sábado, 30 de maio de 2015

Por Que A Alegria É Tão Frágil?


A alegria é tão frágil quanto os misseis 
Que caíram dos aviões nas guerras...
As casas explodem e os risos também
Nos rostos de todos os meninos...
A alegria é tão frágil quanto as pedras
Que foram gravadas em línguas estranhas...
As pedras esperam no passar dos dias
Na novidade de todos os brinquedos...
A alegria é tão frágil quanto os doces
Que eu comia sentado na calçada antiga...
Num tempo que nem sei qual foi
Porque é inútil cálculo para o coração...
A alegria é tão frágil quanto as cartas
Que eram as paredes do castelo do rei...
São vários os labirintos mais escuros
Em que ainda terei que um dia andar...
A alegria é tão frágil como as pessoas...
A alegria é tão frágil como as coisas...
Mas é como o ar viciado e único
Que temos que respirar o tempo todo...
É como a veia que está entupida
Mas é a única que temos pra passar o sangue...
Ao mesmo tempo busca e tormento...
A criatura que acaba criando o Criador...
A alegria é tão frágil como a luz que se impede
Mas que ninguém poderá destruir...
A alegria é tão frágil...

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Poema das Desilusões

Resultado de imagem para dragões Eu tive em mim mais de mil corações
Tristes ou alegres bons ou malvados
Desconhecidos ou cheios de estações
Eternos andarilhos ou apenas parados

Eu quis meus sentimentos de uma vez

Muitos e todos e isso à qualquer custo
Mas todo tempo chega ao fim de mês
Ele vem trazendo consigo o seu susto

Eu sonhei ser meu próprio herói do dia

Matar os dragões com a minha espada
Eu queria porque eu sempre o queria
Mas o que eu queria só foi dar em nada

Eu queria ser amado por todos viventes

Eram muitos e tantos esses meus amores
Mas colocaram em mim todas correntes
E só o que me deram foram essas dores

Eu tive em mim mais de mil corações

Tristes ou alegres bons ou malvados
Estavam apenas cheios de desilusões
Eternos andarilhos ou apenas parados...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Insaneana Brasileira Número 74 - A Invenção da Invenção


Tudo surgiu de um nada. É. E as coisas que escrivinhamos apagam sozinhas. Era tudo no tudo. Hum. Me traga um café Ziquinha mosanta. Nada de chá ahoje. A véia cá não se conforma com essas patasqueiras que o mundo oferece. É muita coisa pra um só bumbo só. Cadê o barulho? Findou-se que nem os planinhos bonitos que a gente faz que nem costura. Com paciença. Na aguia. Picando dos dedos pra lá e pra cá. Pensa que eu tou morta? Vivinha da Silva como tudo aquilo que passa e some. É só questão de olhança apois. E zóio de Deus nem se tem todo mundo. Os ratos é que aprontam. E é culpa da pororoca. A culpa é do baralho que embaralhou tudo. E das nossas festas que enganaram a alegria. Morangos e frutas-de-conde mané. Cestos cheios nas sextas de tarde quando rareia o sol. E o vuc-vuc vai pra longe bem longe. Eu coloquei óculos pra ver melhor meu coração. Mas não contava de ficar mais feio inda. Tudinho enrugueceu demai. E as coisas vão andando mesmo que de banda. Tudo no tudo. É a teoria sendo posta em prática. Um mais um é um e basta. Com novos tons que não conhecemos. É cabrunco de rolha. Eu sei tudo. Ameno o que deveria saber. Os lá de cima é que jogam pedra. E nós brinca de três-marias. Cadê os baldes? Os que medem as tristezas e as tristezinhas que fazem nosso peito coió de alma? Senhora das águas eu quase me afoguei ali num rasinho e era de dia todo aluminado de calor e sol. No mais nada. E ursos de pelúcia feito ícones em seu sacro nicho de abandono. É calor abafado medom e sem volta. Estamos aí sem estar. E na sala de estar tudo arrumadim  Eu falo do jeito que eu falar mandrongo! Eu penso meio que no obscuro como todosoutros! É que o remédio pode matar e o veneno deixar a gente bem... É quando uma areinha faz tanta diferença. E cada mal com seu farnel. Beleléu meu anel. Eu tenho intuições que nada de bom haverá. Só maleita. Mercadoria preendida. Bolsas de mão. E pés no chão. Nunca mais fui no mercado. Trem-fantasma é mais barato. E fantasma atem em tudo que é freguesia. Os que baixam e os que não baixam mais. Aquilo que não deu certo. E aquilo que deu errado. As duas faces da mesma moeda sem cara...

terça-feira, 19 de maio de 2015

Estados Incontáveis

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Um frevo um tango sem luz
A dor do brilho da faca
Quem é que nos ataca?
Um grito de ai Jesus

Uma mais falida estética
O ar que vai faltando
A nossa falta de ética
O mar que vai levando

Uma moda um risco o produto
Vejam a nova sensação
Queremos o salvo-conduto
Que nos tire dessa prisão

Uma briga um bate-papo amistoso
É um sistema de troca
Vamos procurando o gozo
Que fere e que provoca

Uma cena uma trama bem contada
Vamos andando por aí
Nos meus bolsos não há nada
Só o meu medo de cair

Um enganoso rosto bem maquiado
É a trapaça da semana
Vamos escolher um lado
O lado que for mais bacana

Um pavio um navio sem porto

E ele não nunca esta lá
Cuidado ao levar o morto
Que vivo ainda ele está...

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Rios

Resultado de imagem para rio ganges
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. Como quem joga pedras nas águas para puro deleite de meu nom sense. É hora. Tocou o sinal e eu corro com o coração saindo pela boca em pura satisfação talvez. Quanto nós já demos. E nada voltou. Nem um som brotou dos mais inesperados abismos que não sabíamos estar sob nossos pés. 
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. Como quem descobre todos os segredos do mundo e os segredos são apenas frases feitas de puro efeito. Eu tenho muitas marcas. E cada uma delas é um livro de capa indecifrável. Como somos. E ainda assim não somos coisa alguma. São as brasas dos cigarros como vaga-lumes felizes numa noite de fumaça.
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. Até parece que guardei muitas histórias em meu peito. E eles estão lá. Caladas com todos seus enredos pra poder contar. Algumas bonitas. Outras nem tanto. Mas a maioria com tristes finais que a gente sabia que ia acontecer e lutava pra ser diferente de tudo que se previa.
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. E escuto piadas previsíveis com fins nada engraçados. E como são covardes os homens. Os homens e seus números e suas máquinas. Relatórios refeitos todos os dias com as mesmas tristezas. E com as mesmas desculpas. Esfarrapadas como um mendigo feliz por sua garrafa de 51. Bebamos e nos entorpeçamos cada vez mais.
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. Dos que eu conheci e os que nunca conhecerei. Muitas terras que andei e outras que não saberão quem são meus pés. São as noites que eu andava de roda-gigante e via o céu lá de cima. Um céu noturno e tão bonito. Com cada coisa que morreu de verdade. Todas as mortes doem. E doer nunca foi bom.
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. Como o menino traquinas que sempre sou. Noites muito escuras. Um frio bem forte. E o canto assustador do bacurau. Sim. Era um só. Porque o medo vem inteiro e sozinho cobrindo tudo com a sua capa. Espantalho. Com um sorriso vazio de olhos bem feios. Acelere seu passo. Porque a sensação de que nada existe. E será?
São rios. Muitos deles. E eu rio de todos. E nem vejo mais nada...

sábado, 16 de maio de 2015

Insaneana Brasileira Número 73 - Estranhos Estranhos


Não queremos nem saber onde vão os caminhos. Caminhá-los nos bastam. Em grande sombras projetadas para todos os lados. O tempo passa como um vento varredor. Um bom vento varredor que apronta das suas. E um dançado de folhas é uma grande obra quase que inacabada. Eu dou as cartas. Nós damos. Mas não sabemos quais são. Tudo é um motivo para não ter motivos. E as palavras que nos saem da boca ao chegar ao seu alvo já sofreram sei lá quantas metamorfoses. E às vezes explodem como fracassados artefatos pirotécnicos. E não existem exceções excepcionais. Queremos saber de quase tudo. Menos aquilo que nos incomoda. Porque são assim todos os romances e todos os trajetos que apareceram do nada. É fato consumado. Uma fotografia atrás da outra. Um segundo faz toda a diferença. Não conhecemos mais nada. Nem o que saiu de dentro de nós. Esta é a verdade. Não há como escapar dela. Somos estranhamente estranhos em nossa estranha estranheza. E nem ao espelho conhecemos. É apenas uma psicose altamente perigosa. E nem sabemos o começo nem o fim. Todas as palavras são apenas isto. Uma histeria coletiva coletada em pedaços organizados de papel. É sempre assim. Somos office-boys fazendo intermináveis depósitos de tragédias domesticadas. Nada melhor do que ficarmos quietos. Porque expressar opiniões é coisa da mais alta periculosidade. É melhor colocar a cabeça dentro da boca dos leões. E olha que os leões permanecem com uma fome permanente. Isso sim é que é viver! Com prêmios extras e vidas abreviadas. Não sabemos o que fazer. Mas é por aí. É por aqui. É por ali. Com convenções não-convencionadas. Agora os crimes são filmados e colocados nas redes sociais. Nenhuma das minhas palavras serão entendidas daqui um ano. Porque valores impermanecem e o preço de mercado cai muito depressa. Eu tenho enjoo e era isso que eu queria. Eu tenho dor e meu masoquismo estava de plantão. Eu tenho medo e comprei ingresso para o show de horrores. Os meus dedos adormecem aos poucos. E meus pensamentos mais ainda. Vamos ao mercado contritos com o mais sério dos rituais. Nem mesmo quando queremos vemos alguma coisa. Porque as lentes foram feitas apenas para nos cegar. É a nova lei outorgada sem nosso conhecimento. E que nunca deve ser citada e que é mais real do que o ar que nós respiramos. Vamos acender novas velhas fogueiras com a cinza daquilo que há muito já se queimou...

Uma Dança


Uma dança uma lança uma trança
Um coração velho e uma lembrança
O fim de toda e qualquer esperança

Eu só ando cambaleando e forçado

Não há ninguém andando do meu lado
Por que não posso ficar aqui parado?

Uma dança tão mansa me alcança

Respirar até sonhar tudo isso cansa
Eis que vem a tempestade toda mansa

Eu só ando de cabeça baixa chorando

Todos os edifícios também vão passando
E os perigos agora só andam em bando

Uma dança avança feito uma criança

Uma criança com fome em tudo avança
Como uma tempestade pode ser mansa?

Eu só me esqueço do que tinha de lembrar

E só rio na hora que eu tinha que chorar
Está acabando e não tenho como escapar

Uma dança uma trança uma lança

Uma alma uma palma não se descansa
O fim de toda e qualquer bonança...

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A Alma do Poeta


A alma do poeta
Não tem castelos de sonhos
E nem torres inatingíveis
As lantejoulas e os paetês já caíram da fantasia
Que eu usei no carnaval passado
E carnavais passados fazem chorar...

A alma do poeta

Não tem cores combinadas
E nem paraísos à encontrar
Os pássaros já perderam suas asas
Impossível céu que lá está
Entre nuvens e ventos mais bonitos...

A alma do poeta

Não tem recordações felizes
E nem desejos realizados
Eles foram pedrinhas jogadas num poço
Um poço antigo e muito perigoso
Num tempo que queria mesmo esquecer...

A alma do poeta

Não tem nenhum sono tranquilo
E suas noites são martírios
Entre labirintos sem os cordões salvadores
Que possam lhe guiar até um final feliz
A terra que sempre eu procurei...

A alma do poeta

Não tem todas as luzes ligadas
E nem palmas da platéia
Nada e nem ninguém conhece seu nome
É o mais ilustre dos desconhecidos
E passará pela vida em branco...

A alma do poeta

Tem todas as desilusões possíveis...

domingo, 10 de maio de 2015

Nos Jornais


Nos jornais eu penso eu choro e eu me deito
Eu sinto que não somos mais apenas normais
Que já perdemos a esperança de ter um jeito
Quando os choros são agora todos eles gerais

Nos jornais eu quero eu sonho e me engano

Eu me engano querendo ter sempre o mais
Porque queria não ser mais apenas humano
Com a saudade que já se perdeu pelos quintais

Nos jornais eu peço eu imploro e também rezo

Que passem logo todos estes meus temporais
E estas lágrimas vulgares aos quais desprezo
Pra começar de uma vez logo esses festivais

Nos jornais eu vejo coisas e também nada vejo

Com uma clareza muito clara que é clara demais
A minha sorte não veio no periquito do realejo
Veio nas calçadas que haviam muito tempo atrás

Nos jornais eu me confundo traio e me condeno

Eu sou meu carrasco e sou meu próprio capataz
Sou os tiros mesmo me ferem e eu me enveneno
Marchando sob as ordens destes meus generais

Nos jornais eu penso eu choro e eu me deito

Eu sinto que nunca mais seremos mais normais
Que já perdemos a esperança de ter um jeito
Quando os choros são agora todos eles gerais...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Da Natureza das Sombras

Sombras não têm o que reclamar. 
Não têm olhos pra chorar. 
Não têm sonhos pra sonhar.

Sombras não têm o que perder. 
Não têm carnes pra sofrer.
Não têm medos pra correr.

Sombras não têm o que cair.
Não têm boca pra sorrir.
Não têm barcos pra partir.

Sombras não têm o que opor.
Não têm nenhum amor.
Não têm o que sentir dor.

As sombras fazem o mais sinistro dos bailados.
Enchem o meu peito e ainda enchem minha alma.
Vão atirando suas setas para todos os lados.
Tirando o calor de minhas veias e a minha calma...

Politicamente Quieto


Política é a arte de roubar sem as mãos
Viver é a arte de caminhar sem os pés
Isso já faz muito tempo muitas estações
Em que vamos todos vivendo ao invés

A maldade tem sempre qualquer dono

E a dor sempre é a parceira da ferida
Há multidões com seu pleno abandono
E é isso que ainda chamamos de vida

Fique quieto e não me fale mais nada

Veja a sua televisão sentado no sofá
O lado que você quis foi só mancada
Não espere não há mais o que esperar

Política é a arte de falar sem sentido

Viver é enganar a morte em cada dia
É fingir que dói qualquer um gemido
Possuindo a mais egoísta das alegrias

A maldade vai andando feito vagabundo

Vai jogando sua fumaça em todos ares
Queiram ou não queiram é este o mundo
Com suas carpideiras e com seus apesares

Fique quieto e mantenha esse segredo

Veja as novas modas da velha estação
Pois que o prato do dia é o nosso medo
E o medo só pode morar no seu coração

Política é a arte de mandar sem poder

Viver é ser o mais corajoso dos covardes
Isso foi há muito tempo sem esquecer
Mas já caíram todas as nossas cidades...

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A Descoberta da Descoberta


Finalmente fiz a descoberta das descobertas
Minha vida é ela com as pernas bem abertas
Minha arte é um poço sem fundo mas bem raso
Onde claras coisas eu vejo e assim me atraso
Esqueço de toda a hora e esqueço de todo o dia
Há mais flores na minha febre e na minha agonia
Eu tremo e deliro debaixo de todas as cobertas
Minha vida é ela com as pernas bem abertas

Finalmente fiz a descoberta das descobertas

Que tenho várias mentes todas elas alertas
Minha arte é o choro de um cigarro já aceso
Onde eu entrei em muitos tiroteios e saí ileso
Estudos feitos comprovam a minha verdade
E eu vou seguindo de braços com a felicidade
Vou atirando com mais miras mais incertas
Porque tenho várias mentes todas elas alertas

Finalmente fiz a descoberta das descobertas

Vamos deixar todas as vontades bem quietas
Rosas são azuis e violetas sempre multicores
Respirar é como um grande parto sem dores
Mas em quase todos os caminhos vou sozinho
Tirei meus sapatos pra caminhar no espinho
Enquanto eu afrouxo mais o tempo me aperta
Vamos deixar todas as vontades bem quietas

Finalmente fiz a descoberta das descobertas

Me deixe feliz sob as todas essas cobertas...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...