quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Insaneana Brasileira Número 63 - Entre Xales e Outros Panos

Ziquinha pegue lá as recordações. Tão todas na gaveta mais fechada possível minha boa. Algumas você pode ver e as outras nem com óculos novo que se colocou antonti. As coisas que foram simbora muitas vezes valem mais ainda. Muito mais que um bom chá num dia de frioragem quando os ossos estralam por causa de tanto tempo. Achou não? Ah! Olha direitinho estuprema de salada. Mia fia você ainda tem uns vintanos de vantagem sobre mim. Precura adireitinho que acha. Tempos bons aqueles... Tempos bons que nada! Os únicos tempos bons são aqueles que não vivemos. Aqueles que podiam ser bons nessa tal de estatística. Naqueles que nossos pés num colocaram nem mesmo um dedinho. Luz de querosena enchendo os nariz de fuligem. Casos de assombrações malinas fazendo um tuc-tuc apressadinho na caixa do peito. Olhos bem arregalados olhando o fundão da escuridão de alguns palmos. Uma paz que não existia. E os desenhos? De bicos de limão nunca vistos. De coxa de galinha trazendo o riso. E aqueles caixões misteriosos na sala com muito orgulho. E o rádio de madeira das infinitas novelas que fazem a cara molhar. Não havia maldade por certo porque não existiam tantas coisas no jogo. Os dias escureciam logo e também amanhecia bem antes... Nem se sabia nem quando nem como as coisas funcionavam. Era importante bolas de vidro para os moleques e pras molecas filhinhas que nunca viveram. Discos voadores de impulso. Palhaços sem graça que faziam rir. E um mundo inteiro quase que girando e girando feito um carrossel. Olhem o feliz elefante na corda bamba. O barco era vermelho. Rugas são para velhos e nós não somos Ziquinha. Até nossas tias são moças bonitas que acabaram de morrer... Traga um chá. A mente sofre de uns arrebites vez em quando. Mas é assim mesmo. Nem me lembro que dia é hoje. Mas era bonito o rapaz de terno azul-claro de linho que passou naquela rua muitas décadas passadas. É assim que funciona. O perto longe e o longe perto. E os cuspes secando no chão. Sim senhor. Temos mais que pressa. E é de bom tom não enjeitar nem as coisas que não gostamos. Castelinhos e casas de tijolos. Madeira boa e tinta meio que barata. E um vento meio que forte em hélices de metal. Tire o dedo daí. Os tons do branco ao preto vão chegando as poucos. Alguns menos centavos nosoutros bolsos. Bem diferente do que se esperava. Ordens e bandeiras enganosas. Tudo está bom enquanto está. Eu vejo visões que só eu mesmo. E ainda estou aqui enquanto estou. Mas nunca se sabe o que dirá o velho almanaque. Só sei falar minha língua nativa. E ainda existes várias circunstâncias circunstanciais. E o telefone não me atende... E o avião entrou em pane... 

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