sábado, 28 de junho de 2014

Uns Pássaros

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Quero ser livre de eu mesmo
Antes que o céu caia sobre minha cabeça
Que seja a minha boca à escolher
Todos aqueles gosto que quer provar
Foram muitos dias em suspense
Tentando entender coisas da vida
Aquilo que eu amo me pertence
Mesmo quando não correspondido
Foram minhas próprias lágrimas 
Que regaram esse jardim que agora possuo
Uma flecha atirada vai ao desconhecido
E a grande falta que me faz é o relógio
Quero quebrar as correntes que eu mesmo fiz
E na verdade não sendo nem bom nem mal
O teu rosto vai se repetir quantas vezes 
For necessário ao alimentar minha aflição
O sangue correu em minhas veias como brinquedo
E a febre me atingiu até não poder mais
Eu tremo só de pensar numa ternura triste
Que me persegue de vinda meu arquivo morto
Foi tanta a fumaça que soprei em tempos dantes
Que me duvidei entre o ridículo e o patético
As ilusões devem ser totalmente respeitadas
Porque toda mentira nasceu de uma verdade que errou
Eu quero versos e muitos e muitos versos
Soltos como pássaros que se livraram de gaiolas...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Droga Mais Forte - Tristeza


a droga mais forte é a tristeza
pinta com cores diferentes qualquer cena
e passarão muitos dias ainda em choro

no coração é que está o abismo

e nele aparecem as visões do sono medo
mais reais que as pedras do caminho

eu nunca fui bom e o meu romantismo

é o espinho da rosa morrendo solitário
entre tantas pétalas que caíram no chão

verdes mares nunca antes navegados

os meus discursos são apenas etílicos
mas até os absurdos têm sua razão de ser

há sons espalhados por cada um dos dias

mas há silêncio em cada uma das bocas
até naquelas que tentam gritar mais alto

muitas vezes a mesma cena foi repetida

e as mesmas amarelaram sob o tempo
e no fundo ainda tocavam ciganos violinos

a encomenda chegou pelo correio

e a decepção veio logo em seguida
como o velho sorvete na geladeira

eu conto cada história com a avareza

de quem conta suas inúmeras moedas
gargalhando bem alto e para todos

o som tocava bem alto na casa vizinha

e pareciam vir de lá risos tão altos
que desconhecia ser nascimento ou funeral

não sei quantas vezes irei morrer

aliás nem sei quantas eu já morri
só posso falar de fatos consumados

faltam dedos para tantas idéias

e a garota de programa não é tão bonita
quanto a falta de ar no banheiro solitário

eu hei de me enganar milhares de vezes

como o cão que procura morder a cauda
e andei muitas milhas no mesmo quintal

cristalinamente vai caindo o dominó

e as letras marcham numa parada militar
e ainda disparam tiros de metralhadora

vamos dar milhos aos pombos na praça

e falar de coisas bonitas nas coisas feias
aquela senhora um dia não teve rugas

sem sinais e sem problemas jogamos cartas

enquanto os rios vão se movimentando
mesmo quando não sopra vento algum

eu carrego todas as minhas maldições no bolso

vá que eu precise de alguma delas na hora
e isso seja algum motivo para alguma coisa

os leões já fugiram para a fazenda

e as bandeiras foram postas para lavar
e agora podem alegrar nossos quintais

na verdade nunca pude amar ninguém

só fiz algumas palavras se colidirem
numa explosão que nem a criação do universo...

terça-feira, 24 de junho de 2014

A Febre

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A febre molhava a testa
Final de festa
Nada mais presta
Era festa de escola
Era quase uma esmola
Nada nos consola
E ela não tinha jeito
Atingia até o peito
Atingia minha visão
O meu coração
Acabou a questão
Fechem-se as janelas
Adeus minhas aquarelas
Eram as mais belas
Eram a noite de estréia
Era o delírio na platéia
Acabou-se a ideia
Não há mais sono
Frio e abandono
Quem é seu dono?
Qual o seu destino?
Maltratar o menino
E dobrar o sino
E dobrar a esquina
E fazer a sina
Mal que me ensina...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mistura Fina

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Tantas guerras para a paz
Tanto amor que se termina
Liberdade em Alcatraz
E a maldade da menina
O meu sono está inquieto
Me tragam logo a morfina
Temos um segredo secreto
Que está lá na esquina
No mais imaterial concreto
O meu verso declina
É o incômodo inseto
Pela noite que termina

Tantas cenas para a festa

Tantos beijos para o mal
É uma quentura pela testa
Vem chegando o carnaval
É mais uma cena de teatro
Vai chegar um vendaval
É um é dois é três é quatro
Vem chegando sem sinal
Vem chegando sem jeito
Como ontem o temporal
Vem marcando meu peito
Vem brincando no quintal...

sábado, 21 de junho de 2014

Objetivo


Os meus planos são insanos
São humanos
De viver quinhentos anos
O meu objetivo
É estar vivo
Mesmo sem motivo
Os meus desejos
São milhares de beijos
Sem ensejos
O meu choro
É um mau agouro
Sem decoro

Está na pista

Está na pauta
Está na lista 
Está na flauta
Embaça a vista
É o que não falta

Os meus planos são profanos

Sã humanos
De ver o que tem os panos
O meu objetivo
Ver se sobrevivo
Sem estar no arquivo
Os meus desejos
São ensejos
Para novos festejos
O meu choro
É um estouro
Acabou-se o choro

Está na lista

Está na reta
Está na vista
Está na meta
Mal ou benquista
Nada me afeta...

terça-feira, 17 de junho de 2014

O Velho e O Novo

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O velho falou coisas certas. Mas as coisas certas incertamente calaram no meio do dia. Nada há que se possa fazer.
O novo falou coisas erradas. Mas as coisas erradas podiam se transformar em questão de segundos. Tudo se transforma.
O velho fechou o rosto. Rugas são caminhos percorridos. E caminhos sempre doem. 
O novo deu um sorriso. Sorrisos são portais. E portais sempre levam à muitos lugares.
O velho falou de desenganos. Os desenganos nos seguem. Caminham conosco passo à passo.
O novo falou de esperanças. As esperanças que movem o mundo. Transformam pedras em flores.
O velho falou de homens maus. De guerras em qualquer parte. Das injustiças e de seus autores.
O novo falou da bondade do coração humano. Da alegria que domina o sol. E as flores que pintam o dia.
O velho falou das fotos amareladas. Dos que passaram e não mais voltarão. De todo silêncio que ficou em tristes jardins.
O novo falou em cores vivas. Dos que virão em alegre dança. Do riso grande feito de coisas mais engraçadas.
O velho falou do amor que morreu. Do beijo que esfriou em lábios mortos. Das juras que foram quebradas.
O novo falou do novo amor que excita. Da jura feita em fogo que queima mas não consome. De planos bons e perversos tão inocentes.
O velho falou em não falar. De deixar que o rio siga seu curso. De esperar que a noite enfim chegue.
O novo falou em gritar. De levantar vozes nas praças. De fazer a luz brilhar num novo mundo.
O velho sorriu seu sorriso triste de muitos dias.
O novo sorriu seu sorriso do novo instante.
E os dois iam andando pelo mesmo caminho. Um lento e dolorido. O outro alegre e rápido. Mas iam juntos. Amigos por toda a eternidade...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A Complicada Caminhada Humana


Passos desencontrados encontrados
A dança é louca é pouca é rouca
Somos certamente somente errados
Tudo é sagrado até o pão e a boca

Vamos contar as estrelas do céu

Na impossível humana possibilidade
E verdades que estão fora do papel
Meus fantasmas de realidade

Todos caminhos vão dar em Roma

Todos as retas vão dar na liquidação
O paciente não saiu de seu coma
Está quase parando o seu coração

Os meus pés vão então tropeçando

Aonde vai dar esse nosso caminho?
Os fogos vão então se estourando
E na rosa vai crescendo o espinho

Passos encontrados desencontrados

A dança é pouca é rouca é louca
Somos certamente desejos trovados
Tudo é sagrado até o pão e a roupa...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Plano de Vôo


Eu que fiz muitas jornadas caminhando
Decidi que agora não irei mais andar
As estrelas lá de cima estão chamando
E pra ir lá pra cima vou ter que voar

Eu que antes sentia medo das alturas

Tombo do alto da escada que fez parar
Em imagens que agora estão escuras
Mas que foram tão grandes feito o mar

Eu que antes nunca andei de bicicleta

E a noite me fazia às vezes delirar
Que carreguei uma paixão secreta
Enquanto eu só queria só te amar

Vou voar com certeza eu logo vou 

Não sei em que altura qual o lugar
Como um dia Ícaro também voou
Feliz nas nuvens sobre o mar...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Insaneana Brasileira Número 36 - Amenidades


É coisa de pouca monta. Como já dizia os que se foram. É café pequeno. Apenas uma estrela no ombro em novos modismos que deveríamos ignorar ou não. São várias opções nesta prova de múltipla escolha que se resume nas duas mágicas: sim ou não. Cuidado. Temos que ter muito cuidado. Com cada fração que a vela fica acesa. Novas doenças surgem todos os dias. A moda faz presença em todos os lados. Marco zero. Marco onze. Marco mil. Mil circunstâncias circunstanciais fazem o herói do dia. É a bomba servida não mais como sobremesa. Velas acesas e muitas. Choro de cera e de muito mais. Versos malditos saindo de bocas tardias. Nada chove e letras somem. Tudo chove e tristezas aparecem. E atrás dos vidros olhos estremecem. Discussões à parte todas as partes nos comovem. E os aromas nos enganam mais e mais. É o cheiro do novo superando o velho. E os espelhos causam uma dança frenética agora fora de moda. Nacionais comoções. E ligas leves de máquinas de destruição em massa. É feriado eterno para os que não têm nada. E um banquete de pão dormido para quem não tem o que comer. Apaixonante. Como os comerciais de refrigerante. E as louras estonteantes dos comerciais de cigarro ou de rotina doméstica. É  a tentativa frustada de evasão de divisas. E mais crimes de uma lista doméstica de compras. Incensos acesos e assassinatos tão comuns. Tomei uma garrafa de café buscando soluções solúveis e menos volúveis. Mas o voo da águia desta vez foi de baixa altitude. É a consciência da comédia meramente educada. A água escorre pelas paredes com limo verde-azulado. E como chove. E a chuva é ácida como as maçãs. A cirurgia foi delicada e durou dezenas de dias. É o costume visitarmos os mortos sempre. E falarmos daquilo que nunca mais faremos. Planos e plantas rasgados. E os créditos do celular indo embora. Tudo é poema. Até as palavras que o menino mudo não falou. Todos os verbos conjugados ao mesmo tempo. Somos de um mundo violentamente belo e vulgar. E bebemos todos os dias...

domingo, 8 de junho de 2014

Os Loucos

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Os loucos sempre vão sozinhos
Nunca recebem carinhos
Não possuem flores só espinhos

Os loucos só andam em bandos

Estão sempre e sempre amando
Na doce insolidez do até quando

Os loucos só vivem rindo

Pelos prédios que estão caindo
Pelos balões que estão subindo

Os loucos só vivem chorando

Pelos pesadelos que vão sonhando
Pelas febres que vão delirando

Os loucos nunca desistem

Seus castelos sempre existem
E em sua luta insistem

Os loucos sempre correm

Aos poucos então eles morrem
Ninguém tem pena e socorre

Os loucos estão aí pelos cantos

Escutem de longe o seu pranto
Somos poucos mas somos tantos...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cálculos Gerais

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São cem capitães
São cem generais
São sem amanhãs
E tem mais! E tem mais!

É a marcha do homem contra o homem

É o ataque de cidade contra cidade
É a maldade que a tudo vai e consome
É o pesadelo sem apelo na verdade

São cem canhões

São cem temporais
São sem acusações
E tem mais! E tem mais!

É a história sempre mal contada

É o resultado fadado e invertido
É o roubo de carta marcada
É todo sonho que se tem perdido

São cem estações

São cem capitais
São sem prestações
E tem mais! E tem mais!

É a sina de um bobo humano

É a mudança de todo resultado
É a estratégia  sem ter plano
É o dado lançado e viciado

São sem capitães

São sem generais
São cem amanhãs
E tem mais! E tem mais!!!

Insaneana Brasileira Número 35 - Estados Suspensos de Consciêmcia

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Já procuramos em quaisquer cantos. Em todos eles. Até não teimarmos mais. Numa briga constante de nós conosco e por aí vai. Nós somos frutos de uma química vã e com detalhes mais sórdidos. E com ela vamos exibindo nossos estandartes. Rasgados e rotos pavilhões dignos de nota sim mas de desprezo também. Somos os notáveis. Mesmo quando nos escondemos num canto qualquer entre a máscara da normalidade e o cinismo da rotina. Observem bem se puderem. Cada dia mais não temos mais mais. Mas insistamos enquanto haver um sopro nos pulmões. Uma idéia na mente. Uma insistência entre cadernos e livros e anotações. Napoleão e seus cem soldados. A febre de Alexandre. Hitler e seus espasmos. Tudo passa. Tudo impermanece. E as piramides tremem de esquecimento. Muito mais a terra já comeu. em banquetes dignos do mais requintado gourmet. Bebamos logo. Em grandes goles filosoficamente medidos com pedras. Vamos viajar em terras distantes e estranhas que nunca vimos mas conhecemos de cor e salteado. Margaridas trêmulas e rosas indecisas compõem um buquê de fino trato. Quando temos trinta anos trinta anos se passaram sem vermos mais nada que momentos esparsos pelo tapete da sala de estar. É o jeito. Parecermos bons sem nunca termos exercido qualquer piedoso ofício. Nos livros nos livramos de algumas maneiras deseducadas e talvez nada mais. É o sagrado encontro entre tudo e alguma coisa. O que resulta num belo bordado artisticamente desfeito. Era uma vez. E era sempre. E sempre vamos comendo silenciosamente como a última refeição de um condenado. Estamos coletivamente sós. E discursos monologamente feitos dizem talvez alguma coisa. Falta imaginação na praça e isso é muito triste. Para cada desculpa uma inflamada defesa de causa. Mas há muita poeira sobre os móveis. E nasceremos de novo...

terça-feira, 3 de junho de 2014

Um Novo

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Em recorte de jornais vejo notícias que não me abalam
Pois o coração não envelheceu após tantas batalhas
Vejam só como ele pulsa subindo muitas ladeiras
E nunca perde o fôlego!

Vejo o mundo como ele é com suas aflições e risos
Com suas comédias que estreiam em cada dia
Com suas curvas tentadoras com várias cores
E nunca perco de vista!

Danço em rodas intermináveis em torno de fogueiras

Com um pouco de ciganas gerações em minhas veias
E faço de todo céu e terra e mar o quintal lá de casa
E nunca paro de cantar!

Traço planos infalíveis de mais pura inocência

Ruas com muito sol e encantos invisíveis aos olhos
Do comum que não esquece dos horários e das penas
E nunca joguei fora a esperança!

Doces que comi naquela calçada já foram embora

Mas a paz foi proclamada depois de tantos rounds
É hora! É tempo de esculpir em brancas nuvens
E nunca esquecer todos os rostos!

Em recorte de jornais vejo notícias que não me abalam

Pois o coração não envelheceu após tantas batalhas
Vejam só como ele pulsa subindo muitas ladeiras
E nunca perco o fôlego!

Um Velho


Eu não tive amada na garupa
Nem tive beijos mais roubados
Não foi minha a minha culpa
Pelos meus sonhos abandonados

Eu só vi o tempo passar passando

O horizonte perdido na distância
Eu vi um menino viver chorando
Num pesadelo chamado infância

Eu vi chegar devagar cada ruga

Todas as cores mudarem de tom
Um labirinto sem rota de fuga
Já foi embora tudo que era bom

Minhas mãos frágeis vão tremendo

Sou um velho é isso que eu sou
Enquanto as nuvens eu vou lendo
Não sei onde vou indo mas eu vou...

domingo, 1 de junho de 2014

Infinitas Nuvens


Eram elas...
Infinitas nuvens que cobriam...
Infinitas mazelas...
Minhas dores assim sorriam...
Era tudo...
Mas não era nada...
Era um grito mudo...
Na platéia abandonada...
Eram tantas...
Que pareciam um teto...
A alegria se espanta...
Vai longe meu afeto...
Traziam viagem...
Era tanta altura...
Era só uma bobagem...
Era só travessura...
Não era noite nem dia...
Era algo indefinido...
Era a agonia...
De ter sobrevivido...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...