Blog do Carlinhos
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Quase Um Tributo (Miniconto)
O Peso do Peso...
Em Gardênia Azul não há mais gardênias...
O cara famoso viraliza na net falando merda
E mesmo assim ganha milhões de sinceros likes
Ainda que isso não seja nada inteligente...
Não quero mais falar sobre violeta alguma...
Estamos numa era com clowns sem circo algum
Em que para sermos notados ganhamos quedas
E rir sem propósito será mais do que suficiente...
A rosa enrubesceu mesmo quando era ainda botão...
Quero comprar qualquer máquina com defeito
E desperdiçarei meu tempo com certas idiotices
Até que o final chegue e faça mais um festejo...
A margarida só sabe agora amargar nossa vida...
Agora temos os doces mais salgados do mercado
Roupas compridas que mostrem mais nossa nudez
E o sexo mais discutido em todos programas de TV...
Que o manacá possa vir logo embora depressa pra cá...
Tal a poesia que vale mais que um salgado na esquina
Mas mesmo assim todo mundo prefere a continuação
De vida mais insossa em que viver e morrer é tudo...
A vitória-régia acabou perdendo de qualquer jeito...
Um exército de mosquitos vem distribuir a tal insônia
O que mesmo assim é melhor que um tiroteio pela noite
E até trios-elétricos em que acabou de vez a bateria...
Lá na rua da Paz sempre existiu alguma guerra insana...
Não quero mais me lembrar de alguns certos detalhes
Mas forçosamente ainda continuo com certa memória
Até que o maior peso dos dias acabe me levando também...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
domingo, 21 de dezembro de 2025
E...
Esperei em não esperar mais nada
Quando muito alguns gatos-pingados
Talvez que venham para o nosso jantar...
Regras algumas daqui e outras de lá
Meu coração apertado tal não-sei-quê
Como um final de novela fracassada...
Talvez o tênis velho seja aproveitado
Para algum caminho inusitado surgindo
Entre a fumaça do que nem incendiei...
Mares-de-rosa também possuem espinhos
E talvez a bebida gelada possa cair no chão
No exato momento que faríamos o brinde...
O costume deixou um pouco mal-acostumado
Ao menino que gostava de brincar na areia
De uma praia que agora nem pode mais ver...
Tragam-me aquele me resto de sono de volta
Pois todas as mágoas acabam se misturando
Enquanto todos os dezembros querem morrer...
Fulano e sicrano e beltrano fazem a ciranda
E mesmo não sabendo quais são os seus nomes
Pedimos licença para também poder brincar...
A velha louça de família está agora quebrada
O velho camafeu de ouro agora já enferrujou
E eu acabei me cortando sem ter uma lâmina...
Tudo agora se transformou numa fila única
Onde minhas palavras e meus gestos nada valem
Sendo que os riscos porque passei falharam e...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
sábado, 20 de dezembro de 2025
Quase Meia-Noite (Miniconto)
Minimalismos 3 (Algumas Aldravias)
Poses
Por
Mais
Puro
Desespero
..................................................................................
Que
Não
Era
Agora
É
Mais
...................................................................................
A
Novidade
Ficou
E
Acabou
Envelhecendo
...................................................................................
Quem
Não
Chora
Não
Sabe
Rir
...................................................................................
Hoje
Não
Teremos
Nada
Para
Amanhã
Matemática Urgente
Eu sim, eu não, eu nada, eu tão...
Na vez passada escapei de rede
Andei por todas as ruas tão sozinho
Coloquei na alma o perfume da rosa
Sem ao menos importar com espinho...
Eu tive, eu tenho, eu vou, eu venho...
Pulei de um abismo pra poder voar
Mesmo esquecendo que não podia
Entrei por dentro do rabo da noite
E fui fingindo que não era mais dia...
Eu calo, eu berro, eu acerto, eu erro...
Achei finalmente quem é que amo
Mesmo caminhando ao fim do mundo
Quero beijá-la na boca uma eternidade
Mesmo que o tempo dure um segundo...
Eu corro, eu paro, eu distraio, eu reparo...
Mesmo não sobrando quase nada
Assim mesmo tudo é um recomeço
Todos os meus erros aqui estão
Pois cada erro tem seu próprio preço...
Eu bom, eu mau, eu rua, eu quintal...
Não tendo mais nada o que fazer
Nem sei mais o gosto que eu prefiro
Adeus para todos os que estão presentes
Já chegou a hora e eu me retiro...
Eu sim, eu não, eu nada, eu tão...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
De Escolhas
Escolher a sua marca de cerveja.
Ou sua miséria particular.
Viver como quem morre
Ou morrer como quem vive.
Guardar velhos desesperos.
Estar sempre ausente em presente.
Comprar correntes mais novas
No mercadinho do seu bairro.
Brincar somente de roleta-russa.
Ter um celular de sinais de fumaça.
Comer sempre da mesma rotina
Como um vampiro de filmes retrô.
Eis a pornografia de um anjo.
O convidado vip que chegou nu.
Aqui temos blasfêmia suficiente
Para fazer uma new inquisição.
Os melhores filósofos são indigentes.
O canibal quase morreu vegetariano.
Tudo tem seu cheiro sui-generis
Mesmo quando não temos olfato.
Os marginais compraram a marginália.
Tatuagens de bambu para insensíveis.
Qualquer hora teremos uísque sem álcool
Para pitangas compradas na feira.
Quem não foi puta um dia quase foi.
Virar a cara para o passado não o destrói.
O espelho me ensinou bem mais
Do que qualquer espinho que me feriu.
Mamãe eu não quero mais mamar.
Minha aldeia é no meio de suas pernas.
O que eu escrevo é a mais autêntica mentira
Que nem Vinicius sem morais algumas...
(Extraído da obra "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Quase Um Tributo (Miniconto)
Mesmo passando sei lá quantos anos lembro. Deixem que a memória de um velho guarde certas coisas. Era um menino magrinho, bem magrinho, bem ...
-
Cadê o meu sal? Fugiu da minha boca e me deixou sem gosto nenhum... Com ele foram todos encantos que tinham sobrado depois que pague...
-
Imersos no tempo Queremos ser o que não somos... Rindo de qualquer piada Para que o coração não esmoreça... Amando todo o perigo Para nossa ...
-
É que nem um rio dentro de um envelope Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem... Quase um enigma sem segredo existente Que qualquer bêbad...





