sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rosto e Outros Tons

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Não há nada no dia. E certas palavras hão de ser repetidas. Queira ou não. Onde estou? Num labirinto de óbvias saídas que nenhuma dela na verdade serve. Esqueçam as regras. Há mais sonhos do que suporta um velho coração. Onde estou? Em todos os lugares onde a vontade nunca quis estar. Lendo falíveis histórias com previsíveis fins. Jogando um jogo sem regras onde ninguém vence. Sem nem empate. Sem ética. Onde todos hão de perder e hão de chorar. Novidades? Quer alguma? Vi o mesmo rosto da verdade que sorria sem motivos. Ele não mostrava bondade nem maldade. Era o que era. Sem dar explicações. Somente não fazia o que desejamos. É festa! É festa! Sem motivos pra sorrir comemoramos. O time ganhou. O time perdeu. Tanto faz. As fantasias se repetem. Ou são tão iguais. No paradoxo de normas e normas. O que vamos fazer? Sermos os mesmos ao jantar sem novidades do dia. Os sinos tocam por rostos. E os atabaques também. Em cima ou em baixo. Mas ambos sem definitivas explicações. Eu consigo ler as estrelas. Mas não conheço bem seu idioma. É porque gírias são muitas. E os ditados da moda. Moda, moda, moda. Inexplicáveis e aplaudidos suicídios. Coletivos ou não. As multidões seguem para o abismo. Carne é o prato do dia. Tudo é comum. Ainda mais quando tenta ser diferente. Quatro Cavaleiros não são suficientes. Ratos também aprendem balé. E as corujas dão lições de estética. Algumas vezes os Dragões dançam longe do ano novo. E as portas da crueldade são fechadas. Vão-se os anéis e vamos atrás. Mesmo não tendo direção alguma. A esperança é a última que corre. Tem seus deveres de casa pra fazer. Eu fiz meus deveres. Deveria ter jogado num canto qualquer cadernos e livros. Eu não sei onde está o relógio. Aquele relógio de cores infindas que você me deu. Não tive beijos. Mas ardi em febre por eles mais do que qualquer um. Escrevam assim em minha lápide: "Até que foi engraçado!" E depois de qualquer tempo pode ser que ainda riam. Visitado baú tantas vezes. As frases são meio que diferentes. Mas reconhecemos o que querem dizer. O carrasco nunca ri em seu turno de serviço. E o palhaço se torna mau porque nos alegra. Quantas vezes o gosto passou pela boca? Não o suficiente para nos acostumarmos. Não o suficiente para nos enjoar. Não o suficiente para boca e gosto serem um só. Mas na verdade são. Num canto qualquer no meio da noite. A morte é procurada e quase nunca achada. Senão os coveiros não teriam folga. Hoje morreram desejos como qualquer jornada. Os epitáfios são a última e a única e a derradeira poesia. São discretos como foram os gestos. Mesmo quando não deviam. São sentenças matemáticas feitas ao acaso. O jeito e o gesto às vezes destoam. Mas é assim mesmo. São desafinos e desatinos coincidentemente cúmplices. Mentiras e acreditações. Nunca vimos. Mesmo de olhos bem abertos. Nunca mais. Mesmo antes de acontecer. Não bastam os partos. A dor maior vem depois. E só isso será o prato do dia. O prato quente ou frio que todos temos que comer. Ou melhor. Engolir de uma vez. Não há nada de novo no dia. Só teu rosto que não é meu...

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