sábado, 18 de dezembro de 2021

Preso

 

Preso entre águas, preso,

o pobre guarda-chuva insuficiente

para todo o meu frio...

Amargo, muito amargo,

não há tanto açúcar

que adoce meus lamentos...

Sombrio, mais que noite,

a escuridão me segue

para onde quer que eu vá...

Acabado, pobre de mim,

cheguei na festa com o atraso

do folião que estava bêbedo...

Inútil, sempre inútil,

como a folha amarelada

que caiu de sua árvore...

Pequeno, o menor de muitos,

talvez um inseto esmagado

pelo transeunte distraído...

Perplexo, totalmente tonto,

como quem engoliu o sonho

quem nem aguardente vagabunda...

Maldito, demônio arrependido,

mas agora já é muito tarde

para não te amar mais...

Espelho, empoeirado, quebrado,

jogado num canto qualquer

da velha sala abandonada...

Fantasma, quase assombração,

morrer é tarefa fácil,

viver morto também...

Preso entre águas, preso,

mergulhado no caudaloso rio

que nem vai ao mar...

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