quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Droga Mais Forte - Tristeza


a droga mais forte é a tristeza
pinta com cores diferentes qualquer cena
e passarão muitos dias ainda em choro

no coração é que está o abismo

e nele aparecem as visões do sono medo
mais reais que as pedras do caminho

eu nunca fui bom e o meu romantismo

é o espinho da rosa morrendo solitário
entre tantas pétalas que caíram no chão

verdes mares nunca antes navegados

os meus discursos são apenas etílicos
mas até os absurdos têm sua razão de ser

há sons espalhados por cada um dos dias

mas há silêncio em cada uma das bocas
até naquelas que tentam gritar mais alto

muitas vezes a mesma cena foi repetida

e as mesmas amarelaram sob o tempo
e no fundo ainda tocavam ciganos violinos

a encomenda chegou pelo correio

e a decepção veio logo em seguida
como o velho sorvete na geladeira

eu conto cada história com a avareza

de quem conta suas inúmeras moedas
gargalhando bem alto e para todos

o som tocava bem alto na casa vizinha

e pareciam vir de lá risos tão altos
que desconhecia ser nascimento ou funeral

não sei quantas vezes irei morrer

aliás nem sei quantas eu já morri
só posso falar de fatos consumados

faltam dedos para tantas idéias

e a garota de programa não é tão bonita
quanto a falta de ar no banheiro solitário

eu hei de me enganar milhares de vezes

como o cão que procura morder a cauda
e andei muitas milhas no mesmo quintal

cristalinamente vai caindo o dominó

e as letras marcham numa parada militar
e ainda disparam tiros de metralhadora

vamos dar milhos aos pombos na praça

e falar de coisas bonitas nas coisas feias
aquela senhora um dia não teve rugas

sem sinais e sem problemas jogamos cartas

enquanto os rios vão se movimentando
mesmo quando não sopra vento algum

eu carrego todas as minhas maldições no bolso

vá que eu precise de alguma delas na hora
e isso seja algum motivo para alguma coisa

os leões já fugiram para a fazenda

e as bandeiras foram postas para lavar
e agora podem alegrar nossos quintais

na verdade nunca pude amar ninguém

só fiz algumas palavras se colidirem
numa explosão que nem a criação do universo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...