Espirais em formato de espirais
Machados manchados com manchas
Cativos com cadeiras tão cativas
Muitas cáries acabam dando olá
Nunca tão sujo como hoje em dia
Toda dificuldade se torna tão fácil
Tocamos pandeiro como um violino
A sua psicopatia veio para o jantar
Conto até três para vir o terceiro
Eu não perdoarei nem mesmo o perdão
Desconfiar é também forma de confiar
É tão chique ir comer lá no chiqueiro
Eu bebo cachaça com gasolina sempre
Tem um belo condomínio lá no inferno
Compramos um saco de socos ontem
E margaridas hostis para nosso café
Letais mesmo eram os dias sem guerra
Na batalha de confetes saíram feridos
Meias manchadas de goiabada em estoque
Juro que nunca falei um palavrão porra
Tenho um amuleto cego que enxerga muito
Controlemos as nossas idiotias mais sociais
Quem não gosta daqui que vá embora logo
Cemitério nunca foi hotel de cinco estrelas
Cada poeta é mais um pateta de unhas sujas
O perigo estará nos ventos que forem fracos
Usemos verde-palha para empalhar a palhoça
Estou com medo de ir até na minha esquina
Para os rudimentos somos tão rudimentares
Ela bebeu um canecão de vinho com os olhos
Hoje teremos uma panelada de muitas panelas
E uma boa martelada bem em nossas cabeças
Rima é coisa para quem é rimante de rimas
Vimos ontem um elefante que dançava xaxado
Tem gente caprichando na sua própria morte
Comeu uma lata de cera com arroz e repetiu
Estamos em dúvida se comemos merda ou bosta
De agora em diante só durmo de cigarro na boca
Nada melhor para os pés que sambar na brasa
E dar cabeçadas na parede até cairmos duros
Comida malfeita mesmo assim ainda é comida
Lançaram um livro sobre a arte de coçar o cu
Perambulemos no topo destes arranha-céus
Vamos pedir esmolas na porta do Banco Central
Esperto é o cachorro que come e vai embora logo
Temos onças de todos os tipos até as voadoras
O camarão está fresco foi pescado há cem anos
A família imperial só está bebendo a Império
Comprei um belo casaco feito de pura cortiça
Agora é moda comermos manga frita no azeite
Vou ali comprar uma lata de farofa e já volto
Um siri cozido e um bocado de angu como meta
Menino veste rosa e menina veste azul sempre
O céu nada mais é que o limite atroz do chão
Eu e essa minha eterna fama de ser anônimo
Tem um elefante escondido atrás daquele bambu
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).





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