quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 118


Papel escondido, de natureza desconhecida, engolido pelo tempo, transformado em teclas endurecidas, depois programadas, por último quase fictícias. Herdeiro de ruas, de concepções absurdas, de impressões passageiras, parecidas com qualquer mal-estar. A bebida que não bebi, a droga que não usei e que me faz tão mal ou até um pouco mais. Fique aí parado, esperando o que pode vir ou não...


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Alguns enfeitam, 

outros não,

eu não faço coisa alguma,

só falo do que senti

mesmo se isso me escapa

de duvidosos dedos...

Alguns são aplaudidos,

outros pedem vaias,

eu subi no palco em silêncio,

quando não havia vivalma,

como quem chega propositadamente

em qualquer fim de festa...


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Já faz tempo, ih, bota tempo nisso. Escutei essa afirmação algumas centenas de vezes, não apenas dezenas, quem sabe chegaram a milhar, pois? Nestes dias de céus feios, se é que podemos confundir tristeza com falta de beleza, cheios daquele cinza pesado que certamente ninguém escolheu. Qual afirmação? Essa: - menino, os bem-te-vis chamam chuva. Será mesmo que trazem águas bem de longe?...


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Cada morto no front

com bolsos cheios

de dúbias recordações,

tarefas não-feitas,

compromissos adiados,

planos falidos,

desencontros marcados,

desamores corrompidos...

Cada carne na máquina

com uma crueldade

cheia de indiferenças,

pactos descumpridos,

decepções irritantes,

histórias fakes,

corrupção ativa,

um feliz ano novo...


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É como aquela fábula: a tartaruga e a lebre. A tartaruga é o tempo, achar que ele é lento é apenas um engano. A vida é feita de tempo. Quando percebemos já foi embora. A tartaruga sempre tem sua pressa. A lebre é o sonho. Quando menos se pensa - ele perdeu a corrida. Não existem resultados garantidos, as probabilidades riem de nós. É como aquela fábula: a tartaruga e a lebre...


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Papel de bala

Papel-moeda

E quantos lírios couberem em meus bolsos

A vanguarda dos miseráveis pede passagem

Num nom-sense alcoólico e canabítico

Te amo

Te detesto

Por todos os demônios que já adestrei

Os pecados que cometi com certa lucidez

Eu só tenho alguma certeza do nada...


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Ele quase sabia que o tempo veio com pressa de partir. E que a tinta das canetas coloridas secariam. Todo papel sempre amarela. E até o menino de ontem fechou os seus olhos. Toda distância é um doloroso engano. Ele quase sabia que as tentativas são estranhos que não respondem aos nossos mais educados bons-dias. Consumatum est. Não deitamos mais em esteiras já tem um certo tempo. Eu um dia quase gostei de alguma chuva, alguns frios também. Eu quase sabia...


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