sábado, 15 de janeiro de 2022

Do Nunca Ao Nada

 

Nunca foi como antes

Quixote matou Cervantes

A mentira verdade se tornou

O castelo desmoronou

Suas paredes eram de papel

O inferno junto ao céu

A fome e a fartura unidas

Teimosias vencidas


Tão antiga quanto agora

Um relógio sem hora

O destino simples plágio

Temos medo do contágio

Morremos quais moscas

Entre pinturas tão toscas

A verdade elogia a mentira

Minha calma é ira


É um coral de desesperados

De heróis desempregados

Apenas um mal crônico

Só canto se estou afônico

Vou rindo estou triste

Só o concreto inexiste

A morte é meu parente

Acabou de cair o dente


A droga não deu barato

O gato desistiu do rato

Escutem minha surdez

Matraga sem hora e vez

Cada um é babaca

No seu passeio de maca

Uma poesia barata

Que só me maltrata


O tesão agora é religioso

Ter moral é litigioso

Nosso barco está furado

Nada pior que ser desamado

Qualquer sonho é pesadelo

Nosso descuido é zelo

Vamos ver novos comerciais

Não menos e nem mais


Nunca foi como antes

Somos mortos ambulantes...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...