sábado, 2 de junho de 2012

ReInvenção



É como num sonho antigo. Mais do que subir nas nuvens. Mais do que fazer-se mágico. Mais que descer perigosas escadas. É mais que um sonho antigo. Mais do que ver teu rosto. Mais que sentir teu beijo. E dizer pra si mesmo que o mundo é bom. E reinventar o que morreu. Cada coisa. Com o mesmo esmero. Um a um. Passo a passo. Como os que fazem as pedras falarem. E as flores nunca morrerem. Antes que eu me perca em mim mesmo. Antes que se apaguem os riscos desta pintura. E meus acenos morram em qual curva. E tudo mais seja inútil esforço. Eu recrio. Reinvento. Rerio. Rechoro. Redanço. E refestejo tudo o que bom foi. E lá. Muito lá. Como intensas são as coisas que queremos. Ou os bichos que gostamos. Também estarão vocês. De  sempre novos rostos. Mesmo quando isto custe resorrisos diferentes. Mesmo que seu preço seja enigmáticas faces. Faces que riam menos ainda pra mim. Faces menos doces dos que as que sumiram de vez. Os três tempos mais nada dizem. O passado é culpado de tudo com um álibi perfeito. O presente é um sujeito apático e simpático. O futuro um fugitivo sem motivos de pânico. Mas nada disso importa. No vácuo do peito desfizeram-se as medidas. é hora de tudo isso. Recriar. Reinventar. Saborear do mesmo gosto que antes sumiu da boca. Viver mesmo que a morte também remate. Tentar mesmo que a frustração refrustreie. E as mãos regelem novamente e assim fiquem. É como num sonho antigo. Ou mais ainda... 

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