Plantei um canteiro de margaridas adestradas
Que elas gritassem na presença de algum invasor
Esse jardim é meu e de mais ninguém...
Escutei todos os silêncios que eram possíveis
Dentro da noite mais escura que pode existir em mim
Feita de pedaços de fome e de sede também...
A minha dança era desesperada como qualquer uma
Parecendo uma poesia sem graça de um analfabeto
Que cismou em ser poeta na falta de algo...
Um som vem da minha rua mesmo que não o queira
Isso me lembra de todas as dores que passamos
Sobretudo todas aquelas que não queremos...
Estive alguns centímetros de beira de um abismo
Mas decidi que não era a hora de querer poder voar
Não podemos decidir isto ou aquilo...
Há peixes morrendo afogados no meu velho aquário
Porque o tempo tem essas mais estranhas manias
Faltam botes salva-vidas nesse nosso Titanic...






