Blog do Carlinhos
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sábado, 15 de novembro de 2025
Um Zé (Miniconto)
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Uma Multidão de Eremitas
Todo o oposto. Assim será.
Assins e assados. Não mais.
Portas fechadas. Sem portas.
Meu desespero. Me acalma.
Barato. Os olhos da cara.
Mãos cheias. De dedos.
Sou moderno. O mais velho.
Quase morri. Foi ontem.
Fui socado. Como agradeci.
Cada ferida. Dói bem mais.
Pura pornografia. Bem inocente.
Morreu ontem. Casou amanhã.
Sobras geladas. O próximo rango.
Folia passada. Gosto amargo.
Poderia ser. Mas até foi.
O dedo do meio. Língua de fora.
Frango assado. Perdeu a fama.
Jogos de inferno. Calemos o bico.
Confeitos metálicos. Vinil sem vitrola.
Abacaxi da jaqueira. Rua marinha.
Imortal falecido. Gigante anão.
Expulso pra dentro. Subiu abaixo.
Chegará ontem. Joalheria para pobre.
Risco tranquilo. Perigo hospitaleiro.
Elefante fitness. Filosofia da tolice.
Sapatos descalços. Feras medrosas.
Cinema cego. Estética tímida.
Tara tão pudica. Hotel ratoeira.
Comida com fome. Projeto improvisado.
Paz guerrilheira. Bola quadrada.
Cachaça sem álcool. Água ressecada.
Minha fé incrédula. Tudo quase nada.
Assim será. Todo o oposto...
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Chá Para Os Escorpiões
Chá para os escorpiões.
Sabedoria para os tolos.
Eu vim de urbano agreste.
Aqui tem moedas caseiras.
Por que queremos isso?
Pombos do heavy metal.
Não me pagaram nada.
Faço máscaras mudas.
Ele perguntou a resposta.
Nos afogaremos no seco?
Fome quase diária.
Estertores saudáveis.
Um murro digital.
Surpresa esperada.
A caveira sabe sorrir?
Enjoo proposital.
Guerra pacífica.
Dados sem dados.
Fogo para esfriar.
Rir agora é ofício?
Vida real fictícia.
Alegria na necrópole.
Feijoada de arroz.
Mosca higiênica.
O espantalho se espantou?
Chá para os escorpiões.
Acabou a vaselina.
Estranho no meu lar.
A miséria luxuosa.
Por que queremos isso?
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Os Sobreviventes
De gravata (ou coleira?)
Sem nunca tirar o salto
Tudo é quase normal
Num abismo de dois minutos
(Dois minutos e pouco)
Depois do final - sobreviveram...
De barriga cheia (ou não?)
Destino tão igualzinho
Multidão de miseráveis
Nunca passaram na televisão
(O anonimato até a morte)
Depois do final - sobreviveram...
De cima da laje (mais alto?)
Menino ou passarinho
Tudo dá no mesmo
Só o tempo nos dirá
(O tempo sabe de tudo)
Depois do final - sobreviveram...
Sambando no asfalto (tá quente?)
A passagem da loucura
Num carnaval ausente
Onde todas as manhas
Marcam sua presença
(Até um próximo ano)
Depois do final - sobrevivemos...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Está Consumado (Um Poema de Calmo Desespero)
Para apagar basta estar aceso...
Para soltar tem que estar preso...
Estarei consumado estarei sim
Como a flor que morre no jardim
Como a cabeça que muda de ideia
Não houve nenhuma palma na plateia...
Para amar basta só enlouquecer...
Para duvidar antes tem que se crer...
Vou ficar parado cheguei na estação
Tudo agora é inverno nada é verão
As nuvens caíram lá de cima num pulo
E eu nunca consegui pular este muro...
Doer de tanta ternura é que queremos...
Mas uma simples moeda nós não temos...
Eis o grande enigma que está lançado:
Estarei calmo ou estarei desesperado?
Já falei tantas vezes em alguma calma
Mesmo quando fugiu do peito a alma...
Para ficar sonhando é preciso voar...
Para estar por aqui é preciso estar...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Alguns Poemetos Sem Nome N° 359 *
A mais bela das canções - o silêncio...
A melhor das companhias - a solidão...
Uma moto passa na rua de madrugada...
Mas afinal de contas quem será?
Nenhum pássaro noturno se manifesta...
Deve ser o frio desta noite quase absoluta
Em que até os medos foram dormir...
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Todos os meus sonhos são estranhos
Vão do nada para lugar nenhum
E simplesmente - acabam...
Nos sonhos eu acho que sei que são
Mas acabo fingindo que não sei
Isso faz parte da minha parte...
Ah! A vida é uma festa!
Só esqueceram de me convidar...
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Oia eu aqui de novo
Imperfeito como sempre
Mal-humorado
Nem bom e nem mau
Na corda bamba
De todos os sonhos
Ora insatisfeitos...
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Passarim não cantou
Virou fumaça
(Mais pressa ainda)
Pra alçar o céu
Com nuvem or não
Passarim não cantou
Hoje choveu...
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Papai comprou uma rifa e ganhou
Era a rifa de uma bolsa feia e desajeitada
Mas ele deu a bolsa pra minha mãe
Minha mãe ficou sem jeito de não usar e usou
Até que perguntou pra mim se tava feia
(Hoje entendo que ela queria a verdade)
E eu todo sem jeito querendo agradar:
Tá linda, mamãe! Tá linda...
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Qual é o teu nome? ...
Não, esse não! Esse é o profissional,
O de guerra ou sei lá qual...
Geralmente esses são bonitos
(Em sua maioria, claro)...
Eu quero saber aquele outro,
O outro que quando a professora
Fazia a chamada na escola
Você levantava esse dedinho lindo
E dizia: Presente!...
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Ainda tem gente que diz
Que não sou tão velho assim...
Pois sou do tempo da televisão
Que tinha tubão pesado
Caixa toda de madeira
Destaque no meio da sala
E que levava uma eternidade
Pra aparecer a imagem
Todinha em preto-e-branco
Na hora do Vila Sésamo...
Ainda tem gente que diz
Que não tou tão velho assim...
Carliniana CXIV ( Todos Os Mitos Sem Caverna )
A mentira em alta a verdade em baixa.
Qualquer tolice é o prato para os tolos.
Se mate e ganhe aquele lindo brinde...
O pobre quer se empobrecer mais ainda.
O rico é o urubu que está embaixo.
Use a moda mais escrota e tudo bem...
Nossa ignorância mais do que funcional.
Só sabemos escrever aqui nestes celulares.
Meu deus agora se chama pelo nome de TV...
O medo só vem quando ele chega.
Queremos o vírus de todas as novidades.
Quem está fora da rede social morreu...
Toda sabedoria é para os que são chatos.
Eu bebo para passar mal e até vomitar.
Se não passo vergonha algo errado aconteceu...
Depois do morango do amor a merda do amor.
O meu corote é bem mais do que sagrado.
Viver sem motivo é o maior motivo de todos...
Fiz uma tatuagem escrita: Odeio tatuagem!
Coma só agrotóxicos e seja mais que normal.
O que o tempo me dá eu mesmo destruo...
Vi ontem um radinho de pilha e ganhei um susto.
Sentar numa cadeira na calçada é um suicídio.
Qualquer poema serve desde que fale mentiras...
Hoje teremos self-service de comida estragada.
Está aberta a temporada de caça aos fatos.
Me chamaram de vagabundo: grato pelo elogio...
Filosofia deve ser de comer ou então de beber.
Quanto mais me explicam menos eu entendo.
Estou com uma orelha bem atrás da pulga...
Um Zé (Miniconto)
Nem todo Zé é igual, isso está mais que provado e comprovado. Alguns foram grandes figuras, possuem seus nomes escritos nos livros de histór...
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Cadê o meu sal? Fugiu da minha boca e me deixou sem gosto nenhum... Com ele foram todos encantos que tinham sobrado depois que pague...
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Imersos no tempo Queremos ser o que não somos... Rindo de qualquer piada Para que o coração não esmoreça... Amando todo o perigo Para nossa ...
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É que nem um rio dentro de um envelope Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem... Quase um enigma sem segredo existente Que qualquer bêbad...





