segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Há Muito Que Eu Morri


Há muito que eu morri e nem sei quando. Nem o tempo sabe. Nem o tempo pode dizer.
Quando morri, todos dormiam, era final de festa, a grande festa que não tive para nada festejar.
Quando morri, todos choravam, eram seus bobos problemas de um cotidiano sem cores e nem perceberam que fechei meus olhos.
Quando morri, era dia de chuva, o sol sumiu de repente, todos correram para pegar suas roupas no varal e nem viram meus acenos dando adeus.
Quando morri, nada importou, os homens não se importam com nada e de nada possuem pena.
Quando morri, nem pude te dizer que morria, que queria o último beijo, que te amava e que se pudesse na verdade queria mesmo era ficar.
Quando morri, não senti dor, não senti desespero, nem senti medo e isso não era bom porque aí humano não era mais.
Quando morri, não deixei carta, não deixei versos, nem gritei pelo menos em última vez e fui só e distraído como vão os que do abismo esperam tudo.
Quando morri, já estava morto, sem segunda chance alguma, sem pedido, sem rodeios e nem flores para me enfeitar.
Quando morri, a morte era outra, pior que todas, a morte de minh'alma aflita, a morte de minhas boas intenções. a morte feita em vazia, enlutada em cores, desperdiçada em oxigênio e solidão.
Quando morri, estavas ao meu lado, onde sempre estiveste, olhando outros lados, ignorando a canção que sempre fiz e no final foi tudo tão sem querer.
Há muito que eu morri e nem sei quando. Nem o tempo sabe. Nem o tempo pode dizer.

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