segunda-feira, 12 de junho de 2017

A Canção Só

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Tens o cabelos em desalinho
Tenho eu esta barba comprida
Sorris porque tens a vida
Choro porque estou sozinho

Tens os olhos na visão do ninho
Tenho nos pés o pó dá estrada
Contenta-te até com um nada
Choro porque estou sozinho

Tens nos lábios o gosto de vinho
Tenho na alma um sabor azedo
Cantas porque foi-se o medo
Choro porque estou sozinho

Tens nos gestos todo o carinho
Tenho no peito um coração bruto
Festejas porque acabou-se o luto
Choro porque estou sozinho!!!

Antes Que Anoiteça Sobre Mim

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Antes que o mal vença
Com sua molesta presença
Em meu jardim
Vida e morte tenham parecença
E a aranha do tempo teça
Um outro sem fim
E aquele imprevisto aconteça
E uma dor venha e cresça
E seja tim tim por Tim
E acabe então minha crença
Antes que então anoiteça
Essa eternidade sobre mim...

domingo, 11 de junho de 2017

Roubo

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Tu eras a própria vida
De noites abolidas
De presentes esperados
De passeios sem chuva

Tu eras a própria palavra

De segredos do peito
De amores impossíveis
De rostos mais bonitos

Tu eras a própria cor

De azuis multitonais
De águas de moto contínuo
De cenas bem vivas

Tu eras o próprio cheiro

De cinemas no domingo
De casas e coisas
De desejos inconfessos

Tu eras o próprio gosto

Do resto do sono
Do fim do ano
Do fim do mês

Tu eras a própria reunião

Dos sentidos que desconhecia
Da maldade dos planos bons
Dos passos da dança

Tu eras tudo isto

Quem sabe? Até muito mais!
Vai, sonho, me conta logo:
Quem foi que te roubou de mim?

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Ainda Rude

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Não sei amar deste jeito
Não faço frases de efeito
Eu amo bundas e peitos

Não conheço o carinho

Eu vou andando sozinho

Eu até ainda sonho

Mas até ele é medonho
Por isto ando tristonho

A vida é cheia de nadas

Eu durmo pelas calçadas
Eu rio de muitas piadas

As mãos ferem as flores

Espinhos também tem cores
Apesar de tantas dores

Não sei o tomar

Meu amigo é o defeito
Eu amo bundas e peitos...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Tanto

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Não é tanto o tanto
E no entanto
Me causa espanto
Que no meu canto
Sem acalanto
Bebo meu pranto

Não é tanto o tanto

E no entanto
Me causa pranto
Que no meu canto
O meu espanto
Seja um acalanto

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Não Me Conheço

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Não me conheço,
Nem sei meu endereço,
Perdi meu apreço,
Todo sonho tem seu preço,
Tudo tem que ser assim.

Foram muitos dias,

Com tristezas e com alegrias,
Um longo caminho, a vida vazia,
Quem sabe ou quem saberia,
Já morreu o meu jardim...



Brincadeira de Gato e Rato

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O gato convidou o rato.
Vamos dançar cirandinha!
O sol atravessa o furo.
O passado já virou futuro.
A saudade já virou doença.
O frio quebrou os ossos.
O vinho engoliu a vinha!

O gato conquistou o rato.

Vamos dançar cirandinha!
A vida tropeça no escuro.
O hesitado se tornou seguro.
A irrealidade virou crença.
O rio levou os nossos.
O vindo engoliu o vinha!


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Cigarro Barato Numero 2

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Tem cigarro barato aí, moço?
Acho que tenho aqui alguns trocados
Faz muito tempo que esvaziou meu bolso
Nos muitos anos que já passados

A competição tá braba na reciclagem

Mas eu compreendo que é essa a vida
Viver importa o resto é bobagem
Que feche por sí toda a ferida

Não repare na aparência, moço

Por baixo da aparência sou humano
Eu não sei mais o que é almoço
O meu destino foi entrar pelo cano

Tem por aí muita coisa jogada fora

O mundo parece uma grande brincadeira
Nem quero boné nem vou me embora
Cada um sabe qual sua maneira

Me dá uma cachaça também, moço!

Daquelas que se toma pra matar o bicho
Quem me dera estar no fundo do poço
Estou apenas em cima desse lixo

Eu prometo não lhe incomodar mais

Vou caminhar esse é meu caminho
Fique com Deus fique na sua paz
O mundo é meu estou tão sozinho

Tem cigarro barato aí, moço?

Acho que tenho aqui alguns trocados
Faz muito tempo que não tem almoço
Como os homens são tão malvados  



Chamado Poeta

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Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta se inspira
Faço versos por aflição
Eu ando em todas as ruas
Elas enchem meu coração
Os poetas têm musas e lutas
Só tenho juras de maldição

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta tudo embeleza
Eu só me lembro da escuridão
E de muitas palavras amargas
Que saem e caem no chão
Assim quis o destino
O espinho feriu minha mão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta vive amando
O amor só me deu traição
Passei por muitos invernos
Eu não conheço mais o verão
O tempo passou tão depressa
É o trem chegando na estação

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta sabe metrificados
O instinto é a minha razão
Todos eles sabem voar
O meu sonho está no porão
Eu gritei palavras de ordem
Mas isto foi tudo em vão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
Ele gostou dos meus rabiscos
Mas isto foi pura ilusão
Gostou dos passos silenciosos
Dos meus ardis de ladrão
E teve pena dos meus sonhos
Os sonhos de um velho bobão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não...

(Extraído do livro "Jullyano e As Nuvens" de Carlinhos de Almeida)

domingo, 4 de junho de 2017

Quatro Quartetos Malditos

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Gosto do que é proibido, mau, imundo
Sou assim mesmo, assim fui feito
Sou apenas mais um caso sem jeito
Que vem passear por este mundo

Só os dias mais feios me atraem

Gosto mais dos amores traídos
Me faltou lugar entre os anjos decaídos
São belas as fumaças que nos ares vaem

Entrego-me a maquinar todos os planos

Que causem dor e que causem choro
São lindas as aves de mau agouro
São mesquinhos todos os seres humanos

Podem me maldizer, falem mal de mim

Eu sou mau, mas sem culpa, inocente
Não fui eu que pedi ser criado assim...

sábado, 3 de junho de 2017

Eu Surto

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Eu surto
O meu tempo é curto
Acordo toda manhã
Nessa vida vã
Eu choro
E te imploro
Não me bata
Nem me mata
Já é castigo
Deu estar comigo
Ser um e ser dois
Agora e depois
De não querer falar
Sorrir e andar
Ficar dias num canto
No entanto
Não queria que fosse assim
Pobre de mim
Que a porta abrisse
Que o véu caísse
Tudo tão claro
Mas é tão raro
Nem o remédio adianta
A ânsia é tanta
Não tenho culpa
Peço desculpa
Num tempo que não medi
Cheguei aqui
Não reconhecia nada
A mente parada
E vozes lá fora
Quero ir embora
Mas não me escutaram
E me drogaram
Logo de início
Este é o ofício
Na existe culpado
Pra esse estado
Não queria agredir ninguém
Tá tudo bem
E teve aquela passagem
Pela triagem
Aí teve aquela visita
Coisa esquisita
Não tinha nenhum conhecido
Tinha esquecido
Até quem eu sou
Onde estou?
Agora às vezes apaga tudo
E fico mudo
E surto
O meu tempo é curto...

(Extraído do livro "Poemas de Um Louco" de Carlinhos de Almeida)

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...