quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome N° 117

Agarro em teus cabelos

com uma certa dose de maldade

até esqueço de pedir 

algum perdão por isso...


Arranho tua pele

sem cerimônia alguma

é tão bonita a vermelhidão

quase sangrando...


Sou quase inocente

é apenas tesão que sinto

certas coisas que passamos

está fora de qualquer controle...


Por enquanto (enquanto der)

deixa-me ser inconveniente

e continuar meus insólitos abusos

em ti meu querido sonho...


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Quando abri a janela, estava na dúvida, tímido que sou. Olharia o mundo lá fora ou voltaria para cama que acabei de levantar? Os carros já circulavam na loucura dos dias. E afinal o que seriam os dias? Pássaros que tentaram um voo rasante e acabaram caindo bem lá de cima. Vi ou não minha face hoje ao ir no banheiro? Era a mesma de ontem quando peguei no sono? Ou as pessoas são outras e não percebem?


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Testemunho

estremeço

Cada túmulo

novo endereço

É o final

ou é recomeço?


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Aconteceu faz tempo... Dá até vergonha ou vertigem (ou uma ou outra ou as duas) fazer as contas, já foram jogados fora todos os calendários. Até a minha cara enganava... Cara de inocente atrás daqueles óculos meio que feios, mas que meu pai obrigava a usar. Eu não tive culpa alguma! Foi a luz do lampião lá atrás. O azul também fugiu e eu nem sei porque... Não, certamente não, não era inocente, apenas sentia um medo bem maior que o mundo. Se eu soubesse que depois nada mais restaria, tinha beijado Dalila na boca...


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Foi tempo, foi tempo,

acabou a festa,

acabou a bebida, 

a loucura foi embora,

a morte até veio...

Foi tempo, foi tempo,

as roupas rasgaram,

os pés escorregaram,

eu não sei o que faço

ainda não chegou minha vez...


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É tudo misturado afinal. Aquilo que eu queria esquecer, agora me faz alguma falta. Os passos na rua que já não posso ir, poderiam até me cansar mais um pouco. Mesmo sabendo alguma coisa, acabei desaprendendo o que não percebo. Gaguejo em firmes palavras, não sei mais que o essencial - respirar. Existem milhares de tragédias por aí, é só apertar o botão no controle remoto. Eu vou devagar, quase caindo, colocar o café frio na xícara e acabo até errando quantas gotas de adoçante deveria ter colocado.


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Toda probabilidade acontece ou não...

Uma certa pressa acaba sendo vitoriosa...

Espero que não espere esperar mais...

Uma certa ideia pode ser ou não a ideia certa...

Versos longos ou monossilábicos são parentes

Providos de uma estranha genética distante ou não...

Qualquer título foi a primeira topada no dedo

Depois as circunstâncias quebram o silêncio ou não...

Quero estar um pouco mais confortável para aplaudir

Meu fim com palmas que doam até minhas mãos...


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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Na Hora do Nada


Na hora do nada

mais que qualquer niilista possa conceber...

Observem, meus caros amigos,

a feia fumaça de cinza-chumbo

vomitada de órfãs chaminés

de abortadas fábricas...

Eu faço meus cigarros

como quem se mata aos poucos

sem se importar mais...


Na hora do nada

num silêncio maior do que o surdo...

Está na televisão, meus caros senhores,

a novidade de novas bombas

esmagando as cidades

sem se importar com a vida...

Vou engolir todo o meu choro

e talvez até tenha a sorte

do meu coração implodir junto...


Na hora do nada

o mudo está tentando gritar...

Na confusão dos mercados, prezados amigos,

na mais louca das liquidações

somos a presa de um caçador insano

que vemos diariamente no espelho...

Não preciso ingerir veneno algum

há muitos novos deles

escondidos sob coloridas embalagens...


Na hora do nada

o cego anda na corda bamba...

E uma banda sem alaridos pela praça

anuncia novas impossibilidades

são as novidades inesperados

que envelhecem ao contato atmosférico...

O ar nos deixará sufocados

e a água nos matará de sede...


Na hora do nada

o condenado lerá sua sentença...

Nós nos alegramos com a tristeza

no mais genuíno egoísmo

que nos tira a imortalidade

que acabamos desconhecendo...

Abram alas para o carnaval desproposital

e para apatia de nossa crueldade...


Na hora do nada

o balão subirá ao chão...

Chegou a nossa grande hora

de sermos apenas um número à mais

e num tempo mais que breve

toda nossa história será esquecida...

O nosso quarto estará vazio

e as páginas de nossa livro em branco...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 116

 

Espero que a esfera

gire mais um pouco

Que os dias me batam menos

e que o sangue continue

correndo nas veias

sem cair no chão

Espero novos tempo

em que a minha poesia

chore menos

pois hoje é uma carpideira

e bem paga,,,


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Silêncio no barulho

desamor no amor

Eu choro pelas contradições

que assim existem

mas continuo andando

É a malvada roda do tempo

redemoinho na beira-mar

que nos leva 

de qualquer forma

Nunca saberemos novas respostas

para velhas questões...


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feito uma barata

esmagada pelo pé do acaso

eu tentei ir pelos cantos

mas a imprudência  é humana

mesmo quando não achamos

preso feito um rato

tento manter silêncio

sobre os meus sonhos

mas eles acabam gritando

e chamam a atenção do gato

todo poema é mais um lamento

feito uma barata

(e dessa vez sem nem Kafka)...


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É frio! É frio!

Gritava o menino

esquecido entre os escombros

da velha cidade bombardeada...

É quente! É quente!

Gritava a jovem prostituta

na sua aula diária

de viver apenas desamor...

É morno! É morno!

Gritava o soldado

após matar seu inimigo

que era igual a ele...


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Eu tento e sempre

fazer coisas banais em sonhos

palavras comuns em versos

alguns sóis em explosões artísticas

mas não consigo...

A tristeza sabe desmanchar

quaisquer cores existentes...


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Tudo está parado

Mesmo em movimento

Todo átomo está fadado

A morrer num momento

Tudo para e para

Em volta e em mim

E até a lembrança mais cara

Também chega ao fim...


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Travesso o menino

que nos apronta sempre

que afugenta os passarinhos

sem usar atiradeira

que apaga nossos desenhos

que fizemos no chão

que faz que esqueçamos

as notas de cada canção

que ri quando choramos

mas acaba chorando junto

Travesso menino

esse tal de destino...


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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Num Dia Desses


Num dia desses...

Calçadas cheias e mesas vazias. Eternamente o ar está parado ou até bem mais. Esqueçamos nossos pecados, já estão pagos com nossas lágrimas. Nossos sonhos nos perseguem como incômodos mosquitos zumbindo em nossos ouvidos. A riqueza ri de pura crueldade. A morte tem paciência ou não. Toda inocência é feita de vidro. E somos atores falidos tentando encenar uma normalidade inexistente. 

Sou o mais exibicionista de todos. Exponho meus sentimentos mais do que a novinha mostra a bunda no baile. Hoje era folga dos leões e Daniel aproveitou para escrever seu novo romance. Na claridade falta qualquer clara idade. O fundo de qualquer coração é tão traiçoeiro quanto um poço. 

Eu faço uma pausa para o café e envenenar-me mais um pouco. A velhice traz mortais sonos para minha pobre agenda. O exotismo é uma banalidade como outra qualquer. E a mediocridade é apenas uma genialidade mal entendida. 

O que resta de mim se debate inutilmente como quem se afoga numa poça d'água. No meu funeral façam o tradicional - abram cervejas e contem piedosas mentiras.

Todo poder é um 38 na mão de uma criança. Uma simples discussão pode acabar com aquilo que nunca foi visto. Um urubu perdeu o tino e acabou caindo na Brasil.

Tento aproveitar certas memórias como quem mata folhas para o chá. E grito parecidamente como o bebê que está cumprindo horários. O feiticeiro rogou suas pragas, mas acabando de escrever o endereço. O sucesso é o fracasso que fracassou. 

Não há mais nada que reclamar, o motor deu pane. A queda do avião e da ave foram bem parecidas, lamentemos tal incidente. Está dada a partida, só não há mais chegada. Isso porque o rio doce já se fez amargo. Os ossos do barão preparados estão e as cumeeiras todas em prontidão. 

Muitas palavras e talvez discreto silêncio de altas vozes. A poeira se acumulou em minhas dores. Numa grande comoção coletiva de saltimbancos de uma tecnologia sem limites limitadamente infame. Eu possuo vários nortes em um somente. Uma piada sem sentido me fez rir muito ontem. Puro carisma. 

Meu dicionário lotou-se de neologismos brilhantes como um velho calendário de curiosidades. Serenamente a minha mente é serena. Palitos de bambu e futuras torturas fartas de solene espera. A conversa cessou e eu acabei chorando. Envelhecimento precoce e memes tão geniais.

O sol agora ferve em seu caldeirão de talvez bruxarias. E um vento quase fresco quase relembra uma ou outra agradável memória. Como em velhos livros infantis de falsas cores. Algumas já esmaecidas demais para serem recuperadas. Eu espetei meu dedo e o sangue caiu no chão. Chorar é muito pouco agora.

Foi num dia desses...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).


sábado, 18 de dezembro de 2021

Preso

 

Preso entre águas, preso,

o pobre guarda-chuva insuficiente

para todo o meu frio...

Amargo, muito amargo,

não há tanto açúcar

que adoce meus lamentos...

Sombrio, mais que noite,

a escuridão me segue

para onde quer que eu vá...

Acabado, pobre de mim,

cheguei na festa com o atraso

do folião que estava bêbedo...

Inútil, sempre inútil,

como a folha amarelada

que caiu de sua árvore...

Pequeno, o menor de muitos,

talvez um inseto esmagado

pelo transeunte distraído...

Perplexo, totalmente tonto,

como quem engoliu o sonho

quem nem aguardente vagabunda...

Maldito, demônio arrependido,

mas agora já é muito tarde

para não te amar mais...

Espelho, empoeirado, quebrado,

jogado num canto qualquer

da velha sala abandonada...

Fantasma, quase assombração,

morrer é tarefa fácil,

viver morto também...

Preso entre águas, preso,

mergulhado no caudaloso rio

que nem vai ao mar...

New Colors

 


Mundo i-mundo

O cadafalso aberto

O nude coberto

Vida in-devida

A rede social

A comida sem sal

Noção sem noção

O status idiota

A miséria não nota

A prata me mata

Eu velo o veludo

É nada ou tudo

Eu ouço o calabouço

Qual dos lados?

Carnaval ou finados

O defeito des-feito

Pombos de rapina

Putinhas de esquina

A madeixa não deixa

Sou um fantasma

Sofro de asma

A nudez tem mudez

A escada é estrada

Escapo do nada

O prato é o fato

Uma idéia legal

Morrer no carnaval

Do socorro só-corro

Vou andando e caio

Se chego porque saio

O estreito eito

Morreu a fera

Nasceu a espera

Moedas fazem quedas

Manu eu quero tu...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida)



sábado, 11 de dezembro de 2021

Fui Eu

 


Fui eu que gritei na praça. Assustei os pombos que voaram em bando. Chamei a atenção dos discretos burgueses que iam ao encontro de sua fatalidade mesquinha, insípida e incolor.

Sim, fui eu.

Fui eu que puxei o gatilho. Acertei no peito da minha própria paixão e fui direto ao solo. Meu sangue escorria colorindo o asfalto de mais uma manhã quente como tantas outras.

Sim, fui eu.

Fui que cavei a minha cova. Cavei o máximo possível para não deixar vestígios. Ali repousará eternamente todos os sonhos que tive, muitos deles morreram bem antes de nascer.

Sim, fui eu.

Fui eu que mergulhei no rio. Queria engolir todas as suas águas de uma vez. Mas estava com pressa de chegar ao mar, o mar onde também serei mistério até o fim dos tempos.

Sim, fui eu.

Fui eu que levantou voo. Apesar de minhas asas estarem quebradas. Eu precisava chegar nas nuvens o mais cedo possível, Já faz muito tempo que não brinco, estou me esquecendo como rir.

Sim, fui eu.

Fui eu que derrubei os muros. Não os muros da maldade dos homens, mas o da minha. Aqueles cairão por sí próprios. Mais um pouco e os velhos preconceitos cairão como frutas podres.

Sim, fui eu. 

Fui eu que acordei de madrugada. Me deu uma vontade incontrolável de dançar. Mesmo sem ter um par para isso, solitário. Dei prazer a mim mesmo de ver o sol nascer.

Sim, fui eu.

Fui eu que me vesti de todas as cores. Cores vivas e cores mortas. Num carnaval de ano inteiro. Apesar de todo o luto, não dei atenção para a tristeza, ela que vá embora.

Sim, fui eu.

Fui que aproveitei um papel rasgado, um tempo qualquer. Para escrever alguns versos teimosos. Se ninguém lerá, isso é apenas uma outra história...

Sim, fui eu...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome N° 115


Quase nada é o que somos, apenas o tempo gasto em qualquer ato. Histórias esquecidas, simples boato. Palavra engolida, olhos no fundo do prato. Onde andarão as canções que cantei um dia?  Errei meus erros, troquei a receita. Fuga pela esquerda, abismo  pela direita. É sempre noite, a fera espreita. Onde andarão os sonhos que me afligiram um dia? O menino engatinha, não sabe andar. A culpa não foi minha por querer te amar. O corpo agora definha, até não mais definhar. Essa solidão não é minha, mas teima me acompanhar. Onde estarão os brinquedos que brinquei um dia?


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Tudo normal... Mais um dia de comoções até disfarçadas entre sujeiras de ruas e sujeiras de almas. Virar a cara é a normalidade de qualquer cidadão. Mentir é a receita do médico e a recomendação da bula. Mãos estendidas em inúteis pedidos. O cheiro nauseantemente gélido de enfermaria sobe ao ar. O político mente para nosso deleite. O preconceito se mistura com argumentos de papel velho e amarelado. Nunca se sabe a hora exata de fechar os olhos. Temos evidências covardes demais. Se eu fosse um cão abanaria a cauda. Enlouqueço plenamente. Tudo normal...


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Velhas novas tristezas adjetivadas. Aquilo que eu queria, já não quero mais. Qualquer pedaço do teu corpo não será mais meu. Mesmo se a minha insistência for grande, não poderá engolir mais o mundo. O peito aperta até que eu grite. Acordo os justos no meio da madrugada. Hei de falar dos bem-te-vis até o dia que floresceram flores que nunca conheci. A cinza suja minhas mãos e isso pode ser preocupante ou não. Nesse exato momento tudo acontece em determinado canto do mundo. É grande formigueiro e nada mais, mesmo quando as formigas estejam com suas obrigações sociais em dia.


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A história ri da nossa cara, o que passa a ser lembrança nada mais é do que um pedaço de simples mediocridade. Escuto passos desconhecidos no corredor, até o sangue que gela permanece na mesma temperatura. Toda diferença tem um quê de igualdade, ainda não parei para observar qualquer um vice-versa. Minha opinião é apenas mais um ponto para acrescentar, desculpe o mau-jeito de meus maus-modos. Os pombos conhecem migalhas de longe, o instinto é tão inteligente como o cientista em seu laboratório. Todo vexame é guardado para mais tarde, hoje amanhecemos com um leve enjoo. 


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Abaixe o som. Eternidades são escolhidos por sorteio. Aumente o som. Todo final acaba acontecendo. Abaixe o som. A alegria pode me embriagar como uma droga qualquer. Aumente o som. Versos banais precisam de mais inspiração. Abaixe o som. O meu demônio dorme e acorda de mau-humor. Aumente o som. Todas as manhãs muitos zumbis passeiam. Abaixe o som. Quero escutar gemidos mesmo que fingidos. Aumente o som. O negócio é a alma da propaganda. Abaixe o som. A memória tem ladeiras íngremes. Aumente o som. Nunca nos esqueceremos de certas fogueiras. Abaixe o som. Trato com carinho todas as minhas incertezas. Aumente o som. Tropecei na escada e não há mais jeito. Abaixe o som. É melhor desligar...


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Um cego dedilha as cordas que não vê. Seu chapéu de palha amassado aos seus pés. Canta sobre terras que nunca foi, narra aventuras que nunca viverá. Alguns param, escutam e lhe jogam moedas. Outras jogam moedas e prosseguem. Outros observam e nada lhe dão. A maioria simplesmente passa. O suor escorre em seu velho rosto. Deve ter sol ou algum mormaço desses. Um cego dedilha as cordas que não vê. Esse é o tempo...


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Troco minha lucidez por algum sonho que possa acontecer - quem quer? Junto leva também milhares de palavras que não foram para o ar. E olhares silenciosos de madrugadas mal dormidas por ruas escuras e solitárias. Quem quer?


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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Essa Matemática


essa lógica matemática

quase fala, é quase temática

a felicidade não tem embalagem,

só a miragem...

essa fala quase patética

é quase desprovida de ética,

só aquele que tem fome,

a conhece pelo nome...

essa maldade humana

é feia e é urbana

mata o que estiver na frente,

bicho ou gente...

essa febre apática e motora,

moralista e conservadora,

vai atirando à esmo,

perdão à si mesmo...

essa liberdade com mordaça

é apenas uma trapaça,

é o martelo no dedo,

um terror sem medo...

essa explosão anímica

é quando muito cínica,

criança sem berço,

final sem começo...

essa putinha inocente,

é quase igual e diferente,

toda vestida e nua,

andando na rua...

esse milagre da ciência,

já perdeu a consciência,

é simples objeto,

morto e concreto...

essa antiga sistemática,

inadequada e temática,

mata aos poucos,

nos deixa loucos...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome N° 114



Olho o relógio na vã expectativa que ele pare,

mas ele não para...

Chamo inutilmente os sonhos para regressarem,

mas nunca farão isso...

Voltará a minha juventude que já se foi?

Acredito que não...

Os desamores tornar-se-ão novamente amores?

Impossível...

Todo o meu choro de algo adiantou?

Nenhum adianta...

Mesmo que andasse sobre as águas

seria uma mera coincidência...


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Prisioneiro de mim

faço canções inexatos

como o barulho dos carros

sob um sol de ruas...

Não me peça

explicações plausíveis

que nunca poderei dar

em tempo algum...

Não esqueça nunca

sou apenas um prisioneiro...


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O sino do meu silêncio bate 

na madrugada 

e ninguém escuta

Talvez fosse ele uma piada

mesmo que de mau-gosto

num stand-up ruim

Não há como escaparmos

do esquecimento

como em velhos epitáfios


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cena feliz

o zumbido noturno de aviões

vomitando bombas 

sobre milhares de inocentes...

os filmes se realizando

os dramas andando pelas ruas

as novelas se tornando verdades...

cena feliz...

o ronco de estômagos vazios

lixos revirados

é o que temos para hoje...

o impossível vem chegando aí

é bom funcionário

e vem bater seu cartão de ponto...

cena feliz...


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estrelas caindo rapidamente

é o que temos para hoje

nessa noite fria como tantas outras

comeram a lua?

as aves noturnas estão escondidas

em sei lá qual canto

haverá sol amanhã

faíscas são lágrimas...


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lembrei dos teus olhos dia destes...

mesmo a desigualdade deles não roubou 

a beleza que sempre houve

na verdade nem quis saber se belos eram

eram apenas olhos que moravam em meu peito...


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faltam apenas segundos

nem muitos nem poucos

são como um bolso cheio de moedas

o peso é uma coisa, o valor outra

faltam apenas alguns minutos

apenas o suficiente

para se chorar na dose certa

cumprindo nossas tarefas

faltam apenas algumas horas

as que puderem existir

antes que fique cego de vez

preso em minha solidão

faltam apenas alguns dias

para que o desconhecimento pouse sobre mim

e esses versos se calem

para todo o sempre...


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...