernas

Você me trouxe à tona 

Como o mais humano dos Leviatãs
E agora não está me querendo mais

As calçadas não são minhas

Apesar de nelas sempre sentar
Mas as ruas são sem dúvida

Quando haverão novos dias?

Nenhum sábio almanaque o sabe
E se tivesse ninguém o leria

Nossas marcas ainda falarão

Mas só a minha reclamará sempre
Porque é a de um coração ferido

Palmas meus senhores palmas!

Agora a morte é outra
Nesta mesma Plaza de Toros!

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...