Luz acesa sob o sol
Instantes corriqueiros em qualquer tempo
Eu não sei embaralhar as cartas
Mas acabo ganhando o jogo
Na teimosia dos dias
E nos sonhos sem talvez
Suor e lágrimas são semelhantes
Dois rios para o mesmo mar
Nada de novidade na China
Os camelôs desesperaram-se
Como se fossem pobres viúvos
Os raios da tempestade são punhais
E acariciam como espinhos
Mês sim e mês não eles aparecem
De alguma outra dimensão
Eu mesmo invento meu idioma
Como quem come margaridas
Mesmo que faltem aplausos no baú
E a poeira das gavetas ensurdeça
Tenho a idade de um viajante perdido
E olho a barba que cresce
Até que eu vire pó de uma vez por todas
O improviso me visita às vezes
E conversamos longamente sobre tudo
Mesmo que um não entenda o outro
Sem meninos e sem passarinhos
Todos os meus poemas morreram...
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