Nada não...
Versos embriagados
caindo de sujas páginas
de amarelados livros
que não serão lidos...
Nada não...
Gritos insensíveis
para o velho inútil
na velha cadeira
sem nada entender...
Nada não...
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Perdi toda noção possível
aprendi a desaprender
poucas palavras me bastam
e se erro - agora tanto faz
Perdi toda noção do possível
os relógios são inflexíveis
cada lição é página esquecida
mas a memória não tem culpa...
Acabaram as cadeiras na calçada
mas o choro ainda continua...
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A corda esticada
sem ser passarinho
balançar pateticamente
até acabar quase tudo
isso não foi só em tempos idos
hoje enforcados
apenas trocaram de nome....
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Cinzas e urina
a minha imobilidade recente
em letras erradas que teimam
Aprendemos e desaprendemos
num puro desespero
Arrancaram as asas do pássaro
a fera não tem mais patas
o peixe está fora d'água
e a flor não tem mais motivos
Mesma poeira se repete...
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Os dentes caíram
o cabelo caiu
a vida foi embora
conhecer outros rostos...
A juventude envelheceu
as forças se esgotaram
a vida foi embora
cumprir seu ciclo...
Os amores acabaram
as promessas falharam
a vida foi embora
para outros cantos...
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fantasiosas fantasias
escolhendo difíceis palavras
para esconder
barrocamente o inexistente
as cinzas espalharam-se pelo chão
e inexiste agora
quem possa varrê-las
com suficiente perfeição
não há cavernas para me abrigar
e os bares ainda estão fechados...
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o profeta de cegos olhos
quer esquecer coisas futuras e improváveis
enquanto seu estômago reclama
o que é básico e imediato
humanamente impossível alguns versos
para o poeta que engolidos papéis
acabam rindo de sua triste cara
os tigres têm muita fome
mas o prato de trigo caiu no chão
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o gato na cadeira ao meu lado
outra cadeira, a não-prisão
o frio malvado entrando frio
e a minha essa solidão
um mês morrendo como outro
sem alguma uma distinção
e eu esperando sem esperar
que pare de vez o coração
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