quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Não Há Mais Nada Na Lâmpada

 

Nada mais em volta...

Sem sua agonia estonteante

Em matar os seus eventuais perseguidores da luz...

Agonia surda

De um calor mais que artificial...

Companheira de muitas ruas

Com algum perigo assim procurado...

Sem poesia alguma

Somente meu delírio sem droga alguma

Apenas povoado 

Das mais reles das fantasias...

O que era agora não mais é...

Nem sempre deixamos de tropeçar...

E uma metamorfose sem Kafka

Poderá fazer fervilhar calçadas

Num pedaço de cidade qualquer...

Estou quase ansioso

Por um amor barato

Que até pode acontecer...

Eis aqui os condenados sem cadeia

E com carrascos de férias...

Urina... Lixo... Mais urina...

E a tardia compreensão

De que nada pode ser apenas nada...

Eu escorrego em mim mesmo

E acabo rasgando minha fantasia...

Nada mais em volta...

Todas as asas falharam

Numa antiquada modernidade

Mais ofensiva

Do que qualquer palavrão...

A cara da beleza

Se tornou tão feia...

E tudo é um passatempo inútil...

Xô poetas!

Só restou a mediocridade

E nada mais em torno da luz...

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