Bailado bonito de vela que se apaga
Fogueira em seu último suspiro
A fumaça acabou subindo...
Um pirilampo foge na madrugada
Sem saber aonde vai
Como meus sonhos também foram...
Bailarina triste que acabou a dança
As cortinas desceram
E ela se pôs a chorar...
Palavras que tentaram fazer até rir
Mas enquanto existem guerras
O único riso é o da maldade...
As ruas estão cheias de pedintes
Mas até nos castelos
Acabam parando algumas respirações...
O coveiro faz suas diárias tarefas
Enquanto a terra abre sua boca
Para engolir mais um bocado...
Tento esquecer algum pesadelo
Mas as feridas que não tive
Acabam me doendo bem mais...
Faço versos como a velha cigana
Que prevê dias mais aziagos
E acaba tendo que mentir um pouco...
Arrumo minhas velhas roupas
E no espelho sujo e quebrado
Tento disfarçar antigas mágoas...
O sangue corre cansado nas veias
Como o atleta que mesmo cansado
Tenta chegar ao final ainda perdendo...
Eu sou aquele que acaba incomodando
O velho espinho que entrou no pé
E se acostumou não querendo sair mais...
A velha canção que teima e teima
De ecoar pelos ouvidos já surdos
Como um fantasma feito de lençol...
Suspiro da borboleta que cai do alto
Suas asas de nada mais servem
Talvez apenas um túmulo colorido...
Um bacurau canta na madrugada
E não há mais menino para assustar
E nem pequena casa para sobrevoar...
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