quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome N° 111

 


Errei, errei sim,

Esqueci vírgulas e pontos,

Sobretudo as reticências,

A vida é uma carta mal escrita

Onde inventar de nada adianta,

O enredo cresce até que percamos

O chamado fio da meada,

Tudo enfada,

O brilho fica opaco

E então nos resta apenas

O tango argentino de Bandeira...


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Um rio corre com toda a certeza possível,

Qualquer horas dessa vai dar no mar...

Os ventos só param se mortos estão,

O bailado das folhas acaba acabando...

Pode bater a porta na minha cara,

Eu me acostumei com certas indelicadezas...

Os balões de gás, aqueles meus balões,

Acabaram escapando e fugiram pela noite..

Se engolimos tantas e tantas coisas,

O choro será apenas mais uma delas...

Na falta de sábios para poder conversar,

Prefiro mil vezes conversar com passarinhos...


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Pequeno poema

Quando me vê, acena,

Faz cena,

Quer me recordar

Ou ainda acordar,

Que um dia existiram

Cores bem mais vivas

Que essas de agora...


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Na meia-madrugada insone

Com sérias preocupações banais

Um vento frio na janela escancarada

De todos me acho o menor sem explicação

Talvez os poemas me salvem do que nem mesmo sei...


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Histórias são espelhos...

E as dos que foram embora

Mesmo assim continuaram...

Becos sem saída 

Ou mesmo não...

O que eu não ainda continua...

Muitas palmas ou inúmeras vaias

Isso à gosto de cada freguês...

E quero vestir-me de veludo

Da cabeça aos pés

(Isso se o tempo ajudar)...

Histórias são espelhos...


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Mancha de nicotina em meus dedos

Mancha de teu batom em minhas faces

Talvez a vulgaridade tenha lá seus méritos

E o incomum goste de se esconder

Conto histórias sem pé nem cabeça...

Copos com a espuma que sobrou

O amanhã tem incertas certezas

Eu até poderia ser um marciano

Se não houvessem testemunhas oculares

De que quase nada sobrou do meu lirismo...


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Há marionetes jogadas pelos cantos

Esperando a hora de se moverem...

Muitas histórias precisando serem contadas

Mesmo com um final já esperado...

A morte não existe sem a vida

Um inimigo desconhecido não o é...

Cada passo que dei me fez chegar

Aqui onde me encontro agora...

Existir é uma banalidade como qualquer...


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Fala pouco 

como outro objeto qualquer...

Não me acena

mesmo quando dou bom-dia...

Sorri quando cisma

e quando cisma séria fica...

Cada segredo é apenas

uma solene pergunta que calou...

Junto moedas

e nem assim compro minha alforria...


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Guardo pedaços de saudades

como um velho miserável

guarda as pontas dos cigarros

para dias piores que podem vir...

Acumulo sobras de alegrias

para que se a solidão vir

não me encontrará desprevenido

jogado num canto qualquer...

Vários fragmentos estão nas ruas

cada uma é uma esquecida história...


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