sábado, 28 de fevereiro de 2015

Eternidades

Resultado de imagem para geladeira antiga
Os decalques colados na geladeira
Que ficava em seu lugar na sala
A ilusão mais do que passageira
Tão mais antiga quanto a nossa fala

O auto preto que rodava mais antigo

Que nós três íamos bem na frente
O tempo que o perigo não era perigo
Em que sobrou só em minha mente

As paredes altas daquela casa pequena

Os cantos noturnos de algum bacurau
O menino correndo e fazendo a cena
Não existe o bem e nem existe o mal

As velas acesas em frente aos santos

As mais solenes de todas as procissões
Muitas surpresas e também espantos
Por isso eu tinha quase três corações

O brinquedo em frente à fogueira acesa

Os joelhos tão ralados como o quê
Os grandes natais com sua grande mesa
Nem se sabia que um dia íamos morrer

Havia tanto e hoje não há mais nada

Só um corpo velho e uma velha idade
E uma memória triste e agora esgotada
Esperando a sua merecida eternidade...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Insaneana Brasileira Número 65 - Que Vengam Los Toros!

Medo? Isso é pirapira nonada qualquer. Quando se tem mais que idade jánguera madame. O ridículo caiu sentadinho lá na calçada e perdeu o tino. A cara do fradinho é deslambida e mostra só sacanage. Cabou. Foi pácabá. Um lanchinho rápidim no meioderua. E esqueça-se tudo. É baiano mesmo meu caro Regi. Amostre aí a carteira de doido. E vamo dançá caraio! Até cair esturricadinho de mais nada. 
Medo? Essa porra nem tem como. De bolso vazio quem me roba? Sem mais nem sonho quem diz que diz. Não tem mais nadanada que só meu. Já voaram os passarim que fugiro da gaiola que tava quebradinha. Sem poleiro. Sem alavanca. E as lições de física despencaram da partileira. Meus pé adói. Tudo durmente que nem soneca em dia de malucagem. O largato adorme num sol morninho. 
Medo? Desde quando enxerga tem medo de másca. Ih que aí debaixo tem um panaca quenem ieu. Tem uma história inda pior que a minha. Quem sabe seu porra? O tempo se conta que nem moedinha. A diferença é que nem precisa quebrar o porquim. Nem uma fotinha emociona. Cabou tem é hora. Mam Deus. Mam Crito. Cada terço que eu rezo é um filópio. Quequié é isso? Sei lá! Senon non fazia bobão. 
Medo? Tudo tem seu pacotim. Encomenda de guarda. Em águas antigas e novas. Pode ser qualquer coisa. Abreviações de moda. Entojo. Tojo. E seus sutaques. E pronúncias que perderam até a vista. Aqui ó. Paciência tem limites. Com outros bairros. São outros mistérios. Outros tantos. E espantos em letras de sucesso. Quero que quero. Em espanhol ou português arcaico. Ou ainda no popular. Errando ou não se der. Uma nova grafia.
Medo? Candanga de laia ruim se afasta! Tou se afastando de tu canica! Falo errado? Nem... Certim certim é a morte com seus babilaques suas traias seus trecos vindo de mala e cuia. Ninguém esquecem e nem lembra. Batatas e anfins. Vem e pode vir que eu não tou nem aí pra fuzarca. E é a nobreza que chega rebulando os traseiros. Como fala a gringada sobeja: Que vengam los toros!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Procuram-Se


Procuram-se jardins noturnos enfeitados
Das flores mais tristes mais adornadas
São raios de luz vindo de todos os lados
Para a maior das festas feita de nadas

Procuram-se os amantes mais insistentes

Aqueles que vão procurando à exaustão
Que por mais que sejam tais meros doentes
Lhes fala e muito cada um seu coração

Procuram-se principalmente aos loucos

Os que acham graça pelo mundo pela vida
Os que vão fechando eles mesmos aos poucos
Aquilo que chamamos de nossa ferida

Procuram-se os castelos que se formam no ar

As histórias que nos contavam ainda criança
Aquele beijo em que conjugamos o verbo amar
Aquilo que um dia chamamos de esperança

Procuram-se dados que não estejam viciados

Propostas que sejam as mais bem sinceras
Alegrias que explodam luzes por todos os lados
Levando bem longe todas as nossas quimeras

Procuram-se...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Insaneana Brasileira Número 64 - Festa, Infesta, Não-Festa

Como tem pano. E muitas rodas mais que rodas num catiripapo insano. Sem sol por favor. Nem pensar. A realidade que vá pra lá de uma vez por todas. É marco zero. É floresta em movimento. E árvores sem argumentos possíveis. É o drama do drama do drama. E um perfomance zarolho de escapadas magistrais. Adjetivemos o que nunca dá. Rosas e rimas talvez. Sem muitas emoções. As pequenas se transformam em grandiosos nadas. E todos cantam maldições disfarçadas em coisas bonitas. Parecidamente iguais. Como não deveríamos ser. Causa náuseas. Mas existem remédios baratos que nos matam. Pílulas coloridas com o bom açúcar que não podemos tomar. Erramos nos cálculos e como foi bom. Eram os dons sobrenaturais de gurus nordestinos. Aí vem a catapora. E a febre do sarampo com trevas esculturais. Fechem as janelas. Que falte o ar e nos defenda da poeira do tempo. Cada linha mais difícil possível. Eu quero sangue. O sangue das noites que vivem dentro de nós. O sangue dos espelhos partidos em mil cacos. E os esquemas atômicos mais complexos que o brilho pode me dar. Era um tempo em novelas novas que estrearam amanhã e já envelheceram. Não há recordação que seja cem por cento feliz. O passar já nos machuca e muito. Só há vitórias desprovidas de qualquer sentido. O chá fumega nas xícaras e como levamos tempo pra aprender palavras obsoletas. Não existem ocasiões propícias pra grandes previsões. Não que sejamos pessimistas. Ainda rimos como quem dá tiros pra todos os lados. Franco-atiradores em frugal desespero. É irremediável o estado do paciente. Está condenado desde o princípio ao desejo. Desejos são muito maus. Quando acabam levam consigo suas vítimas. Tudo perde a graça. E as miçangas escapolem de suas ricas bijuterias. Eram contas vermelhas e azuis e de outras cores que não me lembro mais. O Paraíso manda lembranças. Nunca iremos pra lá. O relaxamento dos costumes é invisível. E as bundas de fora triunfarão. Tudo é como a maré que não vemos. E que nos leva e leva. O dragão é voraz. E como gostamos do fogo. As coisas que o mestre falou entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Comemos porcarias porque também somos. E um sono dos justos é artificialmente doce. Caem todos os objetos das prateleiras como num passe de mágica. E se não houve festa é porque não deveria ter...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Humanos...


Humanos são humanos
Conforme os planos
Conforme os jeitos
Com seus preconceitos

Não use esta roupa

Está tudo errado
É o vento em popa
Soprando pro lado

Não fale tão alto

Tenha boas maneiras
Não caia no asfalto
Não diga besteiras

Não seja saliente

Não saia do rebanho
Me olhe só pra frente
Não meça o tamanho

Esqueça sua mágoa

Não chame atenção
Essa é a fila da água
Essa é a roupa da estação

O que a regra diz

Obedeçamos cegamente
É fácil ser feliz
Não seja diferente

Essa é sua comida

Esse é o seu partido
Ordem pra ser obedecida
Sem o menor sentido

A guerra vem aí

Pra felicidade geral
Beber até cair
Que hoje é carnaval

Humanos são humanos

Conforme os planos
Conforme os jeitos
Com seus preconceitos...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SobreÂngulos


Olhe quem vai olhar
Olhe quem vai ver
As coisas que tem no mar
As coisas que tem você
Os olhos vendo de lado
As coisas que aí estão
O que estava dando errado
É a nova moda da estação
São vários ângulos distorcidos
São apenas o sim e o senão
E corredores percorridos
Mais dentro da escuridão
Vivemos num ano passado
Quase tão certo como agora
Quem é certo? Quem errado?
Cada ponte com sua escora
Cada cena com seu crime
É isso que estamos vendo
E cada imobilidade exprime
Aquilo que está morrendo
E as cordas estavam tensas
E os acordes estão violados
E as nações estão propensas
À romper os seus tratados
Nas pedras nós dormimos
Nas águas nós sonhamos
Se sempre nós desistimos
É porque nós já acreditamos
Vidros e vidros aos milhares
Contas sem pé e sem razão
Para o alto vão os malabares
Na hora H tem a explosão
E todos nós vamos aos ares
Olhe quem vai olhar
Olhe quem vai ver
As coisas que tem no mar
As coisas que tem você...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...