quarta-feira, 14 de março de 2012

Loucura Em Tom Maior


Enquanto eu fugia, um gato dormia num canto. E o pranto, era tudo que não queria. E hoje em dia, nem sei se quero ou não. E então espero aos poucos a morte. Ou a sorte como os loucos. Em outras rimas de pé quebrado. Esse lado, o outro lado, quem é que vai me dizer? Amar outro amor canalha, juntar as tralhas. Erros e falhas. Guerra e batalhas. Figuras raras. Sobraram somente as caras. Fotografias. Que fogem da luz do dia. Ave Maria! Parado! Ninguém se mexe. Prepare o flash. Capricha naquela pose. Vai ser em close. Vai ser um maior barato. Acorde logo esse gato. Lá vem o rato. O sonho derrota o fato. Não dê bobeira. Dê logo essa saideira. Pelo menos uma delas. Abra as janelas. O sol é meu convidado. Meu Pai amado. Que atura minh'alma escura. E com candura. Ternura que me faltou. Nem sei quem sou. A rosa e o lírio. A lira e o delírio. O destino malfeito. Não tem mais jeito. Causa e efeito. Dá dor no peito. Peito, pá e acém. É o que tem. Pegue esse trem. Me traga ele de boa. Não tem garoa. Não é legal. Eu bebo e passo mal. É o gadernal. É o começo de uma folia. Tou vivo mas quem diria. A mão tá fria. Toda mãe ou é ou já foi Maria. Comia o doce bem na calçada. Que hoje é nada. Só tem estrada. E onde ela vai dar? Último andar. Mas vejam só, mais que merda. O tombo não é a queda. Me beija, me faz carinho. Eu ando meio sempre sozinho. Essa flor também tem espinho. Eu leio mas não entendo. Porque veio já me querendo. E eu entendo se depois me dizer não. Como um ladrão. Dia de cão. É dia de não ter dia. E a lua já vem mais cedo. Prum samba-enredo. O engano não é mais ledo. Me negue Pedro. Que eu vim pra ser negado. Tá tudo errado. Parece que é novela. Deixa sequela. Acabou a cor da minha aquarela. Acenda a vela. Faz logo outra romaria. Foi putaria. Transformar em fogo a brasa. Não sai de casa. Que na rua pode ser assaltado. Na rua, na sua, na lua. Na rua da amargura. Na sua amargura. Na lua sem altura. Me atura. Eu sou assim mesmo. Dando tiros à esmo. Bebendo a vida pra não tê-la. Minha estrela. Por que fugiu de mim? Por que me deixou assim? A história não teve fim. Há flores mortas lá no jardim. Eu tenho Oi e você tem Tim. A gente veio pro desencontro. Esse é o confronto. Essa é a luta. Filho-da-puta. Feche as janelas. Lá vem a bela...

domingo, 11 de março de 2012

Não Se Enganem, Senhores, Não Se Enganem


Não se enganem, senhores, não se enganem. Os versos que eu faço, não podem ser lidos com bons olhos, porque nunca virão da mente, mas do coração. E lá, senhores, habita um demônio que recusa em ser deus, desde muitas eras. E lá, senhores, habita um anjo que recusa ter asas, desde que sonhou. Ser ele for deus, não terá mais lágrimas que o inspire, e se tiver asas, seus pés não mais sangrarão.

Não se enganem, senhores, não se enganem. Nenhuma realidade pode ser vista com os olhos e nenhum sentimento pode ser expresso com palavras. A vida é um pesadelo que cada manhã começa e o desejo é um cão que te lambe as mãos. Não tenham pressa de nada, o tempo e o destino são irmãos gêmeos de mães diferentes.

Não se enganem, senhores, não se enganem. As flores são as únicas que não morrem. O som é mais sólido que as torres gêmeas. Os verdadeiros juízos se escondem atrás do vidro e mesmo que os veja, serão eles sempre distorcidos.

Não se enganem, senhores, não se enganem. Há muitas feridas que nunca cicatrizarão e isso é muito bom. Há muitas piadas que primam por seu mau-gosto e para isso nasceram. Há muitos versos mais violentes do que estes e em compensação mais ingênuos são. Tudo que tem um objetivo acaba, mas os dançarinos às vezes continuam festejando mesmo depois do fim da festa.

Não se enganem, senhores, não se enganem. Você que pediu o elixir da longa vida vai se arrepender. Você que assustou os pássaros beberá do mesmo sol. E você que ouve apenas palavras não moverá um músculo sequer. Você que quer os dedos perderá os anéis. E até a falta de rima será o invés.

Não se enganem, senhores, não se enganem. Porque há poesia, aí ela falta. Porque há expectativa, os cálculos todos falham. Porque hoje fiz o medo, amanhã ele mesmo será meu amigo. E todos, sem exceção alguma verão o fim de uma grande festa.

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...