quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome N° 114



Olho o relógio na vã expectativa que ele pare,

mas ele não para...

Chamo inutilmente os sonhos para regressarem,

mas nunca farão isso...

Voltará a minha juventude que já se foi?

Acredito que não...

Os desamores tornar-se-ão novamente amores?

Impossível...

Todo o meu choro de algo adiantou?

Nenhum adianta...

Mesmo que andasse sobre as águas

seria uma mera coincidência...


...............................................................................................................


Prisioneiro de mim

faço canções inexatos

como o barulho dos carros

sob um sol de ruas...

Não me peça

explicações plausíveis

que nunca poderei dar

em tempo algum...

Não esqueça nunca

sou apenas um prisioneiro...


...............................................................................................................


O sino do meu silêncio bate 

na madrugada 

e ninguém escuta

Talvez fosse ele uma piada

mesmo que de mau-gosto

num stand-up ruim

Não há como escaparmos

do esquecimento

como em velhos epitáfios


...............................................................................................................


cena feliz

o zumbido noturno de aviões

vomitando bombas 

sobre milhares de inocentes...

os filmes se realizando

os dramas andando pelas ruas

as novelas se tornando verdades...

cena feliz...

o ronco de estômagos vazios

lixos revirados

é o que temos para hoje...

o impossível vem chegando aí

é bom funcionário

e vem bater seu cartão de ponto...

cena feliz...


...............................................................................................................


estrelas caindo rapidamente

é o que temos para hoje

nessa noite fria como tantas outras

comeram a lua?

as aves noturnas estão escondidas

em sei lá qual canto

haverá sol amanhã

faíscas são lágrimas...


...............................................................................................................


lembrei dos teus olhos dia destes...

mesmo a desigualdade deles não roubou 

a beleza que sempre houve

na verdade nem quis saber se belos eram

eram apenas olhos que moravam em meu peito...


...............................................................................................................


faltam apenas segundos

nem muitos nem poucos

são como um bolso cheio de moedas

o peso é uma coisa, o valor outra

faltam apenas alguns minutos

apenas o suficiente

para se chorar na dose certa

cumprindo nossas tarefas

faltam apenas algumas horas

as que puderem existir

antes que fique cego de vez

preso em minha solidão

faltam apenas alguns dias

para que o desconhecimento pouse sobre mim

e esses versos se calem

para todo o sempre...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...