Blog do Carlinhos
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
terça-feira, 16 de dezembro de 2025
Céu para Os Cães (Miniconto)
segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Não Gaste O Sal
Não gaste o sal,
Economize suas lágrimas...
Não se trata de ser insensível,
Os falsos choram,
Mas nem sempre isso é verdade...
Quase tudo pode ser motivo de riso,
De sorrisos pelo menos...
A vida não é boa?
Pois ela lhe ofereceu o que podia
Para poder ministrar suas lições...
Não gaste seu tempo,
Com futilidades nunca...
Todo tempo acaba um dia,
Não se arrependa de tê-lo gasto
Com o que valia mais a pena...
Sonhos não são futilidades,
São nossas maiores realizações...
Todos os malvados são apenas tolos
E quando cerrarem seus olhos de uma vez
É que perceberão o que perderam...
Não jogue fora a ternura que tem,
Toda ternura é um bem precioso...
Observe os grande mestres do mundo
(As crianças, os velhos e os bichos)
E não pense duas vezes em usá-la...
Muitas regras tolas que são impostas
Apenas nascem para serem quebradas...
A sensibilidade perante o que é bom ou belo
Faz parte da nossa real natureza
E se a mudamos é por nossa conta e risco...
Não gaste o sal,
Economize suas lágrimas...
Não se trata de ser insensível,
Os falsos choram,
Mas nem sempre isso é verdade...
Chore principalmente de emoção
Ou simplesmente de alegria...
As tristezas se não vão embora,
Pelo menos se afastam
E para bem longe...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Bonés com Hélices
Espirais em formato de espirais
Machados manchados com manchas
Cativos com cadeiras tão cativas
Muitas cáries acabam dando olá
Nunca tão sujo como hoje em dia
Toda dificuldade se torna tão fácil
Tocamos pandeiro como um violino
A sua psicopatia veio para o jantar
Conto até três para vir o terceiro
Eu não perdoarei nem mesmo o perdão
Desconfiar é também forma de confiar
É tão chique ir comer lá no chiqueiro
Eu bebo cachaça com gasolina sempre
Tem um belo condomínio lá no inferno
Compramos um saco de socos ontem
E margaridas hostis para nosso café
Letais mesmo eram os dias sem guerra
Na batalha de confetes saíram feridos
Meias manchadas de goiabada em estoque
Juro que nunca falei um palavrão porra
Tenho um amuleto cego que enxerga muito
Controlemos as nossas idiotias mais sociais
Quem não gosta daqui que vá embora logo
Cemitério nunca foi hotel de cinco estrelas
Cada poeta é mais um pateta de unhas sujas
O perigo estará nos ventos que forem fracos
Usemos verde-palha para empalhar a palhoça
Estou com medo de ir até na minha esquina
Para os rudimentos somos tão rudimentares
Ela bebeu um canecão de vinho com os olhos
Hoje teremos uma panelada de muitas panelas
E uma boa martelada bem em nossas cabeças
Rima é coisa para quem é rimante de rimas
Vimos ontem um elefante que dançava xaxado
Tem gente caprichando na sua própria morte
Comeu uma lata de cera com arroz e repetiu
Estamos em dúvida se comemos merda ou bosta
De agora em diante só durmo de cigarro na boca
Nada melhor para os pés que sambar na brasa
E dar cabeçadas na parede até cairmos duros
Comida malfeita mesmo assim ainda é comida
Lançaram um livro sobre a arte de coçar o cu
Perambulemos no topo destes arranha-céus
Vamos pedir esmolas na porta do Banco Central
Esperto é o cachorro que come e vai embora logo
Temos onças de todos os tipos até as voadoras
O camarão está fresco foi pescado há cem anos
A família imperial só está bebendo a Império
Comprei um belo casaco feito de pura cortiça
Agora é moda comermos manga frita no azeite
Vou ali comprar uma lata de farofa e já volto
Um siri cozido e um bocado de angu como meta
Menino veste rosa e menina veste azul sempre
O céu nada mais é que o limite atroz do chão
Eu e essa minha eterna fama de ser anônimo
Tem um elefante escondido atrás daquele bambu
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Blood On The Rocks
Camisas antiquadas com logotipo
De grandes e poderosas marcas,
Eis a colisão brusca e mais violenta
Entre carros brutos e imaginários,
Ritual de um canibalismo inventado
Para manhãs mais pálidas e insólitas...
Todos os sábios terão de ser humildes
Ou apenas serão petulantes solitários,
Eis a grande contestação de teoremas
Em momentos de lúcida embriaguez,
Nosso aparelho celular nos dará dicas
De como ser mais idiota sem nada fazer...
Cabelos azuis para louras estonteantes
Dormintes em meu pobre leito de doente,
Eis que vem surgindo entre estas ruínas
Gestos bondosos das putas mais vulgares,
Entre todos os churrascos gregos fatais
Sou o único sobrevivente que há no Guiness...
Lá vem o batalhão de miseráveis penitentes
Pagantes de seus pecados na primeira classe,
Show em praça pública de segredos mais vis
Da quebra de ídolos antes tão inquebráveis,
Dois reais de pão para estes pobre miseráveis
Que tateiam pelo mais claro escuro infinito...
Eu mesmo acabarei me martirizando suavemente
Entre remendos educados de solidão voluntária,
Nossa libido canta uma marchinha de carnaval
Com a obscenidade dos monstros do armário,
São alguns haicais que brotam como fossem ervas
Que apesar de serem daninhas também morrerão...
Vamos economizar esse pouco tempo que nos resta
Tentando não ser o último e nem o primeiro da fila,
É pura sandice crer que nos restou alguma crença
Assim como crer que a alegria irá nos perseguir,
Todo malefício terá por sua vez algum ponto fraco
Assim como as paredes dos castelos também caem...
Nesta grande avenida irão desfilar tantos e mais nadas
E vários corvos virão qualquer dia picar nossos olhos,
Os roteiros mais seguros acabaram se perdendo de vez
Enquanto labirintos não nos servem mais de abrigo,
Nesta meia-luz não encontrais mais algum meio-tom
E eu ainda quero algum sangue com bastante gelo...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
domingo, 14 de dezembro de 2025
De Clowns e Bunkers
Triste piada para todos poderem chorar.
Dias de mormaço queimando no escuro.
Versos bons que se atrasaram demais...
Tentar comer os frutos de uma terra estéril.
Fomos os últimos a chegar nesta vã festa.
A sorte está lançada desde outros tempos.
Tento me esconder mas nunca vou conseguir...
Quem não quer que não queira - simples assim.
Não escondo o ás na manga me faltou a manga.
Não fico mais de joelhos porque nem tenho mais...
Falo coisas tão absurdas com extrema calma.
Não sei o que é o amor porque não o conheço.
Envelheci mil anos em menos de que um dia.
Toda maldade depende apenas de circunstância...
Meus Demônios me beijam com extremo carinho.
E meus pesadelos desculpam-se pela falta de jeito.
A fumaça do cigarro é bem mais pesada que eu...
Não sabemos se há continuação ou sequer volta.
Os meus mortos permanecem em seus lugares.
A minha insensibilidade atinge todas notas e cores.
Sob essa pintura há enigmas cheios de mistério...
Caí do cavalo sem estar montado em cavalo algum.
Seria demais pedir alguma tábua evitando me afogar?
A bomba caiu sobre o bunker mas não aconteceu nada...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Bitter Dreams
Bitter dreams
O fundo do copo
O resto do prato
A desilusão que virá para não mais voltar
A cicatriz que vai ficar de vez em nossa pele...
Bitter dreams
A saliva seca
O olhar vago
A festa que acabou sem nem ter começado
A fogueira que se apagou com essa chuva...
Bitter dreams
A folha seca
A rosa morta
O ódio que se travestiu em amor por hábito
O beijo enjoativo com seu hálito mais bêbedo...
Bitter dreams
A saudade doída
O plano falho
A velhice que chegou da forma mais tristonha
A solidão que acaba sendo uma rota de fuga...
Bitter dreams
O show adiado
O parto arriscado
A janela que teve seu vidro quebrado com pedra
O despertar de uma manhã muito mais mal dormida...
Bitter dreams
O dano irreparável
A senha perdida
Os quatro tiros dados nas costas dela no jardim
O meu sonho que talvez seja apenas um pesadelo...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Paranoia Assintomática
Desejos disfarçados com qualquer lógica,
Lógica barata inserida em qualquer frase,
Frase aplaudida sem possuir motivo algum,
Motivo pra temer a morte que é inevitável,
Inevitável coisa mais do que sempre natural,
Natural e histérica como multidão qualquer...
Qualquer invenção sobretudo a mais que barata,
Barata que é destruída com esse nosso tempo,
Tempo que nos traz apenas feias rugas de presente,
Presente invertido de troianos destruindo gregos,
Churrascos gregos vendidos em quaisquer esquinas,
Esquinas em que nos espera com a mesma violência...
Violência que nos espera com carnavalesca fantasia,
Fantasia de que nossa vitória inexistente será certa,
Certa ciranda que vai nos deixar mais que tontos,
Tontos com a droga que nós não sabemos se usamos,
Só usamos na mais precisa e desastrosa embriaguez
Embriaguez de tudo aquilo que há de forma inútil...
Inútil é todo aquele que só sabe viver junto ao medo,
O medo é apenas o que há de mais certo e inevitável,
Inevitável como nossas fiéis e traiçoeiras necessidades,
Necessidades construídas pela areia de qualquer ilusão,
Ilusão que não percebe que um dia tudo passará,
Passará como se fosse apenas mais aquele vento...
O vento estranho como qualquer macabro calafrio,
Calafrio que gera apenas os gritos mais que inúteis,
Inúteis é aquilo que também somos, apenas pacientes,
De um grande hospício que deve ser chamado de mundo,
Mundo feito apenas dos mais meros e paranoicos desejos,
Desejos disfarçados com qualquer inexistente lógica...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Céu para Os Cães (Miniconto)
Deve existir um céu para os cães. Para os homens, isso eu não sei. Poucos merecem isso, então por que fazer um espaço tão grande pra tão pou...
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Cadê o meu sal? Fugiu da minha boca e me deixou sem gosto nenhum... Com ele foram todos encantos que tinham sobrado depois que pague...
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Imersos no tempo Queremos ser o que não somos... Rindo de qualquer piada Para que o coração não esmoreça... Amando todo o perigo Para nossa ...
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É que nem um rio dentro de um envelope Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem... Quase um enigma sem segredo existente Que qualquer bêbad...





