Olho o relógio na vã expectativa que ele pare,
mas ele não para...
Chamo inutilmente os sonhos para regressarem,
mas nunca farão isso...
Voltará a minha juventude que já se foi?
Acredito que não...
Os desamores tornar-se-ão novamente amores?
Impossível...
Todo o meu choro de algo adiantou?
Nenhum adianta...
Mesmo que andasse sobre as águas
seria uma mera coincidência...
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Prisioneiro de mim
faço canções inexatos
como o barulho dos carros
sob um sol de ruas...
Não me peça
explicações plausíveis
que nunca poderei dar
em tempo algum...
Não esqueça nunca
sou apenas um prisioneiro...
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O sino do meu silêncio bate
na madrugada
e ninguém escuta
Talvez fosse ele uma piada
mesmo que de mau-gosto
num stand-up ruim
Não há como escaparmos
do esquecimento
como em velhos epitáfios
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cena feliz
o zumbido noturno de aviões
vomitando bombas
sobre milhares de inocentes...
os filmes se realizando
os dramas andando pelas ruas
as novelas se tornando verdades...
cena feliz...
o ronco de estômagos vazios
lixos revirados
é o que temos para hoje...
o impossível vem chegando aí
é bom funcionário
e vem bater seu cartão de ponto...
cena feliz...
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estrelas caindo rapidamente
é o que temos para hoje
nessa noite fria como tantas outras
comeram a lua?
as aves noturnas estão escondidas
em sei lá qual canto
haverá sol amanhã
faíscas são lágrimas...
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lembrei dos teus olhos dia destes...
mesmo a desigualdade deles não roubou
a beleza que sempre houve
na verdade nem quis saber se belos eram
eram apenas olhos que moravam em meu peito...
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faltam apenas segundos
nem muitos nem poucos
são como um bolso cheio de moedas
o peso é uma coisa, o valor outra
faltam apenas alguns minutos
apenas o suficiente
para se chorar na dose certa
cumprindo nossas tarefas
faltam apenas algumas horas
as que puderem existir
antes que fique cego de vez
preso em minha solidão
faltam apenas alguns dias
para que o desconhecimento pouse sobre mim
e esses versos se calem
para todo o sempre...
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