terça-feira, 22 de maio de 2012

Poema Sem Noção


Quero que o meu poema, o nosso poema seja sem noção.
Quero seja sem vício, desde o início sem direção.
Que seja bem caprichado, certo ou errado, mas sem razão.
Que entre nas entranhas, febres tamanhas, o meu sezão.
Um poema louco, quase barroco, de enfeitação.
Com letras escravas, quase palavras ou explosão.
Que seja sem medo, que tenha enredo ou não.
Que seja espada, que seja estrada ou canção.
Não seja perfeito, tenha defeito de estação.
Que você minha amiga, me pare e diga: Tá louco então!
De assuntos fora de pauta, que faça falta a razão.
Um filho cego, que não renego, no coração.

Quero que o meu poema, o nosso poema seja sem noção.

Quero que seja um sortilégio, desde o colégio uma aflição.
Que seja bem caprichado, torto ou de lado, mas com decisão.
Que saia das cavernas, penas eternas, eis a questão.
Um poema louco, morrendo aos poucos, minha paixão.
De mãos escravas, que quando lavra, traz meu quinhão.
Que venha cedo, espante o medo do meu verão.
Que seja nada, boca calada ou multidão.
Não fale em defeito, tudo é perfeito, é criação.
Que você meu amigo, cante comigo nova canção.
Com mortos fora da cova, fazendo a nova revolução.
Um filho cego, que me apego, sem explicação.

Quero um poema, só isso...

Um comentário:

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...