o vidro qu'eu roubei no cumprimento dos meus deveres
os teres que transformaram-se nos meus haveres
a solidão teve pena de mim e me fez companhia
eu risquei mais um fósforo pra iluminar o meu dia
um poeta vagabundo igual a qualquer outro bicho
usando palavras usadas que foram jogadas no lixo
um sapato velho que comprei na feira em Portugal
todo amor dá em nada mesmo quando seja desigual
quem constrói a cela acaba também morando nela
o destino entra pela porta mas a sorte pula a janela
tou cagando e andando pra qualquer autoajuda
não existe conselho que substitua deus-nos-acuda
o famoso sorri porque está enchendo seu bolso
o azar de todo velho é que um dia já foi um moço
Margarida era tão bela e entretanto nunca foi flor
esses erros são velhos são do tempo do meu avô
coma o arroz e o feijão deixe a carne pro final
nem é todo dia que eu amanheço feito um cara normal
borboletas azuis em rosas que até a cor já esqueci
não sei exatamente se sou daqui ou se sou Dali
peguei um copo e nem reparei o que era e fui engolindo
todo sonho por pior que seja é sempre bem vindo
todo o erro que cometemos acaba tendo perdão
possuo um último desejo na frente do meu pelotão
quero dançar até cair exausto sob a chuva pelado
esqueci de uma vez por todas qual é o meu lado
originariamente acabou o que um dia foi original
eu aprendi a soltar pipa mas só na hora do vendaval
mãe me perdoa se não pude fazer alguma coisa mais
eu me perdi no caminho e minh 'alma ficou lá atrás...
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