quinta-feira, 28 de junho de 2012

Se Eu Pudesse Te Traria de Volta


Se eu pudesse te traria de volta
Sem dor nem revolta
De longe pra perto de mim
E acordaria de novo bem cedo
E sentiria novamente o medo
Em meu peito sem fim
Se eu pudesse sonhava novamente
E acariciaria a serpente
Que várias vezes mordeu
E usava o mesmo quadriculado
Num labirinto marcado
Que no fundo sou eu
Se eu pudesse faria a magia
Que recitei mais de um dia
E ainda recito constante
E nunca mais te deixava
Porque no fundo te amava
Como quem tem amante
Se eu pudesse te traria do céu
E invertia o papel
De menino bem comportado
Eu nunca fui eu nunca quis
Eu te pedia pra ser feliz
Mas não fui escutado
Mas nunca te reclamei
Ou se fiz nem sei
Ninguém ia mesmo escutar
Ninguém até hoje escuta
A forma suja e bruta
Que tenho de falar
Se eu pudesse te faria em versos
Menos maus menos perversos
Um pouco menos triste
Um pouco menos sério
Claro e sem mistério
Dum amor que ainda existe
E como um passarinho
Te faria de novo meu ninho
Até a chuva passar
Se eu pudesse te traria de volta
Sem dor nem revolta
Pra sempre pra perto de mim...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rosto e Outros Tons

Resultado de imagem para face sem rosto
Não há nada no dia. E certas palavras hão de ser repetidas. Queira ou não. Onde estou? Num labirinto de óbvias saídas que nenhuma dela na verdade serve. Esqueçam as regras. Há mais sonhos do que suporta um velho coração. Onde estou? Em todos os lugares onde a vontade nunca quis estar. Lendo falíveis histórias com previsíveis fins. Jogando um jogo sem regras onde ninguém vence. Sem nem empate. Sem ética. Onde todos hão de perder e hão de chorar. Novidades? Quer alguma? Vi o mesmo rosto da verdade que sorria sem motivos. Ele não mostrava bondade nem maldade. Era o que era. Sem dar explicações. Somente não fazia o que desejamos. É festa! É festa! Sem motivos pra sorrir comemoramos. O time ganhou. O time perdeu. Tanto faz. As fantasias se repetem. Ou são tão iguais. No paradoxo de normas e normas. O que vamos fazer? Sermos os mesmos ao jantar sem novidades do dia. Os sinos tocam por rostos. E os atabaques também. Em cima ou em baixo. Mas ambos sem definitivas explicações. Eu consigo ler as estrelas. Mas não conheço bem seu idioma. É porque gírias são muitas. E os ditados da moda. Moda, moda, moda. Inexplicáveis e aplaudidos suicídios. Coletivos ou não. As multidões seguem para o abismo. Carne é o prato do dia. Tudo é comum. Ainda mais quando tenta ser diferente. Quatro Cavaleiros não são suficientes. Ratos também aprendem balé. E as corujas dão lições de estética. Algumas vezes os Dragões dançam longe do ano novo. E as portas da crueldade são fechadas. Vão-se os anéis e vamos atrás. Mesmo não tendo direção alguma. A esperança é a última que corre. Tem seus deveres de casa pra fazer. Eu fiz meus deveres. Deveria ter jogado num canto qualquer cadernos e livros. Eu não sei onde está o relógio. Aquele relógio de cores infindas que você me deu. Não tive beijos. Mas ardi em febre por eles mais do que qualquer um. Escrevam assim em minha lápide: "Até que foi engraçado!" E depois de qualquer tempo pode ser que ainda riam. Visitado baú tantas vezes. As frases são meio que diferentes. Mas reconhecemos o que querem dizer. O carrasco nunca ri em seu turno de serviço. E o palhaço se torna mau porque nos alegra. Quantas vezes o gosto passou pela boca? Não o suficiente para nos acostumarmos. Não o suficiente para nos enjoar. Não o suficiente para boca e gosto serem um só. Mas na verdade são. Num canto qualquer no meio da noite. A morte é procurada e quase nunca achada. Senão os coveiros não teriam folga. Hoje morreram desejos como qualquer jornada. Os epitáfios são a última e a única e a derradeira poesia. São discretos como foram os gestos. Mesmo quando não deviam. São sentenças matemáticas feitas ao acaso. O jeito e o gesto às vezes destoam. Mas é assim mesmo. São desafinos e desatinos coincidentemente cúmplices. Mentiras e acreditações. Nunca vimos. Mesmo de olhos bem abertos. Nunca mais. Mesmo antes de acontecer. Não bastam os partos. A dor maior vem depois. E só isso será o prato do dia. O prato quente ou frio que todos temos que comer. Ou melhor. Engolir de uma vez. Não há nada de novo no dia. Só teu rosto que não é meu...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Novos Sinais

Resultado de imagem para menino olhando o céu
Vento
Chuva
Sol
Tanto faz
Paradoxos
Do meu coração
Sem mais
Turba
Canto
Olhos
O que tenho
Não sei onde é
Não sei a direção
Mas venho
Sina
Cetro
Senha
É o que é
Eu perdi
O que não ganhei
Mas tou de pé
Lógica
Rito
Dádiva
Tudo junto
Na minha mente
Era pra estar
Em outro lugar
Infelizmente
Capa
Espada
Tal aventura
Mas faltou enredo
Faltou a imagem
E quem sabe
Sobrou o medo
Nuvens
Poeira
Pedras
Sei lá o que
Falta a noção
Falta ensejo
Um beijo
Até outra estação...

Velha Foto



Velha foto em preto e branco
Eu te achei perdida por aí...
E confesso que nem sei o que dizer.
Tudo se passou...
E cada um seguiu pro seu lado
E cada destino foi uma história 
E cada fim disse por si mesmo
Mas mesmo assim...
Queria te dizer do meu carinho
Queria te falar do meu afeto
Como nunca falei...
Com a coragem que me faltou
E eu admito toda minha culpa...
Eu deveria chorar mais um pouco
Ou gritar mais um pouco
Falando de todas as coisas que sentia
E que hoje não posso sentir mais...
Passados muitos e muitos anos
Caído tantas águas
Passados tantos ventos
Eu ainda me sinto lá...
Sentado de pernas cruzadas
Com o riso que na verdade nunca tive...
Porque hão de existir risos e risos
E os meus nunca foram de alegria
E quando muito foram pra me defender...
Velha foto em preto e branco
Agora sei que eu é que estava perdido...
Ou ainda escondido em um canto qualquer
Com vergonha de sentir e amar
E com medo das quedas que sempre tive...
Perdoa se antes fui o mesmo estranho
Que continuo ainda sendo
Um estranho para todos
E ainda mais para mim mesmo...
Onde andarão todos?
Uns continuam na sua rotina
E outros já dormem seus sonos de mortos...
Mas na verdade estamos todos lá
Sorrindo e sorrindo
Numa foto de fim de ano...

Passar


Tenho que saber como passar.
Pelos sonhos que não posso pegar.
Porque as mãos estão fracas.
Porque os dedos estão trêmulos.
Ou saíram de seu alcance.

Tenho que saber como passar.
Pelos rostos que não estão mais lá.
Porque os pés cansaram.
Porque não sei quais os caminhos.
Ou ainda são os mesmos.

Tenho que saber como passar.
De boca fechada.
Porque há orações em segredo.
Porque há segredos inconfessáveis.
Ou são bobos demais.

Tenho que saber como passar.
Pelos enterros que a vida oferece.
Porque mortos não devem ser acordados.
Porque flores e silêncio estão juntos.
Ou a eternidade tem seus caprichos.

Tenho que saber como passar.
Pela fachada fechada.
Porque o tempo faz e desfaz.
Porque o destino mansa e desmanda.
Ou porque tudo é um grande rio.

Tenho que saber como passar.
Pelo carnaval de todo ano.
Porque a vida é um samba-enredo.
Porque as fantasias são as mesmas.
Ou são apenas parecidas...




sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quadros, Muitos Quadros


Quadros, muitos quadros.
Inumeráveis telas.
Quantas puderem.
Ou feias, ou belas.
Sejam elas verdadeiras,
Sejam elas novelas.
Sejam apenas borrões
Ou suaves aquarelas.
Quando o mocinho atira,
Quando a mocinha apela.
Quando a vida dispara
E a morte protela.

Quadros, muitos quadros.
Suficientes demais.
Muitos futuros destinos.
Ou que ficaram lá trás.
Eram canções de guerra?
Ou eram bandeiras de paz?
Podiam ser novos mundos.
Ou os mesmos quintais.
Quando o sonho termina.
Quando o desejo quer mais.
Quando as mãos nada fazem
Mas o olhar tudo faz.

Quadros, muitos quadros.
Mais séria das piadas.
Muitas coisas pra sonhar.
E mais nadas.
Eu tinha medo, eu tinha medo.
E eram só escadas.
Eram só riso.
Das minhas inconscientes palhaçadas.
E eram outras, eram outras.
As mesmas caras pintadas.
Quando o show se acaba.
E as cortinas cerradas.

Quadros, muitos quadros...

sábado, 2 de junho de 2012

ReInvenção



É como num sonho antigo. Mais do que subir nas nuvens. Mais do que fazer-se mágico. Mais que descer perigosas escadas. É mais que um sonho antigo. Mais do que ver teu rosto. Mais que sentir teu beijo. E dizer pra si mesmo que o mundo é bom. E reinventar o que morreu. Cada coisa. Com o mesmo esmero. Um a um. Passo a passo. Como os que fazem as pedras falarem. E as flores nunca morrerem. Antes que eu me perca em mim mesmo. Antes que se apaguem os riscos desta pintura. E meus acenos morram em qual curva. E tudo mais seja inútil esforço. Eu recrio. Reinvento. Rerio. Rechoro. Redanço. E refestejo tudo o que bom foi. E lá. Muito lá. Como intensas são as coisas que queremos. Ou os bichos que gostamos. Também estarão vocês. De  sempre novos rostos. Mesmo quando isto custe resorrisos diferentes. Mesmo que seu preço seja enigmáticas faces. Faces que riam menos ainda pra mim. Faces menos doces dos que as que sumiram de vez. Os três tempos mais nada dizem. O passado é culpado de tudo com um álibi perfeito. O presente é um sujeito apático e simpático. O futuro um fugitivo sem motivos de pânico. Mas nada disso importa. No vácuo do peito desfizeram-se as medidas. é hora de tudo isso. Recriar. Reinventar. Saborear do mesmo gosto que antes sumiu da boca. Viver mesmo que a morte também remate. Tentar mesmo que a frustração refrustreie. E as mãos regelem novamente e assim fiquem. É como num sonho antigo. Ou mais ainda... 

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...