O beco não era apenas
Um esconderijo de sonhos.
Era muito mais do que isso.
Era o destino dos pequenos
E de todos os noturnos seres.
O beco não era apenas
Uma caverna na cidade.
Cavernas podem ter fim.
O fim de um era começo
De outro e assim assim.
O beco não era apenas
Um pedaço de humana sujeira.
Homens são sujos e limpos.
Tudo é a sua própria contraface
E apenas corremos do medo.
O beco não era apenas
Um espelho mais feio.
Espelhos quase sempre quebram.
Uma eternidade mesquinha
Nasceu ali e não foi embora.
O beco não era apenas
Uma alcova ao céu aberto.
Se gozo e gemido eram silêncio.
Cada mínima pegada
Era começo de uma caçada.
O beco não era apenas
O meu e o seu e o nosso refúgio.
Foi a escuridão dos meus olhos.
Olhos perdidos numa profundidade
Como um mar sem fim...
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