Errei, errei sim,
Esqueci vírgulas e pontos,
Sobretudo as reticências,
A vida é uma carta mal escrita
Onde inventar de nada adianta,
O enredo cresce até que percamos
O chamado fio da meada,
Tudo enfada,
O brilho fica opaco
E então nos resta apenas
O tango argentino de Bandeira...
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Um rio corre com toda a certeza possível,
Qualquer horas dessa vai dar no mar...
Os ventos só param se mortos estão,
O bailado das folhas acaba acabando...
Pode bater a porta na minha cara,
Eu me acostumei com certas indelicadezas...
Os balões de gás, aqueles meus balões,
Acabaram escapando e fugiram pela noite..
Se engolimos tantas e tantas coisas,
O choro será apenas mais uma delas...
Na falta de sábios para poder conversar,
Prefiro mil vezes conversar com passarinhos...
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Pequeno poema
Quando me vê, acena,
Faz cena,
Quer me recordar
Ou ainda acordar,
Que um dia existiram
Cores bem mais vivas
Que essas de agora...
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Na meia-madrugada insone
Com sérias preocupações banais
Um vento frio na janela escancarada
De todos me acho o menor sem explicação
Talvez os poemas me salvem do que nem mesmo sei...
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Histórias são espelhos...
E as dos que foram embora
Mesmo assim continuaram...
Becos sem saída
Ou mesmo não...
O que eu não ainda continua...
Muitas palmas ou inúmeras vaias
Isso à gosto de cada freguês...
E quero vestir-me de veludo
Da cabeça aos pés
(Isso se o tempo ajudar)...
Histórias são espelhos...
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Mancha de nicotina em meus dedos
Mancha de teu batom em minhas faces
Talvez a vulgaridade tenha lá seus méritos
E o incomum goste de se esconder
Conto histórias sem pé nem cabeça...
Copos com a espuma que sobrou
O amanhã tem incertas certezas
Eu até poderia ser um marciano
Se não houvessem testemunhas oculares
De que quase nada sobrou do meu lirismo...
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Há marionetes jogadas pelos cantos
Esperando a hora de se moverem...
Muitas histórias precisando serem contadas
Mesmo com um final já esperado...
A morte não existe sem a vida
Um inimigo desconhecido não o é...
Cada passo que dei me fez chegar
Aqui onde me encontro agora...
Existir é uma banalidade como qualquer...
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Fala pouco
como outro objeto qualquer...
Não me acena
mesmo quando dou bom-dia...
Sorri quando cisma
e quando cisma séria fica...
Cada segredo é apenas
uma solene pergunta que calou...
Junto moedas
e nem assim compro minha alforria...
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Guardo pedaços de saudades
como um velho miserável
guarda as pontas dos cigarros
para dias piores que podem vir...
Acumulo sobras de alegrias
para que se a solidão vir
não me encontrará desprevenido
jogado num canto qualquer...
Vários fragmentos estão nas ruas
cada uma é uma esquecida história...
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