quarta-feira, 2 de julho de 2025

Poeira para Todos!

Eu poderia estar roubando...

poderia estar matando...

mas estou só bancando 

o babaca numa rede social...


Quero ser um idiota famoso...

mostrar aquilo que não tenho...

fazer aquilo que não faço

até cair duro no asfalto...


Não tenho porra nenhuma...

minha cultura é um zero...

afinal de contas, caralho,

quem estarei enganando?


Meu sexo é o da moda...

não amo ninguém...

não gosto de nada...

sou apenas uma farsa...


Eu danço é na lama...

eu fico é na merda...

sou feito um político

que só rouba sorrindo...


Olha o filé de rato...

olha o sorvete de barata...

olha o pudim de mosca...

quem aí é que vai?


Vou montar no "Cacareco"...

dar passeio no inferno...

até a polícia me parar...

e arrancar os outros dentes...


Eu poderia estar cagando...

poderia estar mijando...

poderia estar batendo uma...

mas estou fazendo porra nenhuma...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Até Dança

Pois os opostos sempre se contraem

Os snipers agora usam estilingues

Os botões pularam da camisa ao chão

E as nossas férias passadas no hell

Quem aí gosta de brincar de pula-pula

Entre as montanhas do Himalaia?


Quanto mais vejo mais duvido de tudo

Principalmente de conversas amistosas

Os leões sempre aparecem pro jantar

Trazendo seus úteis tickets-refeições

Qual o milagre que podemos realizar

Nesses dias quase sem sal de hoje?


As artimanhas possuem algumas manhas

Ainda mais se os jogos forem de baseball

Nosso sangue é azul como qualquer um

E nossos espelhos sofrem de pura timidez

Etilicamente falando meu novo idioma

Quando está previsto nosso new Nirvana?


A peça veio com algum defeito de fábrica

Prazos de validade não possuem prazos

Eu te amo mesmo antes que existisse

Mas agora o meu trono está quase vago

Quanto vale aparecer pro mundo todo

Quando nos escondemos pra nós mesmos?


Todo preço de fama é por demais alto

Mesmo em calamidades que sejam íntimas

Cada estrela poderá ser pega com as mãos

Se os caminhos deixarem os pés passarem

Haverá uma ruga nova pra uma ruga velha

Ou nosso teatro vai perder toda sua graça?


Novos bacurais agora cantam pelos dias

Enquanto as morenas aboliram as minissaias

A maior polêmica que posso ainda realizar

É dar aquele mergulho na fossa das Marianas

Será na lua cheia ou será na lua nova

Que meu demônio despertará de seu sono?


Todos os dias que foram bons já passaram

Enquanto os maus nem ao menos chegaram

Um cigarro aí pro nosso nobre dançarino

Mas separem o milho que é para os corvos

Será verdade que os dentes cavam as covas

Pois nossa fome é bem mais que eterna?


Nem um conhaque eu tenho, nem um conhaque!...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 1 de julho de 2025

A Ilusão da Ilusão

As cartas não foram marcadas

Elas nem existiam...


Ando em cavalos-de-pau

Menino desesperado

Acordo no meio da noite

Era apenas pesadelo

Fumo mais um cigarro

Apenas por hábito...


As sentenças não foram proferidas

Esqueceram-se delas...


Repito sempre as lições

Nem pude aprender

O anonimato me persegue

Até o final dos tempos

Meus bolsos andam cheios

De planos incertos...


O destino debochou de mim

E sempre se repete...


Os teus olhos tipo de gata

Pedaços de abismos

O começo de cada final

É uma rua estreita

Não consigo mais ficar

Nem comigo mesmo...


Não farei mais uma pergunta

Por medo da resposta...


Todos os números insuficientes

Para tantas estrelas

Não ficarei mais de joelhos

Pois não sei mais rezar

Passará na sessão da tarde na TV

Os replays do fracasso...



Um tapete feito de brasas vivas

Não queima mais os pés...


Em terra onde só existem cegos

Quem enxerga é louco

Os filósofos agora só xingam

Pois não filosofam mais

Vou fazer logo aquele pix

Para comprar a morte...


Eu nunca esquecerei daquela canção

Que eu não me lembro mais...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de

Almeida). 

Engenharia de Sobrevivência

Alguns segundos prolongados

Alguns centavos á mais na conta

Concordar com a vulgaridade

Correr de costas se assim for

Ganhar o prêmio dispensável...


Engolir a fala na hora do grito

Perder a razão mesmo estando certo

Gargalhar com a boca fechada

Ser apático como todos estão

Olhar as nuvens com olhos fechados...


Comer só o que a mídia manda

Fazer sexo quando falta o tesão

Pisar em cima de sonhos alheios

Votar no ladrão mais agradável

Conhecer o que é desnecessário...


Se acorrente nas redes sociais

Tente ser o mais desonesto possível

Idolatre quem não tem mérito algum

Faça papel de idiota se agrada

Tente passar a perna em Deus...


Perca seu sono por qualquer bobagem

Troque o que é real por falso otimismo

Invente uma fórmula mágica inútil

Ache que saiba de tudo que existe

Use a amizade como uma mercadoria...


Tente pensar que não é pobre-coitado

Que sobreviver é o que mais importa

Que o infortúnio só é para os outros

Que só você merece o seu perdão

E que não estamos nos escombros...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

 

Fuzarca do Patusco

Olha que coisa mais bonita

Achei no lixo meia marmita

Já garanti o meu almoço

Pena que deixaram só o osso...


Mas que coisa mais interessante

Encontrei um resto de refrigerante

Estava até quase que gelado

E ninguém tinha nele babado...


Jogaram um colchão velho fora

Eu tenho onde dormir agora

Não preciso mais de papelão

Pra poder dormir no chão...


Tem roupa boa ali do lado

Já não fico mais pelado

Dá até pra aguentar o frio

Mesmo de estômago vazio...


Achei um pão doce sem creme

Tou famoso quase virei meme

Mas como é tão sensacional

Limpar a bunda com jornal...


Eu corto as unhas mês que vem

Elas estão grandes feito trem

Meu dente da frente apodreceu

Minha boca tá parecendo um breu...


Acho que não tenho mais piolho

E não tem dado remela no olho

Da ziquizira eu fiquei curado

Mas meu chinelo tá arrebentado...


Tou gostando de uma corcunda

Que tem uma ferida na bunda

Ela tem mania de mascar chiclete

E tá morando numa quitinete...


Olha só que coisa sensacional

Tava andando e achei um real

E meio corote pra encher o rabo

Só não me chama de pobre-diabo...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Quem Vai Morrer Aí?

Quando o coração parar

Quando seu músculo romper

Quando não der pra aguentar

Quando o peito só doer...


Quem vai morrer aí?


Quando o cérebro não pensar

Quando o corpo desobedecer

Quando a lógica enfim capotar

Quando a perna desobedecer...


Quem vai morrer aí?


Quando o pulmão falhar

Quando o ar então arrefecer

Quando a vida sufocar

Quando a fogueira crescer...


Quem vai morrer aí?


Quando a veia estourar

Quando o corpo perecer

Quando a hora então chegar

Quando não der pra socorrer...


Quem vai morrer aí?


Quando a metástase espalhar

Quando aquele tumor aparecer

Quando não der mais pra gritar

Quando a ferida tiver que doer...


Quem vai morrer aí?


Quando toda a carne secar

Quando a idade não mais valer

Quando a saliva se avermelhar

Quando não há rua pra correr...


Quem vai morrer aí?

Quem vai? Quem vai? Quem vai?


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 345

Imersos no tempo

Queremos ser o que não somos...

Rindo de qualquer piada

Para que o coração não esmoreça...

Amando todo o perigo

Para nossa alma não arrefecer...

O ontem é bilhete de loteria

Que teimamos em guardar...


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Tudo é apenas mais uma dança...

Assim é... Assim é... Assim é...

O meu menino é grande teimoso...

Pois eu lhe aplaudo por isso...

As palavras são grandes amigas...

De todos os poetas... Todos eles...

Meus sonhos maiores que o mundo...

Pois sempre assim foram e serão...

Tudo é apenas mais uma dança...

Assim é... Assim é... Assim é...


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Guardo o espelho

Como quem se desespera

Faço minha poesia

Assim como os desenganados

Ávido de alguma esperança

Como quem se perdeu

Eu sou aquele que não foi

Que não é e que nunca será...


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Faço malabarismo com minha tristeza

Como um acrobata na hora de seu show

Cair lá de cima pode ser realmente fatal

Um erro só pode ser o final desastroso

Então aos poucos vou transformando-a

Em um pedaço qualquer de alegria...


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Um bando de saltimbancos invadiu a praça

Um bando de alegrias pulou em meu peito

Há flores que não escolhem nem estação

Porque sabem que não se pode esperar nada

As ondas não se cansam de embalar o mar

Um céu sem nuvem alguma é coisa mais rara

Tudo parece que está sorrindo até as pedras


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O amanhã? O amanhã, eu não sei...

As nuvens que estão lá em cima agora

Talvez comecem a passear em breve

E depois se escondam pela terra...

O vento que agora sopra tão manso

Pode se transformar numa ventania

E comece a varrer as folhas caídas...

O carinho que recebi dia desses

Pode ferir minhas tímidas carnes

Até que se transformem em feridas...

Aquele amor que desejei e não tive

Pode vir de repente meio sem graça

Ao descobrir que não amo mais...

O amanhã? O amanhã, eu não sei...

Minha vó dizia: Adivinhar é proibido...


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No palco do mundo loucuras

Disputas vãs sem propósito algum

Vencedores e vencidos a mesma coisa

Quem ri e quem chora iguais

Viver não é apenas o respirar

Morrer é um célere compromisso

Que vai um dia acontecer...

Poeira para Todos!

Eu poderia estar roubando... poderia estar matando... mas estou só bancando  o babaca numa rede social... Quero ser um idiota famoso... most...