O profano é aquilo que eu conheço. O sagrado é aquilo que eu queria conhecer. O profano é aquilo que me ama. O sagrado é aquilo que me vira às costas. O profano é aquilo que me acorda. O sagrado é o que me embriaga até que eu durma. O profano é tudo aquilo que não me engana. O sagrado só vem a mim se se mascarar. O profano me faz uma festa todo dia. O sagrado só me chama se houver um enterro. O profano nunca me disse não. O sagrado é o não incondicionalmente. O profano chora quando estou ferido. O sagrado traz a lâmina para meu agressor. O profano me traz velhas revistas. O sagrado posa para futuras fotos. Aquilo que eu não quero o profano leva embora. O sagrado me lembra velhos compromissos. Quando estou com sede o profano me traz um copo. Quando estou com sono o sagrado canta alto. Se está frio, o profano me conta histórias. Se está calor, o sagrado faz que eu pare sob o sol. O profano nunca me pediu explicações. O sagrado tenta me explicar o que eu não quero saber. O profano é mau caráter, mas nunca me escondeu isso. O sagrado é bom moço, mas nunca me teve pena. O profano quando doente velou ao meu lado. O sagrado a me ver tonto, discutiu idéias. Já andaram os dois ao meu lado eram tão parecidos que eu não sei quem era quem. Um me deu o pão e o outro o consagrou. Um me deu a vida e o outro me deu o sonho. Um falou da morte e o outro cantou a vida e o breve desespero de ser eterno. De quem gosto mais? Não sei... Já chorei por ambos e por ambos também ri. E eis que mesmo tão opostos, tão amigos são, que nunca me visitaram sem não estarem juntos. E nunca chamei um deles sem que o outro não respondesse. E nunca festejei um deles sem que o outro não brindasse. E nunca perguntei sem que suas repostas fossem parecidas. O profano me quer, mas o sagrado não me larga. O profano me envenena, mas o sagrado é o veneno. Um me diz que só serei o que sou e o outro me diz que só isto basta. Ambos chorarão em meu túmulo e é só...
Quem eu sou? Eu sou...
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