terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Teatro Que Não É de Pablo


Um teatro cuja peça já dura dois mil anos
Dois mil anos ou até um pouco mais
Uma peça que está fora dos planos
Com um enredo que não nos deixa em pais
Um enredo que é contra toda vida
Um enredo que o próprio sistema faz
Não esperemos que nos fechem a ferida
Abri-la sempre é o que é capaz
Um teatro feito de guerra e fome
Em que o lobo está vindo atrás
Que animaliza e perverte o nome
Soldados mortos e mortos generais
Nada adianta o tempo escorre
O sangue corre pelas capitais
É consequência se tudo morre
Assim foi com nossos ancestrais
Um teatro que acha mais bonito o feio
Fala de leis mas não sabe quais
Que quebra o riso e a festa bem no meio
Meta o chicote senhor capataz
Sente aí e veja o que eu mostrar
Olhe que bocas que poses sensuais
Faça tudo o que eu lhe mandar
Engula logo o que a morte traz
Vista logo o que eu quero que vista
Sonhe logo que não há algo demais
É na platéia que está o artista
Se fecham as cortinas vêm os funerais
Batam palmas batam palmas
Mesmo se isso não lhes apraz
Já estão compradas as suas almas
Há dois mil anos ou um pouco mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...