Eu só escuto o barulho da chuva...
E na frente da tela do meu computador
Relembro dias que me levam tão longe...
Dias que eu era talvez até feliz
Mas desconhecia que assim era...
Dias de parque, sim senhor,
Quando a volta na roda-gigante
Era a coisa mais maravilhosa do mundo
Com tantas luzes tão coloridas
E o mar com seu mistério bem logo ali...
Dias de antigas fotografias, sim senhor,
Gato, tirolês, índio, palhaço, bate-bola
E muito mais coisas que ainda estão
Nesse pobre coração que teima em viver...
Dias de tanta gente querida
Que partiram e me deixaram aqui só...
Um dia eu fui o menino de óculos
E de cara tão séria, enigmática, triste,
Hoje sou apenas mais um velho
Que desesperadamente segura versos
Para que eles não voem tão depressa...
Luzes dos paetês e das lantejoulas,
Com certeza, meus caros amigos,
Chuvas outras, confetes e serpentinas,
Canções que ainda ecoam nos meus ouvidos...
Talvez o amor que nunca tive
E que acho acabarei não tendo mesmo...
Eu escuto o barulho da chuva...
Uma hora ela há de cessar
Pois assim são todas as chuvas...
Mas o temporal de minh'alma talvez não...
(Extraído do libro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Belo poema, sentido na alma, se lembra é porque foi feliz, os temporais persistem, queiramos ou não, porém não roubam nossas boas lembranças, só Alzheimer.
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